Na vida, e muito especialmente no futebol, muitas vezes o sucesso chega numa questão de sentido de oportunidade. Foi esse o caso de Victor Lindelof, um nome que até ao final de Janeiro era completamente alheio a grande parte dos adeptos do Benfica que, num ápice, passaram a conhecer este jovem defensor, que não tremeu perante a responsabilidade e agarrou a oportunidade que lhe foi concedida.

Lindelof representa uma evidência que há muito era anunciada, mas que nos tempos mais recentes tem mesmo sido colocado em prática - a aposta dedicada na formação e especialmente o acompanhamento próximo desde os escalões mais jovens no clube encarnado, que deixam indiciar que a ‘porta’ não se fechou. Antes pelo contrário.

É evidente que a entrada do campeão europeu de sub-21 na equipa titular do Benfica teve o seu ‘quê’ de sorte e apenas se deu a uma rara coincidência de azares no eixo defensivo das águias - de uma assentada o Benfica viu-se sem dois internacionais como Luisão e Lisandro Lopez, acabando por ficar ‘apenas’ com Lindelof, que mostrou a partir daí ser um ‘apenas’ muito valioso e tão eficiente quanto os companheiros que durante meses a fio o 'taparam’.

Foto: Facebook do SL Benfica
Foto: Facebook do SL Benfica

Para além da sorte que teve e da competência que demonstrou, Lindelof e a sua qualidade exibicional conduzem a uma valorização especial para Rui Vitória, que poderia perfeitamente ter requisitado a contratação de mais um central nos últimos dias do mercado invernal, ao invés de lançar o jovem sueco 'às feras’. No entanto, confiou, apostou e ganhou, dando também razão a Luís Filipe Vieira quando no final da época passada optou por mudar.

Estreia na Liga tinha decorrido há duas épocas - de anónimo pode passar a bicampeão

Nessa altura, o presidente encarnado colocou fim a uma relação que chegou mesmo a ser fraternal com Jorge Jesus, ultrapassando as barreiras 'patrão - funcionário’. Luís Filipe Vieira acabou mesmo por entrar numa disputa directa com o antigo treinador que orienta agora o grande rival Sporting, discutindo ponto a ponto o título nacional com Rui Vitória a liderar o Benfica, enquanto treinador com o intuito de apostar nos talentos da casa. 

Recorde-se que foi… Jesus quem lançou o jovem, agora conhecido por Iceman, na equipa principal encarnada - e logo no Dragão para defrontar o FC Porto, na última jornada de uma Liga na qual o Benfica já jogava como campeão nacional, e numa partida onde Lindelof actuou como lateral direito.

Hoje, mais experimentado, o defensor nórdico tem a possibilidade de se sagrar bicampeão caso as águias conquistem o tri - desta feita, faria parte da comitiva a ser recebida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, nos Paços do Concelho, como não sucedeu há duas épocas.

Foto: Facebook do SL Benfica
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Eliminatória da Champions diante o Zenit apresentou Lindelof à Europa futebolística

Desengane-se, no entanto, quem pensa que o Benfica abandona o mercado internacional e os elevados investimentos: a contratação de André Carrillo, numa 'farpa’ ao rival num processo que apenas agora parece envolver o bom senso de todos os envolvidos, prova isso mesmo. No entanto, a regra passará a ser ditada pelo lançamento de jogadores que procurarão seguir o exemplo de Victor Lindelof.

Lindelof pode dedicar-se a ser uma trademark deste Benfica e do trabalho de Rui Vitória no lançamento dos jovens que revelarem maior prontidão para servir a equipa no imediato e no futuro. E isto porquê? Principalmente pela resposta que o sueco deu, em especial em cinco ocasiões muito aproximadas pelo calendário: clássico na Luz frente ao FC Porto e ante o Sporting em Alvalade, que valeu a recuperação da liderança da Liga para as águias, e os dois encontros ante o Zenit.

Foto: Facebook do SL Benfica
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Foi mesmo na Liga dos Campeões que mais brilhou: primeira mão na qual contribuiu para que a equipa não tenha sofrido golos no Estádio da Luz, sendo mesmo uma das figuras da partida, e uma segunda na qual formou uma altamente improvável dupla de centrais com Andreas Samaris. Tudo somado, duas excelentes vitórias para a turma encarnada - dois encontros de grau de exigência máximo, a juntar à igualmente complicada deslocação a Alvalade.

Por todos estes motivos, mesmo Lisandro prestes a regressar e Luisão cada vez menos distante do retorno, Lindelof mostra que veio para ficar e tão cedo não perderá o lugar que defendeu com todo o mérito. Aliás, com o castigo a Jardel na deslocação ao Boavista, o jovem que chegou ao Benfica ainda júnior desde a longínqua Suécia poderá novamente ser chamado a liderar o sector. Mais uma oportunidade para cimentar a titularidade até ao final da época e mostrar ao técnico que, mesmo com o regresso de Lisandro e Luisão, Lindelof será sempre a melhor opção. 

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