Figueirense: céu, inferno e a volta por cima

Ano histórico para o Figueirense, o fim do jejum de títulos e a arrancada marcante no Brasileirão. Confira em detalhes como foi a temporada do Figueirense nesta retrospectiva que a equipe VAVEL Brasil preparou para você

Figueirense: céu, inferno e a volta por cima
(Foto: Reprodução/UOL Esportes)
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Por Daniel Hugen

Histórico! O ano do Figueirense pode ser definido nessa palavra. A equipe que iniciou 2014 com um gás a mais que os outros clubes. Após uma temporada difícil em 2013, mas recompensada no final com o acesso, o Furacão viria para o Campeonato Catarinense com uma sede maior do título, que não vinha há seis anos para o Scarpelli. Para buscar a tão almejada taça, o Figueirense manteve a base do time de 2013 e também o treinador Vinicius Eutrópio. O sucesso no Catarinense, recompensado com o título, motivou o Figueirense para a disputa do Brasileirão, porém não foi o suficiente.

A equipe teve um mal início e, logo na terceira rodada, sem nenhum ponto somado, veio a queda do treinador. Quem assumiu a equipe foi Guto Ferreira, que desde seu anúncio não agradou o torcedor. Com motivos, já que o time não conseguia somar pontos suficiente para deixar a lanterna da competição, a torcida iniciou uma série de protestos pedindo a demissão do comandante e do superintendente de esportes, Rodrigo Pastana. Preocupada com o futuro do clube, a diretoria alvinegra ouviu a torcida e demitiu-os. Um velho conhecido do simpatizante alvinegro viria a assumir o clube. Na 12ª rodada, Argel Fucks foi anunciado técnico do Figueirense. Apesar de ser reprovado no começo, Argel mostrou-se capaz e garantiu o clube na Série A de 2015, com duas rodadas de antecedência. Campanha de superação resume o ano do alvinegro catarinense.

O campeão voltou! Após seis anos, Figueirense volta a conquistar título catarinense

O time comandado por Vinicius Eutrópio iniciava o Campeonato Catarinense com poucas mudanças em relação ao time de 2013. Vitória na primeira rodada, derrota para o Criciúma na segunda e a terceira proporcionava ao torcedor um momento importante para a história do clube. A estreia do experiente Marcos Assunção, conhecido por seus diversos gols de falta, a chave para o sucesso alvinegro na competição estadual. A partida contra o Metropolitano foi essencial para o Alvinegro se manter no grupo dos quatro primeiros, que brigariam pelo título, e desde cedo Marcos Assunção mostrou porque era tão conhecido. A vitória por 3 a 2 só foi conquistada graças ao gol de falta marcado pelo medalhão.

Ainda na primeira fase, duas vitórias, três empates e uma derrota classificaram o alvinegro em 4º colocado, com 15 pontos conquistados, mesmo número de pontos da Chapecoense, mas com vantagem no saldo de gols. No quadrangular, o Alvinegro não decepcionou. Três vitórias, dois empates e uma derrota levaram o Figueirense para a final como primeiro colocado, tendo a vantagem do empate.

A final, disputada diante do Joinville, teve seu início em Joinville. Em um jogo de Arena lotada, tanto pela torcida mandante quanto pela visitante, o JEC teve as melhores oportunidades e saiu com a vitória por 2 a 1. Para o Figueirense sagrar-se campeão, era preciso uma vitória simples no Orlando Scarpelli.

Após uma semana tensa, de ameaça entre jogadores, o jogo iniciou do jeito que deve ser uma final de campeonato. Aos 20 segundos de jogo, o Figueirense balança as redes, mas o árbitro já havia marcado pênalti. Giovanni Augusto cobrou e Ivan defendeu, mas no rebote Dudu abriu o placar para o Furacão. A partir daí, apenas o Figueira jogava, enquanto o JEC apenas se defendia. Aos 33 minutos, Lúcio Maranhão ampliava a vantagem para o Figueirense, forçando a equipe adversária a fazer dois gols para conquistar o título. No segundo tempo, o Tricolor conseguiu diminuir a vantagem e só não empatou porque Tiago Volpi, aos 44 minutos, fez um milagre, dando ao Figueirense o título do Campeonato Catarinense de 2014.

