Direto de Porto, Portugal

O torcedor brasileiro que acompanha os compatriotas nacionais dentro do circuito mundial do tênis tem reparado em um jovem que vem, desde o ano passado, crescendo rapidamente no ranking da ATP. Começou em agosto, lá nas últimas posições e agora se aproxima do top 300, sempre fazendo boas campanhas nos torneios de nível Future e Challenger. O novo nome do tênis brasileiro é o #332 Gabriel Décamps, atual número 8 do país. 

Durante essa semana, o brasileiro, que está disputando o Challenger do Porto, conversou com exclusividade com a VAVEL e contou um pouco sobre a sua, ainda curta carreira, seu ótimo momento no circuito, sua ascensão rápida e suas raízes com o Brasil.

Quem é Gabriel Décamps?

Nascido em São Paulo, ele começou a praticar tênis aos seis anos de idade. Morou na capital paulista até os 18 anos e se mudou para os Estados Unidos, onde estudou e jogou no circuito universitário pela University Central Florida por quatro anos. O paulista conta um pouco do seu amadurecimento morando em terras americanas.

"Fiz quatro anos de faculdade nos EUA. Cresci como pessoa, amadureci muito, me formei e comecei a me profissionalizar em meados de maio. Mas jogar oficialmente, só em agosto. Agora estou desfrutando do circuito."

Filho de pai francês e de mãe alemã, Gabriel já tem nacionalidade e passaporte francês, o que facilita bastante a entrada e migração de países dentro da União Europeia para jogar diferentes torneios. Ele tem outras três irmãs, duas que nasceram em Paris e uma nascida em São Paulo. E todas, fãs da bola amarela. Ele conta que, mesmo com ligações com países europeus e estudando fora do Brasil, tanto Gabriel, como seus pais, são apaixonados pela terra natal.

"Meus pais amam o Brasil. Moram até hoje em São Paulo. Eles tem um carinho muito grande pelo Brasil. Como eu tenho um carinho muito grande pelo Brasil. É o meu país! Amo as pessoas de lá!"

Foto: Porto Open
Foto: Porto Open

Décamps também aproveitou para falar do clima em território português. Como o país está no auge do verão, as temperaturas ficam entre 30 e 35 graus durante o dia.

"O clima aqui em Portugal está espetacular. Me sinto em casa aqui, ainda mais falando português. A comida também dá uma ajuda...um arroz e feijão aqui, ali, também dá para lembrar de casa."

Após a sua graduação em Human Communication, Gabriel iniciou sua trajetória no circuito da ATP no ano passado, em agosto, com zero pontos. A cada semana, nos futures, ganhou seus pontos e foi crescendo no ranking até começar a já a jogar os Challengers, torneios com melhores jogadores e com um nível bem maior. Na reta final de 2021, teve como o seu melhor desempenho, chegando as semis no Challenger do Rio de Janeiro e terminou o ano na posição 500. Em outubro, ele conseguiu seu primeiro troféu de future, ao conquistar o ITFM15 de Sharm El Sheikh, no Egito.

"Ano passado foi muito bom. Comecei com zero pontos em Agosto e tinha acabado de me formar na faculdade. Nos futures, foi muito bem e muito sólido. Graças a deus, eu acabei passando essa etapa e agora estou jogando mais Challengers, que é muito mais duro. Ainda tenho muita coisa para melhorar para, quem sabe, ganhar um Challenger ou me por ali entre os 250. É jogando este tipo de torneio que você vai melhorando. Aqui na Europa tem muitos jogadores bons que jogam esse tipo de torneio, que onde eu tenho que estar e onde tenho que jogar."

Em 2022, sua ascensão nas simples continuou. Aos poucos, semana a semana, Décamps vem escalando o ranking. Durante esse período, em um torneio, conseguiu seu primeiro título de Challenger. Só que foi nas duplas. Em meados de maio, na cidade de Shymkent, no Cazaquistão, ele levantou seu primeiro troféu desse nível ao lado do suíço Antoine Bellier.

Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Nas simples, seu principal foco, continuou a avançar para as fases importantes dos torneios e que sempre geravam pontos no ranqueamento da ATP. De 500, foi para 400. E agora, vive seu melhor momento na carreira. Em menos de um ano no circuito, está na posição 332 e, só por ter furado o quali no Porto, já avança sete colocações. Ou seja, já terá o seu melhor ranking na próxima atualização. Ele conta que a quadra dura, piso do torneio português, é a sua preferência, apesar de ter tido bons desempenhos recentes no saibro.

"Meu piso favorito é a quadra dura. Joguei quatro anos nos Estados Unidos, quatro anos só na dura. Não pude jogar muito no saibro, então meu jogo é mais para a quadra dura. Mas nos últimos dois Challengers que joguei, que foram no saibro, consegui ir bem, tendo boas vitórias e melhorando meu jogo no saibro."

De uma forma madura, responsável e humilde, Décamps ao falar de projeções para o futuro, disse querer focar mais no presente do que pensar aonde pode chegar. Sabe que a estrada é longa, mas que se deve pensar dia após dia.

"Em relação a projeção, eu não sou um cara que me projeto muito.  Prefiro focar em um dia de cada vez, tentar melhorar meu jogo a cada dia e dar o meu melhor todo dia e o mais importante é desfrutar. As vezes, pensamos muito no futuro mas não vivemos o presente. Então, eu tenho essa mentalidade e espero que no final do ano, possa estar entre os melhores dentro do que eu penso."