Ele veio de interior, como um pensamento grande, de crescer e aparecer, assim como o mais esperançoso brasileiro que sai de sua terra para tentar a sorte na capital. Ele pode não ter a qualidade inenarrável de outros grandes craques que passaram pelo Atlético-MG, mas com seu bom futebol, aliado à força de vontade e à raça, que são fatores primordiais para um defensor do time que luta até contra o vento, o baixinho se tornou ídolo.

Estamos falando de Luan, que já ganhou apelido de "Menino Maluquinho", pelo seu jeito todo participativo com a bola nos pés e, também, quando não está com ela. O meia, de 24 anos, carrega consigo a gana dos mais raçudos atleticanos que já passaram pelo clube mineiro.

Luan é uma das principais atrações no cartel de jogadores que o Atlético-MG oferece nesta temporada. E se o Galo chegou a esta final da Copa do Brasil, de forma inédita, pode colocar na conta do baixinho, por que dos 11 gols marcados pelo alvinegro na competição, o camisa 27 anotou quatro.

Luan: gols e raça a serviço do Atlético-MG (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Do interior das Alagoas até Minas Gerais

Luan nasceu na cidade de São Miguel dos Campos, nas Alagoas, que fica a 60 km da capital alagoana, Maceió. Logo aos 18 anos, fez sua estreia como jogador de futebol em Sorocaba, no interior de São Paulo, onde foi defender do Atlético local. O meia começou disputando o Campeonato Paulista da Série A2, considerada a segunda divisão do Paulistão.

Seu futebol apareceu em definitivo no ano de 2011, quando foi vice artilheiro do Paulistão da Série A2 com 11 gols. As boas atuações o levaram a ser emprestado para o Comercial de Ribeirão Preto e, depois, a sua primeira passagem internacional. O destino foi o Basel, da Suíça, tradicional time do pais. No início de 2012, Luan retornou para Sorocaba e, novamente, foi vice artilheiro do Campeonato Paulista da Segunda Divisão, desta vez, com 12 gols.

Suas atuações chamaram à atenção dos grandes times de São Paulo, mas o destino de Luan foi a Ponte Preta de Campinas, onde o meia foi disputar seu primeiro Campeonato Brasileiro. Mantendo as mesmas atuações que o destacaram, o meia se destacou na Macaca, voltando os olhos do futebol do interior do Brasil até ele. Porém, o destino dele foi longe da capital paulista. O "Menino Maluquinho" desembacaria em Minas Gerais.

Luan e Atlético-MG: um casamento perfeito

Buscando qualificar o elenco para a disputa de mais uma Copa Libertadores da América, o então técnico Cuca indicou a contratação de Luan para ser uma sombra do jovem Bernard, que foi uma das revelações do futebol brasileiro em 2012, assim como o próprio Luan.

Nos primeiros jogos, pelo Campeonato Mineiro, Luan não se intimidou em jogar com feras como Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Bernard, Victor e outros, e decidiu mostrar a bola que o destacou no último campeonato nacional. Rapidamente, o meia virou o xodó da massa alvinegra de Minas Gerais.

Técnico Levir Culpi elogia bastante o jovem jogador e tem muita confiança no futebol de Luan (Foto: Bruno Cantini/Atlético-MG)

Luan participou de forma ativa da conquista do bi-campeonato mineiro e do título mais importante da história do Clube Atlético Mineiro: a Copa Libertadores da América. O meia marcou dois gols na competição. Um contra o Arsenal de Sarandi, na vitória por 5 a 2, e o mais importante deles, foi o empate contra o Tijuana, no México, por 2 a 2, onde o "Menino Maluquinho" fez o gol da igualdade.

Com a saída de Bernard para o futebol ucraniano, pesou em Luan a responsabilidade de substituir a maior revelação do Atlético-MG nos últimos anos. Ainda sim, o jogador seguiu com seu futebol arrojado, raçudo e disputou o Mundial de Clubes, no Marrocos. Mesmo sem trazer o título, o meia marcou o gol da vitória contra o Guangzhou Evergrande-CHI, por 3 a 2.

O primeiro drama e a consagração

A temporada de 2014 não começou bem para Luan. Uma lesão no joelho o fez parar por seis meses. Tempo este que o Atlético-MG necessitava muito de seu futebol. Após um rigoroso tratamento e feito com muita dedicação, Luan voltou aos gramados logo após a Copa do Mundo. E ele voltou com tudo.

Após a Copa do Mundo, o Atlético-MG teria mais um grande compromisso: a Recopa Sul-Americana. O adversário era o Lanús, da Argentina, e os dois embates, o primeiro na Argentina, e o segundo, em Belo Horizonte, não foram nada fáceis. Porém, Luan mostrou que é o talismã do Galo ao marcar o primeiro gol atleticano na prorrogação. O placar final terminou 4 a 3 para o alvinegro e mais um título foi comemorado.

Uma nova contusão o tirou de combate e foi no clássico contra o Cruzeiro, partida esta que o Galo venceu por 3 a 2. Luan fraturou duas costelas e teve que ficar quase três semanas parado, o suficiente para encher o rapaz com muita vontade de emplacar uma grande temporada. Para o técnico Levir Culpi, Luan não sai do time, pois é uma peça fundamental no elenco. O meia ajuda na marcação, recompondo o meio-campo e é uma grande peça no ataque.

Assim como as histórias mais bonitas do nosso futebol, Luan escreve uma delas e com o mesmo caprícho de um brasileiro nato, que acredita em si e que pode vencer todas as adversidades. Não é necessário dizer, Luan tem a cara do Galo.

Ficha do jogador

Nome: Luan Madson Gederão de Paiva

Data de nascimento: 11 de agosto de 1990 (24 anos)

Altura e peso: 1,70m e 69kg

Gols pelo Atlético: 16 gols em 86 jogos

Clubes:

Atlético Sorocaba-SP: 2008 a 2011 e 2012

Comercial-SP: 2011

Basel-SUI: 2011

Ponte Preta-SP: 2012

Atlético-MG: 2013/2014

Títulos pelo Atlético:

Copa Liberadores da América: 2013

Campeonato Mineiro: 2013

Recopa Sul-Americana: 2014