Série B 2014: Oeste Futebol Clube

Depois de escapar do rebaixamento em 2013, o time de Itápolis vai tentar fazer uma Série B tranquila em 2014; confira no Guia do Campeonato Brasileiro Série B 2014

Série B 2014: Oeste Futebol Clube
Oeste confia na manutenção da base para uma boa campanha na Série B (Foto: Divulgação / Oeste)
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Por Leonardo Dahi

Fundado em 1921, o Oeste, clube da cidade paulista de Itápolis só disputou a primeira divisão Estadual pela primeira vez em 2004. De lá para cá, entre acessos e descensos, o Rubrão conseguiu apenas em 2010 uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, se classificou novamente, e, dessa vez, conseguiu o acesso para a Série C do Campeonato Nacional. Em 2012, atingiu o melhor momento de sua história e foi campeão da terceira divisão chegando, assim, à Série B, onde estreou em 2013 com uma campanha razoável, conseguindo se manter na segundona.

O começo de 2014, porém, está longe de ser animador. Com uma campanha muito ruim, o Oeste foi rebaixado para a Série A-2 do Paulistão ao somar apenas 11 pontos em 15 jogos e entra na Série B como um dos maiores candidatos ao descenso. No Estadual, os rubro-negros não tiveram a liberação do Estádio dos Amaros, em Itápolis, e mandou seus jogos em cidades como Catanduva e Presidente Prudente. Esse problema, foi superado e o seu campo foi aprovado pela CBF. Outras dificuldades, porém, ainda persistem e você confere a história, a preparação e as apostas da equipe do interior paulista para a Série B neste guia preparado pela VAVEL Brasil.

Memória

Em geral, um time que sobe de uma divisão para outra tem, como objetivo inicial, a manutenção no novo grupo. Foi com essa perspectiva que o Oeste de Itápolis entrou para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C de 2012. A modesta equipe do interior paulista dividiu o Grupo B da primeira fase da competição com equipes de maior expressão no cenário nacional como Caxias, Santo André, Vila Nova e Brasiliense, além de forças entre os pequenos em seus respectivos Estados como os cariocas Duque de Caxias, Madureira e Macaé. A ascendente Chapecoense o mineiro Tupi completavam a chave.

O desempenho da equipe, porém, foi melhor do que o esperado e o Rubrão chegou à última rodada oito vitórias, quatro empates e cinco derrotas em 17 jogos. Com 22 gols marcados e 19 sofridos, o Oeste somava 28 pontos e receberia o Madureira com boas chances de avançar para as quartas de final. Bastava uma vitória para a equipe se classificar em segundo lugar. O empate por 0 a 0, contudo, só não eliminou o Oeste porque o Duque de Caxias bateu o Caxias por 2 a 1. A combinação de resultados levou o Oeste ao quarto lugar, garantindo, assim, uma vaga nas quartas de final.

Como quatro equipes subiriam para a Série B, o clube de Itápolis estava a um passo do acesso. Bastava a classificação para a semifinal para que a equipe alcançasse uma antes impensável chegada ao grupo dos 40 maiores times do país. O Oeste, porém, estava longe de ser favorito. Seu adversário era o tradicional Fortaleza, que tinha a melhor campanha do campeonato, somando 39 pontos e com apenas uma derrota em 18 jogos.

Para piorar, o primeiro jogo, em Itápolis, terminou empatado em 1 a 1. Para conquistar o acesso o Oeste teria que vencer o Fortaleza em pleno Presidente Vargas, que recebeu mais de 20 mil torcedores, público quase sete vezes maior que o da partida de ida. Aos 12 minutos, porém, Jheimy começou a escrever seu nome na história da Onça Rubro-Negra, que segurou a vitória por 1 a 0 até os 42 minutos da etapa inicial, quando sofreu o empate, resultado favorável aos donos da casa.

A tarde, porém, era de Jheimy. Aos 23 minutos do segundo tempo, ele fez o sonho do Oeste se tornar cada vez mais real ao marcar o segundo dele e do Rubrão no jogo. Aos 42, ele fechou a conta, marcou pela terceira vez e decretou o acesso do rubro-negro para a Série B. Com o principal objetivo já alcançado, o Oeste passou pela Chapecoense na semifinal, depois de vencer por 1 a 0 em Chapecó e segurar um 0 a 0 em casa. O clube, então, se garantiu na final da Série C.

O adversário na final foi o Icasa, que vinha fazendo boa campanha e era favorito. Jogando em casa e com as bênçãos de Padim Ciço, conterrâneo da equipe alviverde, os cearenses não conseguiram furar a retranca paulista e o jogo terminou zero a zero. No dia 1º de dezembro de 2012, 4526 pessoas foram ao Estádio dos Amaros presenciar o primeiro título de grande expressão do time do interior paulista. Com gols de Wanderson e Dezinho, a Onça venceu por 2 a 0 e se sagrou campeã da Série C.

Na última edição...

