Água Santa: dos campos da várzea ao escalão máximo

A trajetória de um clube que saiu do "terrão", conquistou dois acessos consecuticos e está há por um triz de comemorar mais uma subida, dessa vez ao Campeonato Paulista da Série A-1

Água Santa: dos campos da várzea ao escalão máximo
A torcida fiel é a maior marca da equipe sensação em São Paulo (Foto: Água Santa/Site oficial)
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Por VAVEL

Ainda desconhecido para muitas pessoas, o Esporte Clube Água Santa, localizado na cidade de Diadema, no ABC Paulista, está a uma partida do seu terceiro acesso em três anos, de forma consecutiva. A VAVEL Brasil conta a história da equipe que misturou torcida fiel, vontade de time amador e profissionalismo de sobra para chegar aos holofotes.

História

Fundado em 1981, o Água Santa, também conhecido como Netuno em alusão ao seu nome, começou no futebol como equipe amadora. Os responsáveis por isso foram os migrantes, que em sua maioria eram nordestinos, nortistas e mineiros, que tinham como objetivo trazer lazer para a cidade de Diadema, que registrava alto índice de violência. O primeiro escudo da equipe era parecido com o do Santos, só que nas cores azul e branco.

Embora criado na década de 80, o sucesso da equipe no futebol amador veio nos anos 2000, quando conquistou dois acessos consecutivos (da terceira para a primeira divisão, em 2000 e 2001) no Campeonato Amador de Diadema e quatro vezes o título da primeira divisão, em 2004, 2009, 2010 e 2011. O Água ainda possui o título de campeão da Copa Amadora de Diadema, conquistado em 2001.

Chegada ao profissionalismo

Após o sucesso no novo milênio, mais precisamente em 2011, o Netuno começou a criar boatos de uma possível profissionalização. A profissionalização do Clube Atlético de Diadema, outro clube da cidade, mexeu ainda mais com a ideia de o Água Santa chegar à competições oficiais. Com a ajuda de Paulo Sirqueira, atual presidente da equipe, Marcos Boccatto, diretor de futebol, Capitão, ex-volante da Portuguesa, que atuou como jogador do Água na era amadora e após a profissionalização dentro da coordenação da equipe e muitas outras pessoas,  o time diademense chegava aos profissionais. Isso aconteceu em 8 de dezembro de 2011, no ano do aniversário de 30 anos do clube. O pagamento para filiação à Federação Paulista de Futebol foi de R$ 600 mil. 

Mesmo registrado em 2011, o Água Santa não participou de nenhuma competição em 2012, pois a diretoria preferiu planejar a equipe para disputar a Série B do Campeonato Paulista em 2013, equivalente ao quarto escalão paulista.

Série B do Paulista: a primeira competição

Apesar de ser uma divisão bem inferior, a Série B de 2013 contava com clubes de tradição, como Matonense e Portuguesa Santista e era disputada por 45 equipes, que brigavam por apenas quatro vagas para a Série A-3 do Campeonato Paulista de 2014. A regra da competição implementava que apenas três jogadores acima de 23 anos poderiam ir para a partida.

Na 1ª fase, o Água Santa foi sorteado no Grupo 8, ao lado do seu rival Clube Atlético Diadema e ainda contra EC São Bernardo, Grêmio Mauaense, Jabaquara Portuguesa Santista. Três equipe avançavam para a 2ª fase. A partida de estreia foi com vitória de 2 a 1 para cima do EC São Bernardo, no Baetão, em São Bernardo do Campo (SP). A torcida diademense lotou as arquibancadas do estádio na cidade vizinha para acompanhar os primeiros pontos da história do clube profissional. O sucesso não foi só na partida de estreia e o Netuno terminou na liderança, com com seis vitórias, dois empates e duas derrotas em dez jogos, totalizando 20 pontos, avançando para a 2ª fase ao lado de Portuguesa Santista e Diadema.

Agora com 24 clubes, a fase posterior dividia seis grupos com quatro equipes cada.  O Água Santa foi alocado ao lado do Osasco, Primavera e União Mogi. Outra boa campanha, com a equipe passando na primeira colocação, com três vitórias e três empates em seis jogos, fazendo 12 pontos. A outra equipe classificada foi o Primavera.

Afunilando ainda mais, a Série B chegou à 3ª fase com uma redução para 16 clubes, que foram sorteados em quatro grupos. O Netuno foi distribuído novamente ao lado da tradicional Portuguesa Santista e também com Atibaia e Fernandópolis. Novamente o Água sobrou e foi líder com quatro vitórias, um empate e uma derrota em seis jogos, chegando aos treze pontos. O Atibaia avançou na segunda posição. Vale lembrar que o Clube Atlético Diadema foi eliminado nessa fase e disputa a Série B em 2015, ainda tentando o acesso.

A fase mais importante da competição havia chegado. Dois grupos com quatro equipes cada foram formados e as duas primeiras de cada subiriam para a Série A-3, com o campeão de cada grupo disputando a grande final. No primeiro grupo, foram sorteados Atibaia, Matonense, Paulistinha de São Carlos e Tupã. No segundo, Água Santa, Assisense, Cotia e Inter de Bebedouro. O acesso veio para a cidade de Diadema. Após muita luta, o Água Santa venceu o Cotia por 3 a 1, no Baetão, que virou seu estádio durante a competição e terminou mais uma vez na liderança de seu grupo, com três vitórias, duas empates e uma derrota, somando 11 pontos, conseguindo ainda a vaga para a disputa da grande final. Cotia, Matonense e Tupã subiram também. A final seria contra a Matonense, que havia vencido o outro grupo.

A final tinha mando do Água Santa na primeira partida. O Baetão registrou 6.315 pagantes nesse jogo e o Netuno deu show, goleando a equipe de Matão por 5 a 2, com direito a virada. No segundo jogo, o time de Diadema viajou para a Arena da Matonense, em Matão, e foi engolido, perdendo por 4 a 0, ficando assim com o vice-campeonato da Série B do Campeonato Paulista 2013. Para muitos, o clima de "já ganhou" foi o que mais prejudicou a equipe, mas a consideração pelo acesso valeu mais e a torcida saía da competição satisfeita com o resultado obtido. Era hora de pensar na Série A-3.

Série A-3 e o acesso consecutivo

Em uma competição muito mais acirrada e com tradição, o Água Santa teria 19 adversários pela frente, com todos se enfrentando em turno único, passando os oito primeiros para a próxima fase e os quatro últimos seriam rebaixados.

O início foi desanimador, com a equipe chegando a ficar três partidas sem vencer e chegar, inclusive, a amargar a lanterna da competição na 3ª e 4ª rodada. Com o discurso de apenas se manter na divisão em que estava, o técnico Márcio Ribeiro conseguiu engatar uma série de oito jogos de invencibilidade, sendo cinco vitórias e três empates, e voar da zona do rebaixamento para um inesperado G-8 (grupo que classifica as equipes para a próxima fase). O Água Santa surpreendia novamente.

Na 2ª fase, dois grupos foram formados com quatro equipes cada, com os dois primeiros ascendendo para a Série A-2 de 2015 e os líderes fazendo a grande final. No Grupo A, Independente de Limeira, Internacional de Limeira, Rio Preto e Matonense. No Grupo B, Água Santa, Novorizontino, São José dos Campos e Sertãozinho.