Atlético-PR 2016: melhoras recentes permitem projeções tranquilas no Brasileirão

Início de Paulo Autuori eleva patamar da equipe com relação ao trabalho anterior, realizado por Cristóvão Borges. Equilíbrio dentro do elenco e evolução conceitual podem permitir uma campanha sem sustos na parte de baixo da tabela

Atlético-PR 2016: melhoras recentes permitem projeções tranquilas no Brasileirão
Atlético-PR 2016: melhora recente permite projeções tranquilas
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Por Gabriel Belo

O final de 2015 não foi dos mais positivos para o Atlético-PR. Apesar de ter livrado o time de qualquer risco de rebaixamento, como estava planejado, Cristóvão Borges pouco conseguiu dar padrão tático para seu time. Entretanto, possivelmente como prova de "gratidão", permaneceu no cargo, ganhando uma pré-temporada inteira para deixar o time com a sua cara. 

Um erro. Ao contrário de outros anos, quando entrou com equipes alternativas nos primeiros meses do calendário, o Furacão apostou no Estadual, visto a grande pressão por títulos. Cristóvão buscou um padrão que visasse mais a posse de bola, mas se perdeu em suas próprias ideias. A falta de variações ofensivas, que deixavam a equipe estática, aliadas a uma recomposição defensiva que permitia todas as equipes do Paranaense ameaçar a meta de Weverton fez com que o comandante não durasse. E o Atlético, conhecido por ser "carrasco" de treinadores, faria mais uma vítima. 

O ano, dessa forma, já começaria complicado dentro e fora dos campos. Foi necessário buscar uma mudança de perfil no comando técnico, e a solução encontrada foi Paulo Autuori. Mesmo com um currículo invejável, o experiente treinador teria um grande desafio: driblar a desconfiança. Seus últimos trabalhos no Brasil (Vasco, São Paulo, Atlético-MG) não deixaram um bom legado, algo que o fez pensar na aposentadoria. A decisão do Atlético, nesse sentido, surpreendeu a todos, causando reações adversas.

Mesmo sendo ligado a uma ideia de jogo obsoleta, o técnico seguiu apostando na retenção da posse de bola e, através de simples mudanças na escalação, como com as entradas de Thiago Heleno, Sidcley e Jadson, por exemplo, viu o time melhorar. É certo que ainda não há um padrão definido, visto que o treinador raramente repete escalações, promovendo a rodagem do elenco. Mas a ideia é clara: jogar com a bola, dentro e fora de casa. 

Apesar do trabalho de Cristóvão não ter deixado saudades, seu principal legado acabou sendo a classificação para a fase mata-mata da Primeira Liga. Já tendo pego um atalho, Autuori melhorou o time em alguns aspectos e, após um ótimo jogo contra o Flamengo, fora de casa, foi para a final do torneio. Nessa, por sua vez, acabou sendo derrotado para o Fluminense, em um jogo que o Atlético também vinha bem, principalmente na parte defensiva, tendo sofrido o gol de Marcos Júnior após falha individual de Paulo André. No Estadual, após passar pelo Paraná Clube, o Rubro-Negro atropelou o rival Coritiba na primeira partida da final, dentro da Arena da Baixada, pelo placar de 3 a 0. A decisão ficou para o Couto Pereira, no dia 08 de março, quando a equipe da casa terá uma indigesta e complicada missão para reverter a vantagem. 

Dessa forma, o balanço do trabalho inicial de Paulo Autuori, em comparação ao começo conturbado sob o comando do antigo treinador, seria de plena evolução. O time está longe de alcançar a excelência, algo que dificilmente ocorrerá em 2016, mas dá passos curtos rumo a uma campanha tranquila no Brasileirão.

Com relação a grama sintética, que viria, supostamente, como uma aposta/diferencial do clube, existem considerações a serem feitas. A instalação se deve ao fato de o terreno da Arena da Baixada ser muito úmido, algo que prejudicou a saúde do gramado diversas vezes. Na Copa do Mundo, por exemplo, o tapete "Padrão FIFA" durou poucos jogos, tendo alcançado o final da temporada em um estado destrutivo. Com a grama sintética, há uma facilidade muito maior com o processo de manutenção, além de que técnicos e jogadores adversários já aprovaram as instalações. Se a mudança aconteceu, foi para melhor, e não deve atrapalhar os outros clubes.

Já sobre o elenco, é importante destacar o equilíbrio. Há um número interessante de variações que podem ser feitas, com todas as posições tendo duas ou mais opções que estariam aptas a assumir a titularidade. Entre os destaques, o goleiro Weverton, a dupla de volantes formada por Otávio e Jadson e o meio-campista Vinicius. Já com relação a Walter, sobre quem tanto se comenta, é importante ressaltar que seu principal problema não está relacionado nem ao peso nem a falta de gols: o futebol do atacante, desde a chegada ao Atlético, sempre foi raso e voltado ao individualismo. Tecnicamente, é um dos melhores do elenco, mas há muito o que considerar além disso. Para o caso de isso não ser corrigido, André Lima pede passagem, já tendo balançado as redes em cinco oportunidades na atual temporada.

Dessa forma, após elencar essa série de fatores e, considerando a iminente chegada de dois ou três reforços (pedido de Autuori), pode-se qualificar o Atlético como um time competitivo. A nível de classificação, seria seguro apostar no meio de tabela, mas projeções maiores em termos de classificação podem, sim, ser alcançadas.