Gianfranco Zola nasceu a 5 de Julho de 1966 em Oliena, na região da Sardenha, Itália e foi no Corrasi Oliena que fez a sua formação enquanto jovem no início dos anos 80. Em 1984 com 18 anos assinou o seu primeiro contracto profissional pelo Nuorese que militava na quarta divisão italiana, onde esteve por duas temporadas fazendo 31 jogos e marcando 10 golos. Este registo valeu-lhe a mudança para o Torres também ele da mesma divisão, onde na época de estreia conquistou o seu primeiro título ao vencer a Serie C-2, estando ligado ao clube até 1989 jogando 88 partidas e apontando 21 golos.

De Nápoles para Parma

As boas exibições de Zola depressa chegaram aos ouvidos dos principais emblemas transalpinos, e em 1989 o Nápoles recebeu-o numa equipa onde Diego Maradona era «Rei». De resto o médio italiano referiu mais tarde numa entrevista ter aprendido tudo o que sabe sobre o futebol com «El Pibe», como por exemplo a técnica na marcação de livres algo em que se tornou exímio ao longo da sua carreira. No primeiro ano ao serviço da equipa napolitana, Zola fez apenas sete jogos e marcou dois golos o suficiente para fazer parte da conquista do scudetto e no início da temporada de 1990-1991 novo título com o triunfo na Supertaça ao esmagar a Juventus por 5-1.

Zola vence o seu único campeonato em Nápoles (Foto: dagospia.com)

Em 1991 Maradona caía nas malhas do doping devido ao consumo de cocaína e foi então que a oportunidade surgiu para Zola, que assumiu o meio-campo e a titularidade na equipa. O problema é que a suspensão do astro argentino levou o Nápoles a uma crise de títulos, mas pior ainda a graves problemas financeiros ao ponto de ter que vender os seus jogadores mais importantes, entre os quais estava Zola.

Foi então que no ano de 1993, o italiano se mudou para Parma. Ao serviço dos gialloblù, Zola chegou e venceu logo a Supertaça Europeia que naquela época ainda era jogada em duas mãos. O adversário foi o AC Milan, que até ganhou o primeiro jogo no Enio Tardini por 0-1 mas seria surpreendido em San Siro perdendo por 0-2. Em 1995 nova conquista internacional ao bater a Juventus na Taça UEFA, com um triunfo por 0-1 em Turim bastando o nulo no segundo encontro em Parma para garantir o título. No entanto e de forma contraditória apesar de ser um titular indiscutível, o técnico Carlo Ancelotti não o via capaz de integrar o seu sistema táctico e colocava Zola a jogar fora da sua posição habitual de médio criativo. Tudo isto aliado às chegadas em 1996 de Hérnan Crespo e Stoichkov ao clube levaram o médio a mudar-se para fora do seu país.

O pequeno-gigante azul

O Chelsea pagou então ao Parma quase 6 milhões de euros pelo passe de Gianfranco Zola e foi em Stamford Brigde que o médio mostrou então toda a sua magia. Mesmo com época já a decorrer a sua técnica e golos depressa lhe valeram um lugar na equipa londrina, que culminou com a conquista da Taça de Inglaterra perante o Middlesbrough por 2-0, naquele que foi o fim de um jejum de 26 anos sem qualquer título por parte dos blues. No final da época Zola foi considerado o melhor jogador do campeonato, sendo o primeiro a vencer tal prémio sem fazer uma temporada completa e também o primeiro jogador do Chelsea a merecer essa distinção.

O ano seguinte foi ainda melhor com Zola a ser um titular indiscutível e a levar o Chelsea a mais dois títulos. O primeiro foi a Taça da Liga, mas o melhor estaria guardado para o fim da temporada com a vitória da já extinta Taça das Taças. Na final disputada em Estocolmo frente ao Estugarda o médio italiano ainda a curar uma lesão, começou no banco de suplentes, até que aos 25 minutos da segunda parte e com a partida ainda empatada a zero, o treinador-jogador Gianluca Vialli decidiu lançar Zola no jogo e em boa hora o fez, já que bastaram meros 30 segundos para este tocar na bola e fazer o golo que deu a vitória.

Zola tornou-se uma lenda no Chelsea (Foto: itv.com)

O «pequeno-gigante», como ficou apelidado pelos adeptos do Chelsea voltou a fazê-los sorrir com mais um título europeu, agora a Supertaça Europeia por 1-0 frente ao Real Madrid. A idade fez-se então sentir nas suas pernas, pois Zola já havia chegado a Londres com 30 anos e o médio passava cada vez mais tempo no banco, tendo no entanto um papel importante em novo triunfo na Taça de Inglaterra, mas o grande destaque da temporada 1999-2000 seria o apuramento histórico do Chelsea para a Liga dos Campeões, prova onde o clube não tinha participado até a essa altura.

