Crise no São Paulo: o soco não foi só em Aidar

Crise no São Paulo: o soco não foi só em Aidar
Crise no São Paulo: o soco não foi só em Aidar
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Por Felipe Ferreira

Acompanho o dia-a-dia do São Paulo desde quando aprendi a ler e passei a, diariamente, me informar pelo caderno de esportes do Estadão (até porque foi por meio deste jornal que aprendi a ler). Isto deve ter sido lá por volta de 2003.

A sede por informação motivou a paixão pelo Tricolor e, desenvolvendo um entendimento cada vez mais amplo a respeito do ambiente do clube, passei a admirar a forma como o clube era gerido, até porque entre a leitura de notícias a respeito de crises políticas nos rivais, muito me orgulhava quando meu pai dizia em rodas de conversa: “O São Paulo é um modelo de gestão, é um clube europeu no Brasil”.

Este sentimento compartilhado pela fase enunciada acima se tornou algo inerente a qualquer um que acompanhasse futebol entre a década de 90 e a última década, até mesmo àqueles que torciam pra Corinthians, Palmeiras ou qualquer outro rival. O Soberano era invejado e considerado um modelo de gestão, o que, claro, era motivo de orgulho para a torcida e servia de argumento naquelas clássicas discussões a respeito de qual instituição seria dotada de maior grandeza.

Em 2015, o jogo virou. Enquanto nossos rivais acertaram, pelo menos em partes, os problemas políticos, o nosso estimado São Paulo Futebol Clube passa por uma crise política apontada como uma das piores da história do clube, a qual chegou ao seu ápice no início dessa semana, quando em coluna do site da revista Veja, veio à tona de que Ataíde Gil Guerreiro, então vice-presidente do clube, desferiu um soco em Carlos Miguel Aidar, o presidente. Baixaria esta que era algo impensável no ambiente do clube do Morumbi há alguns anos atrás.

Confesso, é estranho ler notícias desse tipo e a ficha tarda a cair. Cresci acostumado a ver o São Paulo brigar por todo e qualquer título, ser um clube com um ambiente coeso e singular dentro do conturbado brasileiro, e, hoje, fatos como rixas políticas e problemas financeiros tornaram-se rotineiro. É triste ver o clube que tanto orgulha de nunca ter sido rebaixado não ter que lidar com um rebaixamento dentro de campo, mas, sim, fora dele, o que é ligeiramente pior dada as possíveis consequências deste alvoroço.

Ao longo do Ensino Médio, ouvi muito de meu professor de História que a história é repetitiva. Não é só no âmbito geral que isso se aplica, olhando para o meio futebolístico, esta frase vem a ser mais pura verdade, bastando observar que o Corinthians teve Alberto Dualib, além do Palmeiras e Santos que contaram com Mustafá Contursi e Marcelo Teixeira, respectivamente, todos estes são mandatários que tiveram o ego inflado na presidência e abalaram o ambiente de suas equipes. Hoje, o São Paulo conta com Carlos Miguel Aidar e a situação não é diferente.

Infelizmente, a situação interna dos nossos rivais que era motivo de chacota para nós, são paulinos, até pouco tempo atrás, tornou-se a situação de nosso time. Por isso, o soco de Ataíde não foi só em Aidar, foi em cada um dos tricolores que sofrem com essas “pauladas” diárias a cada notícia relativa a crise tricolor.