O Oeste entrou em campo para jogar uma partida de Série B pela primeira vez no dia 24 de maio de 2013, uma sexta-feira, para enfrentar o Avaí no Estádio dos Amaros. E já chegou chamando a atenção. Os rubro-negros perdiam a partida por 1 a 0 até o 48 minutos da etapa final, quando o goleiro Fernando Leal foi para a área e subiu mais alto que a zaga avaiana para empatar o jogo.

Apesar das fortes emoções na estreia, o Oeste fez um campeonato relativamente tranquilo. Na quarta rodada, o Rubrão chegou a ocupar quinta colocação com uma vitória por 2 a 1 sobre o Ceará em Itápolis. A sequência do campeonato não foi tão boa e, na oitava rodada, o clube se aproximou da zona de rebaixamento após um empate em zero a zero com o Boa Esporte, também em casa, que o deixou na 16ª colocação, a um passo do Z-4.

Na rodada seguinte, porém, o Oeste se recuperou com uma vitória por 3 a 0 sobre o já conhecido Icasa em Juazeiro do Norte e subiu para o décimo lugar. O rubro-negro ficou ali, do meio para o fim da tabela, durante todo o resto do primeiro turno, que concluiu em 14º lugar. Alternando bons resultados com outros não tão positivos, o Rubrão não esteve na zona de rebaixamento em nenhuma das 38 rodadas do torneio, mas só afastou de vez qualquer risco em seu último jogo, quando empatou em 2 a 2 com o América de Natal no Rio Grande do Norte. Para um ano de estreia, foi, no mínimo, uma campanha razoável, onde o principal objetivo foi alcançado: a manutenção na Série A.

O nome de 2013: Piauí

Embora não tenha revelado nenhum grande craque para algum grande clube do futebol brasileiro, o Oeste de 2013 era composto por vários bom jogadores. O goleiro Fernando Leal, o lateral direito Eric e o atacante Ligger são alguns exemplos. Nenhum deles, talvez, tenha sido tão importante quanto o lateral esquerdo Piauí.

Ele, além de fundamental na marcação e no jogo aéreo, ainda ajudou bastante sua equipe marcando gols. Vindo do Mogi Mirim após o Paulistão, ele marcou sete vezes e foi o artilheiro do Rubrão na Série B. Piauí também ficou marcado pelo excesso de vontade na marcação, sendo o jogador do Oeste que mais levou cartões amarelos no torneio: foram 10 em 21 jogos. Nada, porém, que diminua a importância desse jogador, que tem passagens por clubes tradicionais do futebol brasileiro como Atlético Paranaense, Santa Cruz e Náutico.

O início da temporada

Apesar de estar crescendo cada vez mais no cenário do futebol nacional, o Oeste nunca fez uma grande campanha no Campeonato Paulista. O melhor desempenho rubro-negro em suas sete participações na elite Estadual, onde está desde 2009, foi em 2011, quando terminou em sexto lugar e se classificou pela primeira e única vez para as quartas de final, onde foi eliminado pelo Corinthians.

Apesar do histórico ruim, o Oeste entrou no Paulistão de 2014 pensando em se classificar para as quartas de final, até porque não pegou um grupo dos mais difíceis – além do Palmeiras, tinha Bragantino, Rio Claro e Mogi Mirim. As coisas, porém, não foram como a equipe de Itápolis imaginou, a começar pela perda de seu estádio, que não foi aprovado pela Federação Paulista de Futebol. O Oeste, que já não costuma contar com sua torcida mesmo em sua cidade, chegou a jogar para menos de 100 pagantes e teve a pior média de público do torneio.

Em campo, o desempenho também foi fraquíssimo. Mesmo mantendo boa parte do time de 2013, o Oeste fez um campeonato muito ruim, brigou para não cair da primeira a última rodada e sequer esteve perto de brigar por uma vaga nas quartas de final. A coisa piorou, porém, a partir do segundo terço do torneio. Nas cinco primeiras rodadas, o Oeste somou cinco pontos. Pouco para se classificar, razoável para se salvar. Na sequência, porém, vieram cinco derrotas consecutivas que praticamente decretaram a queda rubro-negra.

O Oeste ainda tentou se recuperar no terço final do campeonato e chegou à última rodada com chances, ainda que remotas. Jogando no ABC Paulista, porém, a Onça de Itápolis foi goleada por 5 a 2 e se despediu de maneira melancólica da primeira divisão estadual. Sem dúvida alguma, um primeiro semestre que não se esperava de um time da Série B do Campeonato Brasileiro.

Oeste foi rebaixado no Paulistão de 2014. (Foto: Divulgação/Oeste)

Quem comanda: José Macena

A duas rodadas do fim do Campeonato Paulista e em situação complicadíssima, precisava de duas vitórias e de uma combinação de resultados, o Oeste resolveu demitir o treinador Sérgio Guedes, que tem um currículo extenso de passagens por clubes médios do Brasil e que havia treinado o time em apenas seis partidas.