Em baixa no Brasileirão, alvinegro dá adeus à Copa do Brasil ainda na segunda fase

O Figueirense iniciou a Copa do Brasil sob comando de Vinicius Eutrópio. A primeira fase, diante do desconhecido Plácido de Castro, já assustou o Alvinegro, que no jogo de ida voltou com o empate. Diante do seu torcedor, com o time reserva, o Figueirense não teve uma partida excepcional. Em falha da zaga e do goleiro, o Plácido abriu o placar em pleno Orlando Scarpelli, obrigando o Figueirense a fazer dois gols para se classificar. Apesar do susto, a equipe conseguiu a virada e venceu por 3 a 1, se garantindo na segunda fase.

Na segunda fase, o técnico já era Guto Ferreira. Na partida de ida, diante do Bragantino, derrota por 2 a 1. A partida de volta, no entanto, viria a acontecer somente depois da Copa do Mundo. Ainda no primeiro tempo, o Bragantino já aumentava  a vantagem, obrigando o Figueirense a fazer pelo menos dois gols para a disputa ir aos pênaltis. Foi o que aconteceu, a equipe virou o jogo e levou a decisão para os pênaltis. Porém, mais um insucesso e o Figueira foi desclassificado da Copa do Brasil, logo na segunda fase. A partida foi a última sob o comando de Guto Ferreira, demitido um dia após a desclassificação.

Início conturbado e clima pesado no Scarpelli

Após bom Campeonato Estadual, o Figueirense não conseguia manter a mesma atitude no Brasileirão. Três derrotas, a demissão de Vinicius Eutrópio do comando técnico e o pedido de desligamento do clube feito por Marcos Assunção deixaram o clima tenso no Scarpelli. A contratação de Guto Ferreira piorou ainda mais a situação. Dentro de campo, alguns jogadores fazendo corpo mole e forçando cartões. Fora, a torcida protestava. Portanto, logo em sua segunda partida o Figueirense cometeu um grande feito. Na inauguração da Arena Corinthians, quem foi o protagonista foi o Figueirense e principalmente, Giovanni Augusto, autor do único gol da partida. Enquanto isso, a crise só aumentava em Florianópolis. Até a nona rodada, quando o campeonato parou para a Copa do Mundo, o Figueirense havia somado apenas quatro pontos e ocupava a lanterna da competição.

Durante o Mundial, o Figueirense buscou formas de reorganizar a equipe e fugir da situação que se encontrava o clube. Peças novas e importantes chegaram ao clube, como o lateral-esquerdo Roberto Cereceda, o meia Kléber, e os atacantes Mazola e Bruno Fornaroli. A rodada de volta da competição satisfez o torcedor alvinegro, ao ver que a equipe havia se organizado, ganhando de 2 a 0 do Coritiba, fora de casa. Nem tudo foram flores, porém. No meio da semana, a eliminação da Copa do Brasil e a troca de treinador. A partir desse momento, Argel Fucks assume a equipe. Em sua primeira partida no comando do Figueirense, a equipe saiu derrotada do Mineirão por 5 a 0 para o campeão Cruzeiro. A convicção da derrota seria o pouco tempo de Argel. A prova disso, foi o embalo da equipe após a derrota. A vitória por 3 a 0 sobre o Sport deslanchou o Figueira no Campeonato Brasileiro. Foram oito rodadas de invencibilidade, com jogos históricos, entre eles a virada sobre o Internacional no Beira Rio.

A série invicta tirou o Figueirense da zona de rebaixamento e o time não voltou mais para a temida degola. Apesar disso, uma série negativa voltou a preocupar o torcedor alvinegro, mas a equipe não decepcionou novamente seu torcedor. Em uma série de times paulistas, venceu novamente o Corinthians e aplicou uma virada histórica sobre o Palmeiras, fazendo três gols em quatro minutos e quarenta segundos. Várias lesões afastaram jogadores importantes, principalmente no segundo turno da competição.

