Em linhas gerais, evolutivo. O ano do vôlei no Brasil foi dotado de momentos de vitória com algumas entrelinhas turbulentas, porém é inegável que foi um ano acima da média. Tanto em termos de clubes, quanto em seleções, no masculino e no feminino, o país mostrou uma melhora não simplesmente técnica, mas psicológica, com perfil vencedor.
Se a seleção masculina decepcionou ao perder para a Rússia na final da Liga Mundial, se recuperou no decorrer do ano, voltando a mostrar um bom jogo, faltando talvez apenas um repertório maior de jogadores, o que o time feminino mostrou ter de sobra. No ano que sucedeu o ouro olímpico, novas jogadores foram testadas, outras experientes ganharam nova chance, a assim Zé Roberto Guimarães consolidou um grupo pra lá de capacitado.
Ainda na quadra, o vôlei nacional viu dois times do Rio de Janeiro serem campeões da Superliga 2012/2013, deixando os também fortíssimos Sada Cruzeiro (masculino) e Sollys/Nestlé (feminino) pra trás. Enquanto isso, na praia, os homens se deram bem em um ano de adaptação às novas normas internacionais de competição.
Confira o melhor do ano do vôlei nas linhas a seguir:
Choque e sequência de um trabalho no masculino
O ano de fato começou para o time masculino do Brasil quando Bernardinho confirmou a informação de que continuaria no comando da equipe, pelo menos até 2016. Ary Graça, então presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), desde o ano passado bancou a presença do técnico, que entretanto ainda havia dado um sinal positivo, que só foi sinalizado em abril deste ano.
Bernardinho permanecerá na seleção brasileira masculina até 2016 (Foto: Reprodução)
No grande compromisso do ano veio o que foi muito provavelmente a grande derrocada do esporte na temporada: o Brasil perdeu a Liga Mundial de forma constrangedora para a Rússia. Não somente pela exibição de gala dos adversários, mas principalmente pela apatia do time em quadra, o que proporcionou também um sinal de alerta, até mesmo um dos fatores para a melhora no desempenho do time no restante do ano.
Dante bem que tentou, mas não foi páreo ao paredão russo na final da Liga Mundial (Foto: Divulgação/CBV)
Novos grandes carrascos brasileiros, os russos esmagaram o Brasil por 3 a 0 em Mar del Plata, na Argentina. Bruninho, até então um dos grandes nomes brasileiros desde que se consolidou na seleção, decepcionou bastante e foi um dos mais apagados de um time repleto de erros na decisão.
O mês de agosto contou com o triunfo no Sul-Americano, e mais do que isso, a garantia de uma vaga no Mundial do próximo ano. Soberano no torneio, com 29 dos 30 títulos já disputados, o Brasil bateu a Argentina na final da competição disputada em Cabo Frio (RJ). Com boas atuações, Lucarelli, Vissotto e Wallace foram os principais nomes da conquista brasileira, amenizando também o fracasso na Liga Mundial.
O título da Copa dos Campeões reforçou a tese de que o time segue em franca evolução. Com jogadores como o líbero Mário Jr., o central Lucão, o oposto Wallace e o levantador e capitão Bruninho no alto de sua forma, o Brasil chegou ao seu quarto título em seis edições do torneio. Para ser campeão, o time de Bernardinho teve que passar por Irã, Estados Unidos, Rússia, Japão, antes de vencer a Itália por 3 a 2 na decisão.
Seleção masculina comemora redenção conquistando o título da Copa dos Campeões (Foto: Divulgação/CBV)
Mas o destaque no lado masculino talvez nem fique entre os profissionais, e sim no sub-23 do Brasil, que se sagrou campeão do primeiro Mundial da categoria, disputado em outubro deste ano em Uberlândia-MG. Apesar dos erros e dificuldade para chegar ao título, o time mostrou que nomes como Lucarelli e Rafael devem confirmar a expectativa e logo se firmar na seleção principal.
No feminino, alegria em cinco fases
Mais uma vez o time de Zé Roberto Guimarães foi sublime em quadra. A seleção brasileira feminina de vôlei venceu todos os cinco torneios que disputou (Montreux, Alassio, Sul-Americano, Grand Prix e Copa dos Campeões) e encerra com 100% de aproveitamento o ano que sucedeu a medalha de ouro olímpica em Londres. Mantendo a base e evitando um possível relaxamento, mais uma vez foi mostrado o que se tinha de melhor.
A série de títulos começou com a conquista do Montreux Volley Masters, torneio disputado na Suíça no início do mês de junho. A seleção bateu a Rússia na final para conquistar o hexacampeonato do torneio de forma invicta, e sem perder um único set. Poucos dias depois, na Itália, mais um torneio conquistado, o de Alassio, vencendo as donas da casa na decisão.
