A Audi está de despedida do Mundial de Endurance e de Le Mans. Depois de 18 anos, a montadora alemã está de saída do certame dos esportes-protótipos. Foram dois títulos mundiais, 107 corridas vencidas e 13 vitórias em Le Mans. E para festejar, a Audi Sport, na sua sede em Neuberg, colocou o primeiro e o último protótipo construído na pista: o R8R e o R18. E o tema deste texto é justamente esses dois bólidos que, apesar de não terem sido os carros mais vitoriosos da marca nesses 18 anos, foram históricos por marcarem o início e o fim.

Audi R8R - O início da aventura

O R8R começou a ser desenvolvido em 1997, quando a Audi já estudava ingressar nas 24 horas de Le Mans. Tinha um motor V8 biturbo 3.6L que gerava 600cv. O primeiro protótipo foi apresentado em 1998. Porém, só estreou nas 12 horas de Sebring de 1999, conquistando terceiro e quinto lugares.

Para Le Mans, a Audi desde quando inciou seu projeto teve a perspectiva de preparar seus carros de forma bastante intensa para a clássica corrida, mudando consideravelmente várias partes dos seus carros, em especial a aerodinâmica. Por isso, o R8R sofreu várias alterações para a corrida em Le Mans, afim de melhorar sua velocidade final.  A lataria da frente estava mais evoluída, com um sidepod mais amplo e curvo a ser utilizado. Os dutos NACA, que serviam para refrigerar o motor, também foram substituídos por uma entrada de ar vertical saindo do pára-choque lateral. A cauda também foi encurtada, e elementos aerodinâmicos foram adicionados ao estilo do sidepods.

Quanto à prova, a Audi correu com dois R8R e mais dois R8C. Enquanto os dois R8C não conseguiram completar a prova, os dois R8R usaram a sua principal arma, a confiabilidade, para conquistar posições, depois de terem largado de oitavo e décimo primeiro, e chegar em terceiro e quarto. 

Apenas 5 R8R foram produzidos. Dois que correram em Sebring, os dois que correram em Le Mans, e um que correu algumas provas do American Le Mans Series, substituindo o seu sucessor, Audi R8, que se preparava para as 24 horas de Le Mans de 2000.

Audi R18 - O fim inesperado, mas glorioso

 Depois de 18 anos, a Audi chegaria a sua última temporada e todos mal esperavam que seria a última. Depois da reformulação no regulamento LMP1 em 2014, a Audi teve muita dificuldade para lidar com a eficiência energética, sugerida pelo regulamento, enquanto seus rivais, Porsche e Toyota, se saíram muito melhor incialmente. No entanto, para 2016, a Audi mais uma vez revolucionou o R18, protótipo usado pela marca desde 2011. Desde quando inciou sua aventura com carros híbridos em 2012, a montadora alemã usava a tecnologia e-tron quattro, a qual se baseava no uso do sistema flywheel para recuperar energia originada das frenagens. O último carro sofreu mudanças no sistema híbrido. O flywheel foi abandonado, e as baterias de íons-lítio(seria um ERS, de forma mais gritante). Devido a isso, o carro saiu da subclasse dos 4MJ e subiu para a de 6MJ, podendo usar mais energia, logo mais potência, durante cada volta nas corridas.

Para Le Mans, a Audi novamente criou uma versão de baixo arrasto para o R18, que se caracterizava, sobretudo, pela frente mais alongada, a qual lembrava ligeiramente o inovador Nissan GT-R LM Nismo. Mas. o carro não era tão eficiente quantos nos anos anteriores, ficando como mero coadjuvante na luta pelo título das 24 horas de Le Mans em 2016.  

Entretanto, por mais que não tivesse o sucesso esperado em Le Mans, o mesmo não pode ser dito nas outras corridas. O R18 sempre esteve lutando pela vitória nas corridas de 6 horas. Em Silverstone, chegou a vencer, mas foi desclassificado por irregularidades no assoalho. Em Spa-Francorchamps, vitória incotestável. Nas outras provas do Mundial de Endurance, como Nurburgring, Austin, Cidade do México, Fuji, a vitória ficou no "quase", devido a problemas mecânicos e causalidades de corrida como, safety cars que atrapalharam as estratégias de corrida do time.

Só que a sua última corrida foi digna e condizente com sua história. A Audi venceu a prova com dobradinha e um "Adeus" em pista histórico.

Definitivamente, a Audi fará falta no Mundial de Endurance, não só pelos seus belos carros, mas também por sua força em incentivar o WEC e pelo espírito esportivo, até reconhecido pelas suas rivais, Porsche e Toyota.  E, com certeza, o único desejo que fica é o do retorno da marca das quatro argolas de Ingolstadt.