ItáliaItália VAVEL

Em clima de rivalidade, Napoli recebe a Roma no Stadio San Paolo

Derby del Sole será marcado pela expectativa de jogo equilibrado e temores de brigas causadas pela rivalidade em tempos de clima pesado entre ambas

Em clima de rivalidade, Napoli recebe a Roma no Stadio San Paolo
caio-bitencourt
Por Caio Bitencourt

Napoli e Roma entrarão em campo neste sábado (1) para mais um Derby del Sole no estádio San Paolo, pela décima rodada da Serie A. É o quarto confronto no ano de 2014 entre napolitanos e romanistas. Mas este certamente terá um clima mais pesado por conta das torcidas, ainda que haja a expectativa de um ótimo futebol.

No meio de semana, ambos os times tiveram resultados diferentes: o Napoli empatou com a Atalanta por 1 a 1 fora de casa, e graças ao pênalti perdido por Higuaín no final da partida, perdeu a chance de chegar a terceira posição, o que lhe garantiria um lugar na zona que dá vagas a Uefa Champions League, e diminuiria a distância para as líderes Juventus e Roma. Mas, no fim, graças a vitória da Roma, a distância permaneceu em 7 pontos.

Já a nova líder Roma venceu por 2 a 0 o Cesena em casa, e vai ao San Paolo para vencer e buscar a liderança isolada, já que está completamente empatada, já que em todos os critérios de desempate, Roma e Juventus estão rigorosamente empatados. Somente o confronto direto desempataria, este com vantagem a Juventus, mas ele só entra em jogo a partir do segundo turno da Serie A.

O Derby del Sole vai para a sua partida de número 141. Foram até hoje 140 jogos, com 40 vitórias dos azzurri, contra 52 dos giallorossi, além de 48 empates. Em jogos da Serie A, foram 39 vitórias do Napoli contra 49 da Roma, além de 48 empates. A maior goleada do confronto foi uma vitória da Roma por 8 a 0 na temporada 1958-59 da Serie A.

No último duelo entre as duas equipes, o Napoli venceu por 1 a 0 a Roma, em jogo no San Paolo. Após várias chances criadas pela Roma e vários gols desperdiçados pelos napolitanos, aos 36 do segundo tempo, Callejon marcou o gol da vitória.

Preocupação com a segurança cresce no primeiro Derby após a morte de Esposito

No dia 3 de maio, antes da final da Coppa Italia, em Roma, houveram confrontos entre torcedores do Napoli e outros rivais. Em um deles, Daniele De Santis, romanista, baleou o napolitano Ciro Esposito, que morreria no dia 25 de junho em consequência deste disparo. Ainda que haja o pedido da mãe de Ciro por paz em respeito ao seu filho falecido, há um clima de vingança no ar por parte de alguns napolitanos, que em julho, chegaram a esfaquear dois romanistas na cidade de Nápoles.

Há históricos recentes de confrontos entre as duas torcidas: em 2001, em partida na qual a Roma poderia já confirmar seu Scudetto (que viria mais adiante), 10 mil romanistas invadiram Nápoles, e foram recebidos com pedradas por parte dos tifosi napolitanos. em 2005, no confronto pela Coppa Italia, novo confronto entre romanistas e napolitanos em Nápoles. em 2008, a batalha foi em ''campo neutro'', com 17 torcedores napolitanos sendo presos por atacar um ônibus de romanistas que iria para Gênova.

Para a partida de sábado, no qual são previstos 45.000 espectadores, há um esquema especial de segurança para os torcedores azzurros e giallorossos que forem a partida, com 1000 unidades entre policiais e ''stewards''.

Napoli quer vencer para mostrar que ainda pode brigar na parte de cima

O Napoli vem praticamente completo para o Derby del Sole, não terá praticamente nenhum desfalque, exceto por Zuniga, machucado. O técnico Rafa Benítez falou sobre o adversário em coletiva de imprensa:

"Nós sabemos que a Roma é uma equipe forte, que sabe driblar e ser veloz. Vamos ver qual será a sua atitude, mas precisamos de força, caráter e personalidade. Nós com as fortes equipes, sempre nos expressamos bem, como no segundo tempo com a Inter. Todo mundo espera muito de nós, temos a oportunidade de encurtar a distância entre Roma e provar que não estamos tão longe deles.''

Benítez falou também sobre o pênalti perdido porHiguaín na quarta-feira, que fez o Napoli permanecer na distância de 7 pontos dos líderes: ''Em Bergamo, merecíamos mais, como em muitas outras situações. Há amargura, mas não podemos olhar para trás. Higuain está claramente chateado com o pênalti perdido, mas certamente não perdeu a confiança e não têm medo de voltar para a luta. esperamos que essa raiva vai colocá-lo em campo amanhã."

