O Mundial de 2006, realizado na Alemanha, foi memorável para todos os Portugueses. Comandados por Luiz Felipe Scolari, na altura campeão em título (pelo Brasil em 2002), os jogadores Portugueses fizeram lembrar Eusébio e Companhia e terminaram a prova em 4º lugar.

Autoestrada em direcção à Alemanha

O caminho da selecção das Quinas até ao Mundial decorreu sem qualquer sobressalto. Na fase de qualificação, Portugal enfrentou, no grupo 3, selecções teoricamente mais fracas, a saber Estónia, Eslováquia, Letónia, Liechtenstein, Luxemburgo e Rússia. Nos 12 jogos de qualificação, Portugal somou 9 vitórias e 3 empates (Liechtenstein, Rússia e Eslováquia), o que lhe permitiu terminar em primeiro classificado, com 30 pontos e com a qualificação directa para a competição maior do mundo do futebol. Pauleta, o avançado natural dos Açores, terminou a fase de grupos como melhor marcador, tendo feito balançar as redes adversárias por 11 vezes.

Os 23 conquistadores

A convocatória de Luiz Felipe Scolari trouxe poucas surpresas àquilo que se esperava. Vitor Baía (que nunca foi opção para Scolari), João Pinto e Quaresma foram as principais ausências e Bruno Vale, Ricardo Costa e Hugo Viana as principais surpresas no lote final de 23 jogadores.

Guarda-Redes: Ricardo (Sporting), Quim (Benfica) e Bruno Vale (Estrela de Amadora)

Defesas: Paulo Ferreira (Chelsea), Nuno Valente (Everton), Miguel (Valência), F.Meira (Estugarda), Ricardo Carvalho (Chelsea), Caneira (Sporting) e Ricardo Costa (Porto)

Médios: Petit (Benfica), Tiago (Lyon), Costinha (Dínamo Moscovo), Simão Sabrosa (Benfica), Maniche (Chelsea), Hugo Viana (Valência), Figo (Inter), Deco (Barcelona), Cristiano Ronaldo (Manchester United) e Boa Morte (Fulham)

Avançados: Pauleta (PSG), Nuno Gomes (Benfica) e Hélder Postiga (Saint-Etienne)

Fase de grupos irrepreensível

Na quarta participação Portuguesa num Mudial, o destino ditou que a selecção iria defrontar Angola, Irão e México. Um pouco à semelhança do que se passou na fase de qualificação, a fase de grupos foi feita com muito conforto, tendo Portugal arrecadado 3 vitórias em tantos outros jogos. No primeiro jogo, em Colónia, frente à antiga colónia Portuguesa (Angola), Pauleta abriu o marcador logo aos 4 minutos. Após fantástica jogada de Figo, o Açoreano apenas teve de encostar. Até ao fim do jogo, Portugal dispôs de mais uma série de ocasiões, através de Pauleta e Ronaldo, mas não conseguiu dilatar a vantagem.

No segundo jogo da fase de grupos, Portugal mediu forças com a selecção Iraniana, em Frankfurt. Ao contrário do jogo com Angola, Portugal sentiu dificuldades para quebrar a defensiva do Irão e apenas marcou ao minuto 63, por intermédio do Mágico Deco, com um forte remate à entrada da área. A selecção Iraniana ainda dispôs de uma oportunidade soberana de golo mas quem acabou por marcar foi Portugal, por intermédio de Cristiano Ronaldo, na conversão de uma grande penalidade.

No terceiro e último jogo de qualificação, Portugal, já com a qualificação garantida, media forças com o México. A selecção das Quinas entrou a matar no jogo e logo aos 6 minutos, Maniche rematou forte e colocado, após passe de Simão, e assinou um grande golo. Os mexicanos não se esconderam e tentaram responder mas foi Portugal quem acabou por fazer o segundo golo da partida, com Simão a converter um penalty aos 24 minutos. O México voltou a carregar sobre a defensiva Portuguesa e Kikin Fonseca (representou as Águias) apontou, de cabeça, o 2-1, aos 30 minutos. Já na segunda parte, Miguel, com uma entrada descuidada cometeu penalty mas o Mexicano Bravo foi incapaz de converter o castigo máximo e o resultado final acabou em 2-1.

Depois de uma fase de qualificação irrepreensível, em que Portugal apontou 5 golos e sofreu apenas 1, seguiam-se os oitavos de final, onde Portugal mediria forças com a Holanda.

