Após cinco anos, o Brasil reinicia a caminhada para uma Copa do Mundo através das Eliminatórias. Se para 2014, a Seleção não encontrou problemas, já que era o país sede e não participou do torneio de classificação, para a Copa da Rússia a história é diferente. E se desenha muito complicada.

A VAVEL Brasil enumerou alguns fatos que tiram o selo de favorito da equipe de Dunga e faz com que o torcedor nacional fique preocupado com as chances do time canarinho neste caminho rumo à Rússia. Vamos à eles.

Falta de intimidação

Foi-se o tempo em que o adversário temia a Seleção Brasileira. Se antes, muitas vezes o Brasil já entrava em campo vencendo pela força e tradição da camisa, essa época não existe mais. Ou ela existe apenas contra equipe inexpressivas no cenário mundial.

Se antes a única dúvida era saber o tamanho da goleada brasileira pra cima de equipes como Peru e Venezuela, hoje, é preciso suar a camisa, como foi visto na Copa América 2015, quando o time de Dunga precisou batalhar até o final pela vitória. O respeito acabou.

O melhor ataque é a defesa

O Brasil é marcado por ser uma eterna fábrica de talentos e gênios do futebol. Nem é preciso dizer os talentos que vestiram e foram campeões com a camisa amarela e quantos deles ocupavam a posição avançada.

A preocupação defensiva pairava nas rodas de comentários. A qualidade dos zagueiros não era compatível com a dos atacantes. Mas se a defesa falhasse, o ataque compensava. Era inimagiável um time com o trio Rivaldo-Ronaldo-Romário passar em branco, isso quando não davam verdadeiros shows.

Mas o tempo passou. Ainda que o camisa 10 atual faça jus à fama histórica, os outros parceiros de frente não são como Neymar e ainda seixão a desejar. Enquanto isso, o Brasil se destaca mundialmente com a exportação de defensores, impensável apenas 10 anos atrás, quando brilhavam na Europa nomes como, Ronaldinho, Ronaldo, Kaká, Adriano. Hoje, vemos a zaga brilhar. É a safra de Miranda, Marquinhos, Thiago Silva, David Luiz.

Se antes, o Brasil tinha o quarteto mágico de ataque, hoje se gaba por ter uma das melhores duplas de defesa do mundo, ainda que faça a equipe passar por grandes sustos dentro das partidas.

Falta de identidade nacional

Cada vez mais o futebol se torna dinheiro e isso não fica menor quando falamos das seleções. As federações usam suas equipes nacionais para arrumar dinheiro e a CBF faz o mesmo com a Seleção Brasileira. Se por um lado é bom, pelo financeiro, é ruim pela falta de sintonia com a torcida local.

Terceirizada por contrato, o Brasil manda suas partidas, em quase sua totalidade, fora de seu país. A falta desse calor humano para sua equipe, tira a vontade dos brasileiros de acompanharem seu escrete nacional. Muitos torcedores dizem preferir suas equipes ao time nacional.

Além disso, fracassos recentes aliados à falta de carisma dos jogadores, cria uma espécie de dormência na população, que deixa de ver jogos do Brasil para fazerem outras coisas em suas vidas.

Vexames históricos

Se dez anos atrás, um vidente fizesse uma previsão de que o Brasil tomaria de 7, numa semifinal, jogando em casa, para a Alemanha, muito tirariam sarro de sua cara. Mas foi isso que aconteceu. E foi apenas um de uma sequência impensável de fracassos dentro de campo.

A boa fase vivida entre os anos 90 e o início dos anos 2000 parece ter adormecido na Seleção a necessidade de renovação. Se desde a Copa de 94, o Brasil esteve em finais dos principais torneios do futebol, isso passou de forma tenebrosa.

Fazendo uma lista rápida, o Brasil foi eliminado pela terceira vez para a França na Copa de 2006, perdeu para a Holanda de virada, na Copa da África do Sul em 2010, errou todos os pênaltis na série contra o Paraguai, na Copa América 2011, ficou com a prata nas Olimpíadas 2012 e novamente perdeu nas penalidades para a seleção paraguaia, na Copa América 2015. Isso sem mencionar os dois chocolates vividos na Copa 2014, em casa, para Alemanha e Holanda, ficando na quarta posição.

Crescimento das outras equipes

Não foi somente o Brasil que desceu. As outras seleções cresceram muito nos últimos anos. E isso se deve muito ao crescimento das negociações entre esses paídes, já que hoje é possível encontrar atletas de Bolívia, Peru, Equador, atuando por grandes ligas mundiais.

Além do mercado de transferência e aprendizado, novos técnicos com experiencia e ensino europeu fazem com que a tática supere a falta de técnica. Um exemplo claro é a equipe do Chile, com Jorge Sampaoli, que conseguiu a inédita conquista da Copa América apresentando um futebol ofensivo, vistoso e técnico, sem a presença de grandes craques, mas com grande entrega tática e leitura de jogo.

Neymar fora dois jogos e seu nervosismo

O evidente protagonismo de Neymar na Seleção Brasileira não poderá ser mostrado nas duas primeiras partidas da equipe nestas Eliminatórias. Tudo porque o jogador se envolveu em uma enorme confusão na partida contra a Colômbia, ainda na fase de gupos da Copa América. Na época, o camisa 10 foi expulso após tentar agredir jogadores colombianos e ainda tomou um gancho que quatro partidas por tentar agredir o árbitro Enrique Osses.

A suspensão ainda terá validade para estes dois primeiros confrontos brasileiros, contra Chile, em Santiago, e Venezuela, em Fortaleza. Só então que o atacante poderá atuar.

Esse pavio curto do jogador já é recorrente. O histórico de confusões do jovem passa por discussões ainda com a camisa do Santos, brigas atuando pelo Barcelona e esse episódio pelo Brasil. O clima de guerra que muitos estádios sul-americanos fazem durante partidas eliminatórias poderá tornar Neymar uma bomba relógio e trazer graves consequências técnicas à equipe.

Irregularidade e falta do 'homem-gol'

Ao saber que o camisa 9 da estreia brasileira ante o Chile será Ricardo Oliveira, nos remete à meados de 2004 ou até 2007. Mas o veterano atacante santista, já na casa dos 35 anos, é a esperança brasileira para balançar as redes rivais neste dois primeiros compromissos.

Ainda que a fase do artilheiro do Brasileirão-2015 seja ótima, a sua convocação mostra a falta de talentos ofensivos na Seleção. Se antes, Ricardo era preterido da equipe Canarinho por ter pesada concorrência de Robinho, Adriano, Ronaldo e Ronaldinho, hoje ele disputa com Roberto Firmino, Alexandre Pato e Luis Adriano, uma vaga como centroavante do time de Dunga.

A fase geral dos atacantes brasileiros realmente não é boa, mas particularmente, Ricardo vem bem, com uma temporada para calar críticos. Essa pode ser a esperança que o camisa 9 se apega.

A estreia brasileira será no Estádio Nacional de Santiago e a VAVEL Brasil fará a melhor cobertura da internet brasileira com o tempo real minuto a minuto de Chile x Brasil, à partir das 20h, horário de Brasília. Não perca o início do caminho nacional rumo à mais uma Copa do Mundo.