Para o jogo de sábado, o técnico Rafa Benítez seguirá com o 4-2-3-1, a formação tática que religiosamente o espanhol joga com o Napoli desde sua chegada ao clube, na temporada passada.

Callejon é o grande destaque napolitano. O espanhol é o artilheiro da Serie A, com 7 gols, desbancando grandes matadores como Tevez, da Juventus, Di Natale, da Udinese, Icardi, da Inter, e até seu companheiro de clube Higuaín. Entre suas oscilações de jogos baixos contra adversários de menor porte, e de jogos altos contra grandes rivais, é um dos grandes jogadores do time e mais queridos pelos azzurri partenopei. Contra a Roma, em 4 jogos, marcou 2 gols, ambos de cabeça, no San Paolo, nas vitórias por 3 a 0 na Coppa Italia, e na vitória por 1 a 0 na Serie A.

Rudi García busca sua primeira vitória em solo napolitano para se manter na liderança

Diferentemente do rival, a Roma tem uma relativamente grande lista de lesionados. Por outro lado, tem somente o eterno capitão Totti como pendurado na partida. O técnico Rudi Garcia falou sobre o clássico em sua coletiva de imprensa: primeiro, Garcia falou sobre a expectativa para as torcidas no clássico de sábado:

"O futebol deve ser festivo, de amizade e respeito. Estamos todos em torno da mesma paixão, a família não deve titubear se deseja levar uma criança para o estádio. Amanhã e no caminho de volta, teremos uma grande oportunidade de mostrar as coisas positivas, devemos nos esforçar em todos os sentidos para ser seguro e dar o exemplo."

Garcia também falou sobre o fato de nunca ter vencido no San Paolo, e que a Roma tem condições para sair com a vitória na partida: "Temos de demonstrar ser melhor, mesmo se não temos o plantel completo, mas nós somos os primeiros, isso significa que temos feito um início de temporada e temos a chance de fazer bem amanhã."

Para o jogo de sábado, o técnico Rudi Garcia seguirá com o 4-3-3 no qual vem utilizando na maioria das vezes desde sua chegada a Roma. Os lesionados são em sua maioria titulares da equipe: Balzaretti, Strootman, Leandro Castan, Borriello, Maicon, Astori.

Mesmo com apenas um gol na temporada, Gervinho é um dos principais jogadores da Roma (Foto: AFP/Getty Images)

Para tentar conquistar a primeira vitória da era Rudi García em Nápoles, a Roma conta com o talento de Gervinho. Ele é o líder de assistências romanista, com 3 passes para gols da Roma nessa temporada. Apesar de ter marcado somente uma vez nesta temporada, na estreia da Serie A contra a Fiorentina, Gervinho já marcou 2 gols em uma partida contra o Napoli em 2014: foi no primeiro jogo das semifinais da Coppa Italia, na vitória romanista por 3 a 2 contra o Napoli, na qual ele marcou o primeiro e o terceiro gol em jogadas individuais.

Amigos que o tempo os transformou em rivais

No século passado, as torcidas de Napoli e Roma eram amigas, especialmente contra as ''forças do norte'' (Juventus, Inter e Milan). Mas até que o dia do rompimento chegasse, nos anos 80 houve um desgaste na relação. Até a chegada de Maradona, os romanistas podiam ver sua equipe brigando por títulos contra as forças do norte e ter o apoio napolitano na briga por título, e o mesmo para as raras vezes em que o Napoli chegou a brigar por título da Serie A antes da chegada de ''El Pibe de Oro''

Outro grande motivo para o fim da amizade foi a contratação de Bruno Giordano pelo Napoli, que era ídolo e ''bandeira'' da rival de ambos, a Lazio, e mais tarde, se consagraria como ídolo napolitano. Em 26 de outubro de 1986, na vitória do Napoli no Stadio Olimpico sobre a Roma por 1 a 0, com gol de Maradona, foram feitos coros da torcida da Roma contra Giordano, que foram respondidos por coros napolitanos contra Bruno Conti, uma grande ''bandeira'' romanista.

Durante o jogo contra o Napoli em 25 de outubro de 1987, após levar o empate em um jogo que terminaria 1 a 1, em um jogo em que havia saído na frente, a torcida da Roma começou com os famosos cânticos contra Napoli, sua torcida e os habitantes de Nápoles: "Colera e terremoto, è sempre troppo poco, dai, Vesuvio, lavali col fuoco” (Cólera e terremotos, é sempre muito pouco, vai Vesúvio, lave-os com fogo). Após a partida, Salvatore Bagni, jogador do Napoli, indo em direção a famosa Curva Sud do Olimpico di Roma, onde religiosamente fica a torcida romanista, mandou uma ''banana'' em direção a torcida. Desde então, esse fato e os ocorridos na partida foram os responsáveis por explodir ainda mais a rivalidade, até então não tão grande como outras italianas, mas que com o tempo, iria se tornar talvez a mais violenta das rivalidades no país.