Quando se trata do futebol brasileiro, caso se deseje fazer uma análise profunda sobre a questão do tempo de trabalho dos treinadores nos clubes do país e fique constatado que um clube trocou de treinador apenas 4 vezes nos últimos 8 anos é quase impossível de acreditar.

O Corinthians conseguiu esse feito. Apesar de ter recontratado dois de seus antigos treinadores nesse período, foi possível chegar a essa marca. Desde a contratação do técnico Mano Menezes tendo como principal objetivo a disputa do Campeonato Brasileiro da Série B, em 2008, e o retorno à elite do futebol nacional, estiveram à frente do clube do Parque São Jorge apenas Adilson Batista e Tite.

Foram períodos distintos e situações distintas enfrentadas pelo clube nas passagens dos três treinadores, mas é um perfil de gestão que, com certeza, deve ser seguido por outros clubes. Mano e Tite tiveram passagens mais longas, com mais tempo de trabalho. Adilson, foi o que teve a passagem mais curta.

Mano Menezes chegou em 2008, implantou um sistema de jogo com uma defesa consistente e dois volantes que saíam bastante para o jogo, dando opção ofensiva. Sua filosofia de trabalho deu resultado e contando com um ídolo da grandeza de Ronaldo no ataque, chegou aos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, em 2009. Depois de um início de temporada ruim, em 2010, teve uma boa arrancada inicial no Brasileirão e se despediu do Corinthians para assumir a Seleção Brasileira.

Depois, quem chegou foi Adilson Batista. Pegou o time na liderança do Campeonato Brasileiro do mesmo ano e na estreia levou o time a um empate com o Palmeiras no Pacaembu. Com esse resultado, o time perdeu a liderança para o Fluminense, reassumiu posteriormente mas não conseguiu o objetivo principal: a conquista do Brasileirão no ano do centenário. Após 75 dias de trabalho, com apenas 17 jogos no comando da equipe, Adilson foi o treinador com menos tempo de trabalho nos últimos anos.

Para o lugar de Adilson chegava Tite, para sua segunda passagem pelo Timão. Na primeira experiência entre 2004 e 2005, conseguiu livrar o time do rebaixamento do Campeonato Brasileiro daquele ano, alcançando o quinto lugar na competição. Porém, no início de 2005, teve um desentendimento com Kia Joorabchian, dono da MSI, empresa que formava parceria com o clube para aquela temporada e deixou o cargo.

A segunda passagem com início em 2011 seria a mais vitoriosa de um treinador na história do clube. Porém, não começou do jeito que todos gostariam. Eliminação precoce na pré Libertadores para o desconhecido Tolima da Colômbia. Novamente sob desconfiança da torcida e bancado por Andrés Sanchez, Tite seguiu no comando da equipe e chegou ao título do campeonato nacional daquela temporada. Mas, o melhor ainda estava por vir. Título inédito e invícto da Copa Libertadores em 2012, seguido do bi campeonato Mundial de Clubes da Fifa. Em 2013, mais dois títulos antes da segunda despedida: Campeonato Paulista e a Recopa Sul Americana.

Para seu lugar, em 2014, retornava Mano Menezes para a segunda passagem pelo clube. Essa, sem o grande brilho da primeira, não lhe rendeu o mesmo tempo e sequência de trabalho anteriores. A eliminação traumática para o Atlético Mineiro na Copa do Brasil daquele ano, depois de vencer a primeira partida por 2x0 em casa, foi a gota d'água para o decreto da saída do técnico depois do fim de seu contrato.

No início de 2015, novamente Tite. Ele retornou ao clube com status de ídolo e sendo o treinador mais vitorioso da história do clube. Com o número de jogos, tornou-se o segundo com maior número de jogos dirigindo o time atrás apenas de Osvaldo Brandão.

A temporada começou complicada, mais uma vez. Eliminações no estadual e na Libertadores, mas foi coroada com o hexa campeonato Brasileiro, contemplando a melhor campanha da história dos pontos corridos.

Em 2016, aceitou o convite para comandar a Seleção Brasileira. Tite se despede do Corinthians como o técnico com mais títulos conquistados, entre eles: 2 Campeonatos Brasileiros, 1 Libertadores, 1 Mundial de Clubes, 1 Recopa Sul Americana, além de 1 Campeonato Paulista.