O Brasil contou, principalmente, com as atuações inspiradas da ponteira Fernanda Garay, uma das quatro remanescentes do título olímpico, junto a Adenizia, Dani Lins e Tandara. Por outro lado, a surpresa ficou por conta das convincentes aparições da líbero Camila Brait, que substituiu a experiente Fabi e não decepcionou. A ponteira Priscila Daroit, um dos nomes que surgem para brigar pela titularidade em 2016 também ganhou espaço, apesar de ofuscada por Garay.
Líbero Fabi foi eleita melhor líbero do Grand Prix (Foto: Divulgação/CBV)
As novas jogadoras convenceram tanto que ganharam a chance de começar jogando no Grand Prix. Com as mais experientes entrando somente na fase final do torneio, a responsabilidade se dividiu e as novatas puderam mais uma vez no ano mostrar serviço. Em Sapporo, no Japão, a vitória fácil sobre a China por 3 a 0 deu então o terceiro título brasileiro no ano, ainda no início de setembro. A levantadora Dani Lins foi o destaque do torneio.
Valendo vaga no Mundial da categoria, o Brasil não encontrou dificuldades para, ainda no mês de setembro, conquistar o Sul-Americano. Jogando com seriedade, as meninas do Brasil garantiram com antecedência o título do fraco torneio continental, vencendo todos os cinco jogos disputados. Mais uma vez a ponteira Fernanda Garay foi quem se sobressaiu.
Seleção feminina teve ano perfeito, com cinco títulos em cinco disputados (Foto: Divulgação/CBV)
O ano praticamente perfeito foi encerrado com o título da Copa dos Campeões. Com a presença de jogadoras que não eram convocadas há quase quatro anos e outras que despontaram recentemente, o Brasil conquistou o bicampeonato do torneio. O título veio após vitória tranquila sobre o Japão por 3 a 0, coroando o ano de vitórias. Mais uma vez a líbero Camila Brait apareceu bem, com defesas importantes, ajudando a seleção a se sagrar campeã.
A imagem que fica é que, passado o título em Londres, Zé Roberto Guimarães, campeão do título Brasil Olímpico em 2013 como melhor técnico, conseguiu não só evitar que o time declinasse, mas que aliás melhorasse seu rendimento. O que parecia ser o fim de uma era ganhou sobrevida, e agora o treinador tricampeão olímpico tem um leque muito grande de opções, visando não só vencer na Olimpíada, mas tudo o que aparecer pela frente.
Ano de adaptação na areia
Para o vôlei de praia este foi um ano atípico: com o novo sistema de seleções, as vagas para as competições passaram a ser das Confederações, e não mais dos atletas, que antes garantiam suas vagas através do ranking mundial. Pelo menos por enquanto, os brasileiros parecem não ter sofrido os impactos da mudança. Treinados por Letícia Pessoa, os principais resultados vieram por meio das duplas masculinas.
Bruno Schmidt foi um dos destaques do ano no vôlei de praia (Foto: Divulgação/CBV)
Logo no início do ano, Alison/Emanuel, medalhistas olímpicos em Londres, foram campeões na World Cup Final, em Campinas-SP. Bruno Schmidt/Pedro Solberg chegaram à final do Circuito Mundial. Sem contar Ricardo/Álvaro Filho, que ficaram em segundo no Campeonato Mundial, disputado na Polônia.
Ao todo, foram 13 medalhas para a seleção brasileira nesta temporada, sendo cinco de ouro, quatro de prata e quatro de bronze. Um saldo positivo, visto que as mudanças foram drásticas em relação aos últimos anos.
Cariocas em alta na Superliga
Com times de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o torneio masculino - que chegou a sua 19ª edição nos moldes atuais - viu os cariocas do RJX vencerem seu primeiro título desde sua fundação, em 2011. Treinado por Bernardinho, o time que conta com Lucão e Thiago Alves como principais destaques venceu o Sada Cruzeiro na decisão.
Com apenas três derrotas em todo o torneio, duas na primeira fase, para APAV Canoas e Sesi-SP, e outra na segunda partida da semifinal contra o Vivo/Minas o time superou o leve favoritismo do Sada Cruzeiro na decisão e venceu por 3 a 1. Mesmo derrotado, a equipe mineira também chamou a atenção, com o melhor atacante da competição, Leal, o melhor levantador, William, e o dono da melhor defesa, o veterano Serginho.
Jogadores comemoram primeiro título da franquia do RJX na Superliga Masculina (Foto: Divulgação/CBV)
Se no masculino o vencedor foi carioca e estreante no alto do pódio, no feminino, que também teve cariocas comemorando, o título foi para um grupo bem experiente na Superliga: o Unilever chegou ao seu oitavo título do campeonato nacional, confirmando seu domínio absoluto na categoria.
Soberanas, as meninas do Rio de Janeiro se recuperaram do vice na temporada anterior, quando forma derrotadas na final pelo Sollys/Nestlé, de Osasco-SP, vencendo justamente o time paulista na decisão, por 3 a 2. Fofão e Juciely lideraram a campanha vitoriosa do Rio.
Unilever conquista pela oitava vez a Superliga (Foto: Divulgação/VIPCOMM)