Levir comandou nesta quinta-feira (27) o último treino preparatório para a partida contra o Vitória, sexta-feira (28), às 19h30, no Maracanã. O trabalho foi dividido em duas partes: o tradicional rachão antes das partidas e um treinamento de bola parada e posicionamento defensivo.

O técnico revelou que o momento mais marcante do treino foi antes do início do trabalho recreativo, uma reunião com os jogadores. O técnico disse que houve uma discussão forte porém respeitosa e que esse fato faz parte do trabalho para voltar a ganhar e brigar pela vaga na Libertadores.

“Tivemos uma reunião hoje (quinta-feira) que deveria ser de 30 minutos, mas passou de uma hora. Houve ‘frenesi’ durante a nossa conversa. Jogadores falaram forte. Gostei muito da participação. Pela experiência que tenho, não vai faltar empenho. O time está motivado e gostaríamos de contar com a presença da torcida”, declarou.

Sobre o Maracanã, o técnico relembrou o momento mais marcante da carreira. Quando jogava pelo Santa Cruz, Levir e seus companheiros venceram o Flamengo na semifinal do Brasileiro de 1975. “Eu estava lá em preto e branco, era cabeludo. Não vão nem me reconhecer. O Zico, nossa. O Flamengo tinha um timaço. Tenho sorte desde daquele tempo. Nós ganhamos do Flamengo. Foi muito legal. Até registrei no primeiro livro”, completou.

Levir pediu o apoio da torcida na volta ao estádio e garantiu que a conversa desta quinta-feira (27) dará mais gás para a equipe para o resto do campeonato. “O incontestável é se a torcida lotar o Maracanã, o clima fica muito legal. A reunião vai fazer com que o time entre mais concentrado amanhã. Gostei da participação de todos”, concluiu.

O Fluminense está em nono lugar e com 47 pontos, apenas dois pontos a menos que o Corinthians, último colocado do G-6. Para continuar na briga pela vaga na Libertadores, o Tricolor precisa vencer o Vitória e torcer, no sábado (29), contra Corinthians, Grêmio e Atlético-PR.

Confira na íntegra a entrevista coletiva de Levir Culpi:

- Primeiro jogo com o Flu no Maracanã:

 “Com certeza, em um segundo livro, vou contar sobre esse jogo. Esse é um dos anos mais complicados do Fluminense. Não sei se posso dizer que é mais difícil da história. Vai ser o primeiro jogo em casa no ano. É uma coincidência muito grande, teve a Olimpíada e a programação do estádio... Vai merecer uma capítulo, sim. É um diário de um treinador do Flu. Pode ser um nome provável”.

- O que significa o Maracanã?

“São essas coisas que me mantém trabalhando. É a adrenalina de jogar em um estádio emblemático. Quem não gostaria de jogar uma partida ou bater um pênalti no Maracanã? É coisa de criança. Eu tenho essas lembranças. Eu acompanhava no cinema o Canal 100. Fico impressionado ao voltar a assistir. Joguei aqui com o Santa Cruz nos anos 1970. Tenho recordação legal. Quando se entra em um estádio emblemático como esse, a adrenalina vem. É isso que nos mantém no futebol”.

- Ajuda jogar em casa?

“Infelizmente, não posso dar uma resposta exata. Ela não existe. O que existe é estar mais próximo do torcedor. Aqui é a casa do Fluminense. É um fator positivo, sem dúvida. Agora.. há pressão por resultado. Um resultado negativo muda tudo. O ano foi muito difícil. E é um ano de eleição. Há um clima de nervosismo, isso é normal. Temos de aglutinar”.

- Se não classificar para a Libertadores? 

“É uma resposta difícil de dar. O projeto é classificar. Depende do Fluminense. Se começar a separar a coisa não acontece. Para o ano que vem, o clube já muda. Terá o CT. O clube não pensa só agora. Pensa lá na frente”.

- Resultado x jogar bem: 

“O que vale é o resultado. Para conseguir, tem de ter planejamento. No Brasil, consegue resultado sem planejamento. É só ver as trocas de treinadores e as escalações. Eu não conheço nenhum time que se possa dizer a escalação dos 11 jogadores. Isso é falta de planejamento. E acontece por causa da pressão”. 

- Avaliação do adversário: 

“O Vitória não joga muito abaixo dos outros. Mostrou igualdade. Teremos os problemas do jogo. É o jogo de estar muito concentrado. Vencer é muito importante. Nos recoloca no caminho certo. É neste momento que aparecem os vencedores. Jogaremos pressionados. Isso vai acontecer”.

- Sobre a escalação:

“A tendência é repetir a escalação contra o Coritiba. A grande maioria dos jogos mantive uma formação. É coerência. Temos seis jogos decisivos. Ainda estamos buscando um encaixe. Jogamos regularmente bem. Ninguém joga muito melhor. A melhora passa por manter o time”.     

- Sobre a reunião antes do treino: 

“Tivemos uma reunião hoje (quinta-feira) que deveria ser de 30 minutos, mas passou de uma hora. Houve ‘frenesi’ durante a nossa conversa. Jogadores falaram forte. Gostei muito da participação. Pela experiência que tenho, não vai faltar empenho. O time está motivado e gostaríamos de contar com a presença da torcida. Frenesi é mais ou menos assim... o equivalente a quebrar o pau (risos). Quase fomos para a porrada no vestiário (risos). Foi muito legal. Ninguém falou um palavrão. Foi em alto nível. Uma discussão forte. Isso faz parte do nosso trabalho. Não acredito em fazer as coisas superficialmente para motivar o time. Tipo: ‘se ganhar o jogo, ganha R$ 1 milhão’. Eu acredito em coisas concretas. Em discussão, por exemplo, desde que seja respeitosa. Isso vai fazer com que o time entre mais concentrado amanhã. Gostei da participação de todos. Todos deram opinião. Foi legal sair ileso, sem nenhuma contusão”.

- Sobre a paciência para marcar gol: 

“É um trabalho psicológico. Mas ele esbarra muito no que acontece durante o jogo. Todo mundo sabe o que tem de fazer. Até o adversário. Eles pensam da mesma forma. As pessoas não se dão conta disso. Eles não vão vir passear no Rio. Eles vão tentar ganhar igual”.   

- Escalação x pressão da torcida: 

“Não escalo o time em relação a pressão que vamos sofrer na torcida. A formação nos deu três vitórias, duas consecutivas fora de casa. O time não foi covarde. Há uma lógica”.   

- Lembrança mais marcante no Maracanã: 

“Foi jogando pelo Santa Cruz disputando uma vaga na semifinal do Brasileiro de 1975. Eu estava lá em preto e branco, era cabeludo. Não vão nem me reconhecer. O Zico, nossa. O Flamengo tinha um timaço. Tenho sorte desde daquele tempo. Nós ganhamos do Flamengo. Foi muito legal. Até registrei no primeiro livro”.    

- Sobre os ingressos: 

“O incontestável é se a torcida lotar o Maracanã, o clima fica muito legal. Existem os dois lados. Isso pode virar contra. É difícil de administrar. Prefiro 100 mil pessoas me vaiando do que não ter. Se for bem, eles vão aplaudir”.   

- Pressão do Maracanã pode dar branco no time? 

“Acredito. Se der um branco na gente, vai sentir a pressão. Mas também acredito em time vencedor. O Fluminense já saiu de situações complicadas. Temos condições de fazer um grande jogo amanhã”.