O jogo feio que sorriu a Portugal

Um dos jogos mais aguardados dos oitavos de final do Mundial da Alemanha acabou por se transformar num autêntico campo de batalha. Logo aos 2 minutos de jogo, o árbitro Russo admoestou Van Bommel com o amarelo e a partir deste momento, foram quase mais os minutos em que o jogo esteve parado do que aqueles que foram jogados. Entradas duras sucediam-se de parte a parte mas no entanto, a sorte acabou por sorrir a Portugal. Aos 23 minutos, Maniche, num momento de pura inspiração, tirou do caminho dois adversários e disparou, sem hipóteses para Van der Saar, para o fundo das redes. Mais uma vez, Maniche marcava um golo à Laranja Mecânica em fases a eliminar. Até ao fim do jogo a Holanda teve mais e melhores oportunidades para empatar a partida mas não conseguiu concretizar. Para a história ficou a vitória Portuguesa, 16 cartões amarelos e 4 cartões vermelhos.

Inglaterra era quem se seguia

Nos quartos de final, tal como tinha acontecido no Euro 2004, Portugal ia medir forças com a selecção Inglesa. Os primeiros 45 minutos do jogo quase que tiveram um sentido único. Portugal entrou determinado a facturar primeiro mas não conseguiu traduzir em golos a vantagem espelhada no campo. Face ao desgaste da equipa Lusa, os Ingleses acreditaram e fizeram sofrer Portugal, até ao momento em que Rooney foi expluso, por agredir Ricardo Carvalho. O nulo registou-se ao fim dos 90 minutos e seguia-se o prolongamento. Postiga chegou a introduzir a bola na baliza de Robinson mas o golo foi anulado, por posição irregular. Sem grandes oportunidades no tempo extra, o jogo seguiu então para pénaltis. À semelhança daquilo que aconteceu em 2004, Ricardo voltou a ser herói, ao parar as grandes penalidades de Lampard, Gerrard e Carragher, depois de Simão, Postiga e Ronaldo terem feito balançar as redes Inglesas. Portugal estava, 40 anos depois, apurado para as Meias-Finais do Mundial.

Desta vez com luvas, mas com o mesmo desfecho que em 2004. (Fonte: FIFA)

Uma vingança não consumada

As meias-finais do Mundial de 2006 ditaram um França-Portugal. Ainda com o sabor amargo da derrota polémica nas meias do Euro 2000, os Portugueses queriam vingar a derrota e qualificar-se para a final da competição mais importante do Mundo, pela primeira vez na sua história. Portugal, mais uma vez entrou muito bem no jogo, chegando com algum perigo à baliza de Barthez. No entanto, viu as suas aspirações sofrerem um forte revés quando o Uruguaio Larrionda apontou para a marca do castigo máximo, após considerar faltosa a acção de Ricardo Carvalho sobre Henry. O astro francês Zidane não perdoou e apontou o 1-0 para a selecção Gaulesa. Ainda durante a primeira parte, os Portugueses reclamaram uma grande penalidade de Sagnol sobre Cristiano Ronaldo mas o árbitro da partida nada assinalou. Durante a segunda parte, Portugal tentou, com mais coração que razão, chegar ao empate mas a sorte não sorriu à selecção Lusa. O fado da selecção traçava mais uma eliminação polémica frente a França.

O jogo de consolação

No jogo que tinha como objectivo atribuir o terceiro e quarto classificado do Mundial, Portugal ia defrontar a anfitriã Alemanha, eliminada pela Itália na outra meia final. Já mentalmente e físicamente devastada, a selecção não ofereceu grande luta aos Germânicos. Os Alemães bateram Portugal por 3-1 com dois golos de Schweinsteiger (bateu Ricardo de meia distância 2 vezes) e um auto-golo de Petit, após cruzamento de Schweinsteiger. O golo de Portugal foi apontado por Nuno Gomes, já muito perto do apito final. A selecção Portuguesa terminava então a sua participação no Mundial da Alemanha no 4º Lugar.

O médio foi a figura do jogo ao apontar 2 golos. (Fonte: Lusa)

O Mundial de 2006 foi inesquecível para todos os Portugueses. A selecção das Quinas atingiu, 40 anos depois, a meia final do Mundial e terminou em 4º lugar, a segunda melhor prestação de sempre. A garra e determinação dos jogadores e equipe técnica conquistou o povo Português e a prova foi a recepção em apoteose aos Heróis de 2006, em pleno Aeroporto da Portela e Estádio Nacional.

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