Gum chegou em 2009. Essa frase pode parecer romântica visto o tempo de convívio. Mas o ano em questão era conturbado. O Fluminense, quase rebaixado, deixava o primeiro ano de Gum opaco. No fim daquela temporada, nos salvamos do rebaixamento e nascia o "Time de Guerreiros". E o Gum? Ah, o Gum era mais um guerreiro entre muitos.

No ano seguinte, tudo voltou a dar certo. Mas Gum seguia como coadjunvante. Quando ganhávamos, não era exaltado. Quando perdíamos, por muitas vezes era criticado duramente. A garra, que havia nascido no ano anterior, no entanto, sempre estava lá. O título do Campeonato Brasileiro veio. E foi paixão ao primeiro campeonato. Mas só para parte da torcida, acho.

Passamos um ano calmo em 2011. Disputamos Libertadores, fizemos um bom Campeonato Brasileiro, e no ano seguinte, estaríamos novamente no torneio internacional. Mas ainda não parecia ser suficiente para a torcida tricolor idolatrar Gum. Em 2012, ano do tetracampeonato do Brasileiro. Por sinal, dos quatro títulos brasileiros que o Fluminense tem, dois foram com Gum - sendo duas vezes campeão como a defesa menos vazada. Mas, para alguns ainda parecia pouco.

Novamente, em 2013, um ano conturbado. Nada parecia dar certo, e nas arquibancadas, tudo parecia ser culpa do Gum. Xingamentos e mais xingamentos. Pareciam que haviam esquecido as conquistas nos anos anteriores e a garra já demonstrada - Escudero não esquecerá jamais. Enfim, os últimos quatro anos poderiam ser jogados no lixo. Mas não foram. Gum não deixou.

Em 2014, mais parecia um rio em dias de correntezas fortes, permanentes, que levaram consigo vários jogadores consagrados no Tricolor. Atacante, meio campo, zagueiro... Muitos saíram, mas Gum estava lá. Intacto e intocável. No entanto, para muitos (e irei me incluir) ainda faltava alguma coisa. Técnica, talvez. Mas, hoje, pensamos melhor. Baita arrependimento!

No ano seguinte, o rio não acalmou. Os que se mantiveram fortes a primeira correnteza, não resistiram a segunda. Neste momento, pergunte para si mesmo: e o Gum? Estava lá, dia após dia buscando seu espaço e a confiança do torcedor. No entanto, quando tudo parecia dar certo, algo acontecia de errado. Um pênalti perdido na semifinal da Copa do Brasil que resultou a eliminação do Fluminense no torneio trouxe de volta todas as críticas à tona. Gum foi parar no banco de reservas. Mas continuou trabalhando para voltar à titularidade.

O relacionamento com a torcida mais parecia um amor adolescente. Aqueles que conhecemos ainda no ginásio, e, desfonfiados, não nos entregamos. Era assim mesmo: Gum fazia de tudo para nos agradar, e nós? Ah, nós, receosos, não acreditávamos nesse amor. Precisou então, um por um ir embora - até Fred. Um por um não aguentar a correnteza e deixar o barco. Quando olhamos para trás, lá estava Gum, o único que permaneceu daquele "Time de Guerreiros" que surgiu em 2009.

Gum segue hoje mais forte e presente do que nunca. Foram 343 vezes que vestiu a camisa tricolor, para ser exata. Por 24 vezes, deixou sua função e nos deu o grito de êxtase do futebol: o gol! Foi bicampeão brasileiro, campeão carioca, da Primeira Liga... Xerife. Neste ano, recebeu a faixa de capitão. Merecido. São sete anos de relacionamento, e a cada dia, Gum tenta nos conquistar novamente. Como num casamento. Que seja eterno enquanto dure.