Essa qualificação levou os dirigentes do clube a reforçar o plantel com as contratações de Gudjohnsen e Jimmy Hasselbaink, o que deixou Zola com menos espaço na equipa. Mas o «magic box», outro cognome pelo qual ficou conhecido voltaria em grande no ano de 2003 para sair se despedir do Chelsea marcando 16 golos e levando o clube a novo apuramento para a liga milionária. A camisola 25 ficou imortalizada em Stamford Brigde para não mais voltar a ser vestida, sendo considerado pelos adeptos londrinos como o maior jogador da história do clube.

Este foi o seu último golo apontado pelo Chelsea frente ao Everton.

Fim de carreira em casa

Gianfranco Zola regressou então a Itália e à região da Sardenha para alinhar pelo Cagliari que na época estava na segunda divisão. Com 37 anos o médio assinou um contracto válido por duas temporadas onde fez 74 encontros e marcou 22 golos, conseguindo levar a equipa à subida para a Serie A logo na sua primeira época. Aos 39 anos o médio criativo decidiu colocar um ponto final na sua carreira, mas durante a sua estadia em Itália surgiram ainda rumores de que Roman Abramovich que tinha comprado o Chelsea logo após a saída do italiano, tentou fazer o mesmo com o Cagliari por forma a fazer regressar Zola a Inglaterra, no entanto esses rumores nunca passaram disso mesmo.

Squadra Azzurra sem sucesso

Ao contrário dos clubes por onde passou Gianfranco Zola não foi feliz na sua passagem pela selecção. A sua estreia foi em 1991, diante da Noruega num jogo que serviu de qualificação para o Europeu de 1992. No Mundial de 1994 esteve em campo onze minutos no jogo com a Nigéria pois foi o tempo que demorou a ser expulso, e apesar da Itália ter chegado à final Zola não voltou a jogar mais. Os seus primeiros golos com a camisola italiana surgiram apenas em 1995 ao bisar na goleada por 4-1 à Estónia, numa partida de apuramento para o Europeu de 1996, onde tal como no mundial dois anos antes voltou a estar em evidência pela negativa ao falhar uma grande penalidade frente à Alemanha que deixou a Itália eliminada logo na fase de grupos.

Selecção não deixou boas recordações (Foto: goal.com)

No regresso a Inglaterra em 1997, Zola marcou o único golo que deu o triunfo sobre a selecção inglesa num jogo que servia de qualificação para o Mundial de 1998, porém em Outubro do mesmo ano e novamente frente aos ingleses, mas agora em Roma o médio fez a sua última internacionalização, renunciando pouco tempo depois à selecção italiana após saber que não faria parte das escolhas para o Mundial. Ao todo foram 35 jogos e 10 golos marcados.

Carreira de treinador

Um ano depois de abandonar os relvados Gianfranco Zola teve a sua primeira experiência como técnico ao ser adjunto do seu antigo colega de equipa no Chelsea, Pierluigi Casiraghi na selecção de sub-21 italiana. Os dois levaram a squadra azzurra aos Jogos Olímpicos de 2008, sendo afastados pela Bélgica nos quartos-de-final por 3-2.

No West Ham como treinador principal (Foto: mcalcio.com)

Em Setembro desse mesmo ano surgiu a oportunidade de voltar a Inglaterra e a Londres agora como treinador. O West Ham foi o clube escolhido e mesmo sendo um rival do Chelsea os adeptos dos hammers, rapidamente lhe deram todo o apoio. Gianfranco Zola seria aplaudido de pé pelos apoiantes dos blues no jogo do campeonato em Stamford Brigde, que mostraram assim o seu respeito por um dos seus ídolos de sempre. Em 2009 o seu contracto foi renovado até 2013, mas a temporada do West Ham foi muito sofrida numa luta constante pela manutenção, que acabou por conseguir, mas Zola viria o seu vínculo ser rescindido apesar de tudo. Em Julho de 2012, Gianfranco Zola assinou um contracto por duas temporadas com o Watford. A estadia acabou por ser apenas de pouco mais de um ano já que em Dezembro de 2013 e após dois meses sem qualquer triunfo para o campeonato, foi o próprio a deixar o clube, que na altura ocupava o 13º lugar na tabela classificativa.

Actualmente e Palmarés

Após deixar o comando do Watford, Gianfranco Zola com 48 anos foi apontado em Setembro último como possível técnico do Fulham, mas a rivalidade do clube com o Chelsea acabou por deixá-lo sem hipóteses de assumir a equipa, encontrando-se actualmente sem treinar.

Ao longo da sua carreira Gianfranco Zola disputou 629 jogos e marcou 193 golos. A nível de títulos por clubes destaque para a conquista da Serie A e Supertaça italiana, uma Taça UEFA, uma Taça das Taças, duas Supertaças Europeias, uma Taça de Inglaterra e Supertaça inglesa. Individualmente foi eleito por duas ocasiões, o jogador do mês na Premier League, bem como o jogador do ano em 1997 da competição e do Chelsea em 1998-1999 e 2002-2003. Em 2006 foi colocado no Hall of Fame da liga inglesa.