Rivalidade entre as equipes marca semifinais da Copa do Brasil

Nesta quarta-feira, Cruzeiro x Santos e Flamengo x Atlético-MG abrem a fase do torneio em duelos que há muito tempo são parte da história do futebol nacional

Rivalidade entre as equipes marca semifinais da Copa do Brasil
Semifinal da Copa do Brasil tem rivalidade para ninguém colocar defeito (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)
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Por Vinícius Silveira

Que a Copa do Brasil ganhou o título de torneio mais democrático do futebol brasileiro, ninguém discute. Algumas equipes pequenas que lutam por um lugar ao sol, já deram e continuam dando o ar da graça. Mas quando grandes times aparecem, o charme e a esperança em ver alguns jogos altamente competitivos, também fica evidente.

Nesta edição de 2014, a Copa do Brasil apresenta dois clássicos que entram no seleto grupo dos mais charmosos do futebol brasileiro. De um lado, Cruzeiro x Santos. Do outro, Flamengo x Atlético-MG. Os dois embates serão nas duas próximas quartas-feiras, às 22 horas.

Cruzeiro e Santos: de Pelé e Tostão à Everton Ribeiro e Robinho

Cruzeiro e Santos são equipes que tem histórias para contar a quem quiser e tiver tempo para ouvir. O time celeste beira o centenário, enquanto o Peixe já ultrapassou a barreira dos 100 anos. Contudo, a história do confronto entre ambos é recente e sequer chegou a completar bodas de ouro. O primeiro e mais marcante capítulo desta história aconteceu nos dia 30 de novembro e 07 de dezembro de 1966.

Cruzeiro foi consagrado campeão da Taça Brasil de 1996 (Foto: Site Oficial do Cruzeiro Esporte Clube)
Os jogadores do Cruzeiro receberam as faixas do título da Taça Brasil de 1966 (Foto: Divulgação/Cruzeiro)

Na final da Taça Brasil, o Cruzeiro bateu o Santos por duas vezes: 6 a 2 no Mineirão e 3 a 2 no Pacaembu e a equipe celeste levantou o primeiro caneco além das montanhas de Minas Gerais e passou a ser conhecida nacionalmente. Em 2003, os cruzeirenses não se esquecem das duas vitórias valendo pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Na Vila Belmiro, um 2 a 0 para ninguém questionar e no Gigante da Pampulha, incontestáveis 3 a 0.

Quem pensa que só o Cruzeiro tem boas lembranças, engana-se. O Santos já aprontou muita com os celestes. Em 1983, no Morumbi, a equipe comandada por Serginho Chulapa no comando de ataque, emplacou 5 a 0 nos celestes. Quase 20 anos depois, em 2002, outra goleada, desta vez, no Mineirão. A nova versão dos "Meninos da Vila", comandada por Diego e Robinho, não deu chances aos rivais e fez 4 a 0 em Belo Horizonte.

Hoje, caberá a Everton Ribeiro e Robinho dar sequencia a rica história que Cruzeiro e Santos começaram há alguns bons anos. Cada um tem qualidades suficientes para desequilibrar e, até mesmo, ganhar o jogo sozinho. Seria um tremendo desatino comparar os dois atuais craques com aqueles que davam show em outrora, mas se ambos utilizarem toda a capacidade técnica que possuem, certamente vão proporcionar belas jogadas aos torcedores de hoje e do futuro.

Flamengo x Atlético-MG: de Zico e Reinaldo à Léo Moura e Diego Tardelli

Com bem menos tempo de rivalidade que Cruzeiro e Santos, Flamengo x Atlético-MG soltam faíscas quando se fala em decisões. Foram diversos jogos que jamais sairão da memória dos torcedores atleticanos e dos flamenguistas. Tudo começou em 1980, quando o rubro-negro e o Galo formavam as duas melhores equipes do país e as que mais cediam jogadores para a Seleção Brasileira. Uma média de três a cinco jogadores por convocação.

No Flamengo, quem reinava era Zico. No Atlético, Reinaldo já era apenas chamado de Rei. Na final do Brasileiro de 1980, as duas equipes fizeram dois jogos de tirarem o fôlego. No primeiro embate, 1 a 0 para o alvinegro, gol de Reinaldo. No Maracanã, mais de 155 mil pessoas viram o rubro-negro ser campeão nacional pela primeira vez ao bater os mineiros por 3 a 2.

Pela Taça Libertadores da América de 1981, os dois times jogaram duas vezes pela fase de grupos. Ambos os jogos, no Mineirão e no Maracanã, empate por 2 a 2. Foi marcado um jogo extra em campo para o classificado. Porém, o grande nome daquela partida foi o árbitro José Roberto Wright, que em uma atuação descontrolada, expulsou cinco jogadores do Galo e a partida terminou ao 37 minutos do primeiro tempo. No fim, a Conmebol deu vitória do rubro-negro por W.O.

Em 2004, o Galo humilhou o Flamengo em Ipatinga (Foto: Arquivo/O Globo)

Os atleticanos também não se esquecem de 1986. Oitavas de final do Campeonato Brasileiro e o Atlético, que iniciava uma nova geração de craques pós Reinaldo e Éder, eliminou o Flamengo, de Sócrates e Bebeto. No primeiro embate no Maracanã, empate por 1 a 1. E no Mineirão, Nelinho, com seus 36 anos, marcou o único gol da partida cobrando pênalti e classificação o Galo.

A maior goleada da história do confronto aconteceu em 14 de novembro de 2004. Há quase dez anos, Atlético-MG e Flamengo jogaram no Ipatingão e o Galo, que lutava contra o rebaixamento, assim como o rubro-negro, goleou o rival de forma impiedosa. 6 a 1, com show do atacante Alex Mineiro, que marcou três vezes e deu passe para outros dois gols do Galo.

E agora, o que esperar?

Querer as quatro equipes repitam seus melhores anos conforme citamos em nosso texto já é querer demais. Contudo, é certo que os dois confrontos tenham sua dose de paciência, emoção, desejo de vitória e é claro, muita bola na rede. São times altamente preparados, ainda que com defeitos técnicos, mas hoje não existe nenhuma agremiação que seja perfeita.

Por si só, Cruzeiro x Santos e Flamengo x Atlético carregam sua rivalidade nas chuteiras de cada jogador e no ímpeto de cada torcedor. Uma final mineira não deixa estar na bolsa de apostas dos torcedores, como também, o repeteco da finalíssima do Brasileirão de 1983 também não. Podemos esperar grandes jogos e uma semifinal que vai tirar o fôlego de cruzeirenses e santistas. Flamenguistas e atleticanos.