Nem foi há muito tempo. No dia dez de novembro de 2013, Vítor Belfort, à época candidato ao posto de desafiante número 1 dos médios, enfrentou um Dan Henderson oriúndo da categoria acima (meio-pesado) e vindo de duas derrotas. O resultado não foi fora do comum: nocaute técnico do carioca ainda no primeiro round no UFC Fight Night Goiânia.

Esta não foi a primeira vez que brasileiro e norte-americano se degladiaram. No longínquo 2006, ainda pelo evento japonês PRIDE, Henderson, especialista condecorado na luta olímpica e famoso na terra do sol nascente, controlou o combate e venceu o brasileiro por decisão unânime dos juízes. Logo depois, Belfort foi flagrado em exame antidoping, testado positivo para a substância hidroxitestosterona, metabólico que é capaz de ser três vezes mais forte que a testosterona (hormônio masculino).

Porém, o futuro colocará os veteranos para fecharem a trilogia no próximo sábado (7) no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo. Desde o último duelo, Belfort lutou apenas uma vez, sendo derrotado pelo atual campeão dos médios, Chris Weidman. Já Hendo está com 2-2 depois do nocaute sofrido, destaque para a vitória sobre Maurício Shogun em março de 2014.

Mesmo com os dois atletas cada vez mais distantes da melhor forma, o público paulista espera ver a pujança física de Vítor de encontro com a inteligência e paciência do californiano se transformar no melhor duelo da noite.

Sem TRT e em "novo lar", Belfort adaptará nova mudança em seus treinamentos

Desde 2012, o ex-campeão do UFC fazia seus treinamentos na renomada academia Blackzilians, da Flórida. Para a trilogia com Henderson, Vítor fará seu primeiro camp (treinamento focado na luta) na sua academia, também nos Estados Unidos: a "OTB", que tem sua esposa, Joana Prado, como sócia-proprietária do local. "The Phenom" já revesava treinamentos tanto na Blackzilians quanto em sua academia.

Na "nova casa", Belfort vai focar em mais fundamentos nas artes marciais, aliando com a preparação física e psicológica. Na derrota para Chris Weidman em maio, Vítor foi muito criticado por ser faixa-preta de jiu jitsu e não esboçar nenhuma reação quando esteve de costas para o solo. Na OTB, ele deverá trancar mais as brechas que vinha sendo demonstrada nos combates, seguindo passo a passo, posição por posição para melhorar neste aspecto, que pode ser chave no confronto.

Desde que o exame de reposição de testosterona foi proibido pelas comissões atléticas em 2014, o peso-médio mostrou uma perda de peso maior do que precisava. Em período off (fora de lutas), Vítor apareceu em fotos mais magro desde os tempos em que era cogitado para lutas pelo título. Mesmo com nova adaptação alimentar, física e técnica, Vítor Belfort não vai esperar o adversário impor seu ritmo, a explosão física ainda será fator fundamental para que o brasileiro possa vencer.

45 anos mas a vontade de lutar não faz Henderson desistir

Ex-campeão do PRIDE e do Strikeforce. Luta no UFC desde 1998 apesar de trocar de promoções durante a carreira. Vitórias contra nomes como Wanderlei Silva, Fedor Emilianenko, Maurício Shogun, Rodrigo Minotauro, Renzo Gracie e Murilo Bustamante. Dan Henderson já deu sinais de que não tem mais lenha para queimar, mas lampejos do lutador da década passada ainda revive.

Com menos força física e preparo para levar a luta para a decisão dos juízes, Henderson não deverá usar de sua especialidade, que é a luta olímpica, para "cozinhar" Belfort. Tática essa que deixou lá atrás ainda quando fazia parte do Strikefore em 2010.

Assim, a famosa "H-Bomb" deve ser a principal arma do norte-americano. Em junho deste ano, este golpe (direto de direita) levou Tim Boetsch para o chão e não teve mais resistência, dando a vitória para o wrestler com apenas 28 segundos de combate.

Por isso, o duelo deverá ser mais pragmático que os anteriores, dada a "velhice" dos batalhadores. Porém técnica, agressividade e público em êxtase não vai faltar para o combate que fechará o UFC Fight Night São Paulo: Belfort - Henderson 3.