Se dúvidas existiam - especialmente quando a última amostra perante uma equipa de gabarito europeu, como foi o caso do Napoli, esteve longe de ser a mais prestigiante e correspondente ao que de melhor se poderá observar do poderio internacional do Benfica - de que as grandes noites europeias poderiam regressar ao Estádio da Luz, este Dia de São Valentim correu às mil maravilhas para os adeptos encarnados. O adversário era de peso, mas o carácter e a personalidade do tricampeão português também, e acabou mesmo por compensar.

Sabia perfeitamente o Benfica que, para alimentar alguma expectativa de apuramento para os quartos-de-final, a única possibilidade passava por encaminhar a eliminatória no sentido de partir para a 2ª mão em Dortmund na posse da vantagem. E assim o fez: inicialmente com uma primeira parte na qual Rui Vitória não teve receio de se aventurar numa partida de ’xadrez táctico’ com Thomas Tuchel, com o desafio a chegar num embrulhado 0-0: Borussia com mais bola, mais perto da baliza encarnada, mas sempre com a clara ideia de o Benfica ter essa situação bem acautelada.

Parcela de portugueses da equipa impressionou pela solidez e abnegação

Depois, nada melhor para a águia do que regressar das cabines da forma mais desejada, ou seja, com um golo vital que seria conseguido ao minuto 48 devido ao instinto goleador do único jogador do Benfica criado na Alemanha, Kostas Mitroglou, que captou, num movimento instintivo, a primeira cabeçada do veterano Luisão, evitando assim o que teria sido uma defesa incompleta do guardião Roman Bürki para ao invés fazer a recarga e assim lançar a festa com os seus companheiros e nas bancadas da Luz.

Mitroglou marcou o golo solitário da partida // Foto: Facebook do SL Benfica
Mitroglou marcou o golo solitário da partida // Foto: Facebook do SL Benfica

A partir daí, muita solidariedade por parte do colectivo - destaque para a parcela de nacionalidade portuguesa da equipa, um desejo há muito manifestado pelo próprio Luís Filipe Vieira para reeditar a História do clube, uma equipa largamente formada por atletas nacionais - composta por Nélson Semedo, Eliseu, Pizzi e Rafa, todos esforçados e uns mais inspirados do que os demais - e acima de tudo um verdadeiro one man show.

Fácil perceber quem: por parte do guarda-redes benfiquista, Ederson Moraes, que 10 minutos depois do golo, aos 58, manteve o sangue-frio a ponto de não se mover no momento da grande penalidade batida por Pierre-Emerick Aubameyang e assim ter mantido inviolada a baliza à sua guarda, criando para si e para toda a equipa uma espécie de corrente de forças juntamente com o forte apoio dos adeptos que com o passar dos minutos foi sabendo capitalizar.

Foi a magnificência de Ederson a torná-lo o destaque do desafio

Até porque, como é sabido, a missão dos encarnados não deixará de ser espinhosa e bastará ao Benfica estar alguns furos abaixo do seu melhor para que a vantagem se esfume… Vantagem essa que se deve, na sua grande parte, a Ederson, que aos 84 minutos defendeu o similar a um ’segundo penalty’: a defesa da noite, quem sabe a melhor desta edição da Liga dos Campeões até ao momento, a um disparo armado à entrada da área e posteriormente desviado em Raúl Jiménez. O suficiente para deixar pregado ao solo um guarda-redes vulgar…

Ederson foi um dos Homens da partida
Ederson foi um dos Homens da partida // Foto: Facebook do SL Benfica

Porém, há muito o clube lisboeta terá percebido que não tem em Ederson um qualquer guardião; possui neste momento um dos grandes nomes internacionais neste posto específico, e muito devido a isso partirá para a 2ª mão com uma vantagem tangencial, quem sabe preciosa, perante mais um colosso europeu. O Benfica parte com 1 ponto (leia-se, um golo) de vantagem para a 2ª mão dos oitavos, que se realizará em Março.

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