Reta final marcante para a história do clube

A seis rodadas do fim do Brasileirão, o Figueirense ainda precisava de pelo menos três vitórias para se garantir na Série A em 2015. Para isso, a diretoria fez promoção de ingressos no jogo contra a Chapecoense, fazendo com que o torcedor lotasse o Orlando Scarpelli. Não deixando por menos, o time venceu a partida, por 1 a 0, dando um grande passo para a permanência. Dois jogos seguidos fora de casa, contra Atlético-MG e Botafogo, nos quais somou quatro pontos e bastando apenas dois para garantir-se, matematicamente, na elite. Para isso, nova promoção de ingressos, em pleno domingo, o que deixou o Scarpelli lotado e em festa. Com dois gols de Pablo, o Figueirense garantiu a permanência e não deixou de comemorar, apesar de restarem ainda duas rodadas.

Mesmo garantida, a equipe de Argel Fucks buscava sempre a vitória. No Morumbi, diante do São Paulo, foi a prova disso. A equipe catarinense saiu atrás no placar e teve a chance de virar, mas a bola parou na trave de Rogério Ceni. A última rodada, diante do Internacional, no Scarpelli, não foi de tanto sucesso. O Figueirense saiu na frente no placar e, após muita polêmica envolvendo expulsões, o Inter virou a partida. Mesmo assim, o torcedor alvinegro não poupou comemorações após ano histórico.

Melhor jogo: Internacional 2x3 Figueirense, 19ª rodada do Brasileirão

Dia 7 de setembro, o Figueirense viajou até o Rio Grande do Sul para enfrentar o Internacional que, apesar de alguns pontos distanciados, buscava a liderança do Brasileirão. Logo no primeiro tempo, o Inter fez 2 a 0 no placar, o que levava grande maioria a não acreditar em uma reação do alvinegro de Santa Catarina. No início do segundo tempo, porém, Everaldo descontou para o Figueira. Por volta dos 30 minutos de partida, em dois minutos, o time catarinense marcou dois gols e selou uma virada histórica para a equipe, que naquele momento buscava forças para se reerguer na competição.

Pior jogo: Figueirense (3) 2x1 (4) Bragantino, segunda fase da Copa do Brasil

Apesar da vitória, o Figueirense estava se despedindo da Copa do Brasil, ao perder nas penalidades para a equipe paulista. O Figueira já havia perdido o jogo de ida por 2 a 1 e precisava da vitória para permanecer na competição. Após sair atrás no placar, o Furacão virou e levou a disputa para os pênaltis. Clayton e Jean Carlos desperdiçaram e o Bragantino levou a melhor. Essa foi a última partida de Guto Ferreira no comando do clube. Apesar de ser o pior jogo, teve seus prós, já que após sua saída a equipe ascendeu no Brasileirão.

Melhores jogadores

Tiago Volpi – O goleiro alvinegro foi o jogador de mais destaque da equipe durante o ano. No Catarinense, salvou a equipe em diversas ocasiões e, para fechar com chave de ouro, fez a defesa do título. No Brasileirão, foi dono do maior número de defesas difíceis durante a competição, que possui goleiros de renome em outros clubes.

Thiago Heleno e Marquinhos – A dupla de zaga do Figueirense foi impecável nas competições. Dois xerifes alvinegros, os mais regulares durante o ano e por isso chamaram a atenção de diversos clubes. Além de comandar a zaga, a dupla marcou diversos gols na temporada.

Piores jogadores

Vitor Júnior, Nem e Ciro – Esse trio alvinegro só trouxe dor de cabeça para a torcida. Apesar do excesso de erros cometidos, os treinadores permaneciam apostando neles, o que causava revolta na torcida. Vitor Júnior chegou como um dos "grandes" contratados da temporada e não fez nada com a camisa do Figueirense. Nem é remanescente de 2013 e, em toda partida que participou, conseguiu ao menos fazer alguma coisa que prejudicasse a equipe. Ciro chegou no início da temporada e não conseguiu mostrar futebol, oportunidades não faltaram ao cansado centroavante.

Expectativa para 2015

O torcedor espera um Figueirense melhor em 2015. Apesar do sucesso no Catarinense e da boa melhora no Brasileirão, novas promessas surgiram no Scarpelli. A eleição reelegeu Wilfredo, mas o mandatário alvinegro quer dar nova cara ao clube. Segundo ele, o projeto deve ser aplicado já no estadual, visando o bicampeonato e almejando sonhos maiores em competições nacionais e internacionais.

A equipe deve sofrer um desmanche para a próxima temporada, uma vez que os jogadores de destaque devem voltar aos seus clubes de origem ou irem pra times de maior expressão e que possuem maior poder de orçamento.