Em seu lugar, foi chamado José Macena, que estava atuando como gerente de futebol e trabalhou como auxiliar no próprio Oeste em 2011. Com apenas 180 minutos para tirar o time do buraco, ele pouco pôde fazer. Venceu uma partida, foi goleado em outra e não salvou a equipe da degola. Terceiro técnico do Rubrão na temporada, ele ainda não teve tempo suficiente para mostrar seu trabalho.

Agora, com um bom tempo entre o fim do Paulistão e o início da Série B, ele tentará arrumar a casa e superar os problemas enfrentados no primeiro semestre para, ao menos, manter o Oeste na segunda divisão, muito embora o desempenho no Estadual tenha deixado claro que o problema da equipe não está no banco de reservas.

José Macena é o novo comandante do Oeste. (Foto: Divulgação/Paulista FC)

Quem decide: Jheimy

É difícil pensar em uma melhora na situação do Oeste sem os gols de Jheimy. O fraco desempenho no Campeonato Paulista pode ser explicado pelo ataque ruim, que marcou apenas 13 vezes, duas com o próprio Jheimy. Com uma passagem rápida pelo Atlético Mineiro e outra pelo Sport, ele chegou em 2012 em Itápolis, sendo fundamental no jogo do acesso na Série C, mas logo em 2013 saiu para jogar pelo ABC-RN, voltando ao Oeste na Série B.

Na Segundona, onde começou a jogar na nona rodada, marcou em cinco oportunidades. Em duas delas, marcou o gol de vitórias por 1 a 0 e 2 a 1 e, em outra, fez o gol do empate do Oeste contra o Joinville, em Santa Catarina, pela antepenúltima rodada. Um gol importante, contra um time que ainda sonhava com a Série A, e que deu maior tranquilidade aos rubro-negros na luta pela permanência na Série B. Se reviver os bons momentos do ano passado, Jheimy deve ser fundamental para que o Oeste faça um bom Campeonato Brasileiro.

Quem promete: César Gaúcho

Se o Oeste fez um Paulistão decepcionante, o mesmo não pode ser dito do Botafogo de Ribeirão Preto, que terminou a primeira fase do torneio em primeiro lugar no Grupo B, com a terceira melhor campanha da primeira fase, e só foi eliminado nos pênaltis pelo surpreendente Ituano nas quartas de final. Entretanto, o Tricolor não conseguiu classificação para nenhum torneio nacional e alguns jogadores de seu elenco optaram por deixar o clube.

É o caso do zagueiro César Gaúcho, que se destacou no comando da zaga botafoguense e acabou sendo emprestado ao Oeste para a disputa da Série B. A zaga da equipe de Itápolis teve um desempenho muito ruim no Paulistão, sendo vazada 25 vezes, e o zagueiro, de 35 anos, pode ajudar a solucionar o problema.

Com 15 anos de carreira, ele vestiu a camisa do Oeste pela primeira vez em 2005. No interior paulista, passou também por Bragantino e Ituano. Ele também jogou por muitos anos no interior do Paraná, além de clubes de maior expressão como Fortaleza, Brasiliense e Vila Nova.

César Gaúcho é o reforço do Oeste para a Série B. (Foto: Divulgação/Botafogo)

O desafio

O desafio do Oeste é, evidentemente, superar os problemas do primeiro semestre. O rebaixamento no Estadual nem sempre é o fim do mundo. Pelo contrário, às vezes é um alerta. Um exemplo disso é a Portuguesa, que, recém promovida à Série A do Brasileirão, foi rebaixada no Paulista em 2012. Entrando no Nacional como rebaixada certa, a Lusa surpreendeu e conseguiu se manter na elite. Outros times como o Grêmio Prudente, hoje Barueri, e o Guaratinguetá, conseguiram se manter na Série B depois de caírem no Estadual.

Outro dos clubes que não costumam contar com um grande número de torcedores em seus jogos como mandante, o Oeste chega à Série B tentando surpreender e aproveitar bem os 18 pontos que disputará contra os outros três times de São Paulo - Portuguesa, Ponte Preta e Bragantino. Contra os dois primeiros, já jogou no Paulistão – perdeu da Ponte (2 a 1) e venceu a Lusa (1 a 0). O Paulistão esfriou um pouco as pretensões de um time que almejava ser uma força do interior paulista e que tentará, ao menos, recuperar um pouco do prejuízo da temporada 2014, garantindo a manutenção na Série B, para, no ano que vem, voltar a alçar voos mais altos.

Equipe acredita em uma boa campanha (Foto: Divulgação / Oeste)

Avaliação VAVEL

O começo da temporada foi ruim, o time pouco mudou, a torcida não costuma estar presente no Estádio dos Amaros... Essa combinação de fatores leva o Oeste a ser um fortíssimo candidato ao rebaixamento na Série B de 2014. Como existe um bom número de outras equipes que também não estão em grandes momentos, o rubro-negro de Itápolis tem chances de se salvar e, para isso, pode ser fundamental começar bem o campeonato e somar pontos antes da parada para a Copa do Mundo, quando as equipes de maior poder aquisitivo podem se reforçar.