Curioso desafio entre o 1º classificado da Liga NOS e o 1º… de Dezembro, numa partida que se esperava desequilibrada tendo em conta as diferenças de escalão, historial, pergaminhos e poderio tanto desportivo (Benfica é tricampeão nacional em título, 1º Dezembro discute a Série G do Campeonato de Portugal, terceiro escalão do nosso futebol) como financeiro (Benfica dispõe de um orçamento milionário, 1º Dezembro é clube semiprofissional). No final de contas, as diferenças não foram tantas assim. Por demérito benfiquista.

No entanto, uma palavra de apreço para o clube de Sintra que justificou o porquê de semanalmente existirem tantos desafios de qualidade no CPP e muito particularmente na Série em que o 1º Dezembro se encontra envolvido, tendo merecido o nulo com que a partida chegou ao intervalo após uma primeira parte de inoperância ofensiva de ambas as partes.

Apenas existiu algum futebol na 2ª parte com o Benfica a surgir mais solícito e disposto a evitar que houvesse lugar a uma surpresa (como esteve perto de acontecer…) ao inaugurar o marcador logo aos cinco minutos da etapa complementar através de um canto que apostou na surpresa ao adversário com dois jogadores de características predominantemente defensivas a assumirem as ’despesas’: toque rápido do central Lisandro para o centrocampista Danilo que num bom movimento individual entrou pela área e atirou cruzado para o 0-1.

Martim Águas, um nome com peso

Parecia ser este o momento em que o grande favorito deixaria antever toda a sua superioridade perante o mais frágil adversário. Puro engano tendo em conta que o Benfica nunca assumiu o seu papel de uma das grandes potências actuais do futebol nacional com disputas acesas com FC Porto e Sporting (mais particularmente com estes últimos) que chegam mesmo a transcender os relvados e a passar para fora destes, permitindo que o 1º Dezembro chegasse ao empate aos 62 minutos através de uma grande penalidade convertida com classe por Martim Águas.

O filho de Rui Águas e neto de Raúl Águas, duas figuras do passado benfiquista, tirou proveito da destreza do seu companheiro de ataque Abdoulaye Diallo que ganhou em velocidade aos centrais benfiquistas captando um inexplicável atraso de Guillermo Celis, tendo apenas sido travado em falta já perto da pequena área pelo guarda-redes Ederson que viu, e bem, cartão amarelo, isto apenas devido à mudança da lei aplicada às faltas cometidas no interior da grande área e que impede a equipa que defende de ser duplamente punida (penalty e expulsão do guardião), o que seria o caso.

Esperar pelo último suspiro 

Sempre com um défice de determinação e com uma inspiração bem distante dos habituais momentos que se sucedem ao ’Ser Benfiquista’ entoado por Luís Piçarra num habitualmente lotado Estádio da Luz ou que valeram para já três anos consecutivos a encher as ruas de Lisboa na celebração do título nacional, o Benfica voltaria a tomar conta do jogo na procura de um golo que evitasse o vexame que seria para si ser obrigado a um eventual prolongamento ou, mais grave, uma possível eliminação aos pés de um adversário que lhe é incomparavelmente inferior.

Danilo e Luisão foram os autores dos 2 golos dos encarnados
Danilo e Luisão foram os autores dos 2 golos dos encarnados

Assim, como consequência de um esforço final, a águia logrou o segundo golo (de salvação) já no decorrer do último dos 6 minutos concedidos pelo juiz Tiago Martins como período de descontos, conseguido com alguma fortuna aquilo que está na verdade habituada a fazer com bastante mais conforto do que nesta noite: tornar impossível ao adversário menos cotado contrariar as suas vitórias.

Neste caso, a força ofensiva esteve mesmo no regressado capitão Luisão que respondeu convictamente de cabeça a um canto cobrado pela esquerda pelo hoje suplente utilizado Pizzi, E ufa, terão pensado todos os benfiquistas…