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Ex-presidente da FIA, Max Mosley cita problemas financeiros e diz que F1 pode entrar em colapso

Mosley, que comandou principal entidade do automobilismo entre 1993 e 2009, alerta para situação financeira da Fórmula 1 e sugere que ganhos sejam repartidos de maneira mais uniforme para as equipes

Ex-presidente da FIA, Max Mosley cita problemas financeiros e diz que F1 pode entrar em colapso
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Por Eduardo Costa

O ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley, comentou nesta terça-feira (07) a atual situação financeira da Fórmula 1. Mosley, que comandou a principal entidade do automobilismo mundial entre 1993 e 2009, disse que o esporte mudou muito nos últimos anos, citou o avanço da segurança e da tecnologia na categoria em comparação à época em que começou trabalhando na ex-equipe March, e que tentou impôr um limite de gastos com tecnologia no fim de seu mandato na FIA, mas não conseguiu.

"Em primeiro lugar, a segurança. A minha primeira corrida de F2 foi em Hockenheim, na Alemanha, em abril de 1968, quando Jim Clark morreu. Ali tinham 21 carros na largada, e três dos 21 pilotos morreram antes do fim de julho. A segunda mudança é com dinheiro e pessoas envolvidas. Antigamente, uma equipe como a Tyrell tinha cerca de 20 funcionários e foi campeã mundial. Agora falamos de 700, até 1000 funcionários".

"Na nossa primeira temporada na F1, com a March, tínhamos um orçamento de £113 mil (perto de R$ 550 mil), o que hoje estaria perto de um, dois milhões. Hoje, para conseguir o mesmo, é necessário cem vezes mais. É desproporcional. A tecnologia é sim impressionante, mas os fãs não enxergam 90% ou 95% dessa tecnologia, já que as equipes escondem. Isso foi longe demais, deveria haver um limite do que se deve fazer. Tentei impôr isso no fim do meu mandato na FIA, mas não tive sucesso", disse Mosley, em entrevista à agência de notícias alemã DPA.

Mosley também falou da necessidade de uma distribuição uniforme do dinheiro para todas as equipes, tanto as principais, quanto as menores, alertou o risco de colapso que existe na Fórmula 1 atualmente, citou o aumento do poder do chefe comercial da F1, Bernie Ecclestone, sobre a FIA nos últimos anos, e falou da única coisa que se lamenta de não ter feito durante 16 anos na presidência da Federação: ajudar no caminho de jovens pilotos à principal categoria do automobilismo mundial.

"O dinheiro da comercialização dos direitos, que está com o Bernie Ecclestone, deveria ser dividido de maneira uniforme para as equipes. Uma equipe importante consegue muitos patrocinadores e um alto lucro, mas uma equipe que não vence não consegue isso agora. Por isso, as maiores equipes estão em uma situação privilegiada, e a outra metade do grid não pode acompanhar o ritmo por não possuir dinheiro suficiente. Se uma equipe possui cinco vezes mais dinheiro, é o mesmo efeito de ter um motor melhor. Isso não é justo", ressaltou.

"As equipes precisam sentar e explicar que a Fórmula 1 tem um grande problema, já que algumas têm dinheiro suficiente e outras não. Se continuar desse jeito, a F1 vai entrar em colapso. É possível mudar, mas é preciso deixar as coisas bem claras. Em 2008, reuni todas as equipes e expliquei que era enorme o risco de uma grande crise interna e que algumas equipes acabariam deixando de correr. Sugeri um teto orçamentário, e todas aceitaram, menos a Ferrari. Poderíamos ter a convencido, mas algumas coisas acabaram se misturando", disse ele.

"É necessário um equilíbrio entre esporte e dinheiro. Conseguimos isso quando eu era presidente da FIA, eu podia tomar uma atitude diferente, contrária ao Bernie. Quando esse equilíbrio não existe e tudo está na sua mão, é um problema. Eu não tenho conhecimento dos contratos, mas como vejo, percebo que Bernie pode anular a FIA junto com as equipes. A Federação não está tão poderosa quando esteve no passado. O que eu mais lamento é não ter conseguido melhorar um caminho para jovens pilotos, do kart à F1, em que não fosse necessário tanto dinheiro. Deveria ser mais fácil, nós deveríamos ter feito isso", complementou.

Max Mosley assumiu a presidência da FIA em 23 de outubro de 1993, no lugar do francês Jean-Marie Balestre, e a deixou exatamente 16 anos depois, em 23 de outubro de 2009, dando lugar ao também francês Jean Todt.

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Sobre o autor
Eduardo Costa
Fã de quase todos os esportes, e sofrendo com todos os seus times neles. Dissertando um pouco sobre Fórmula 1, futebol inglês e futebol alemão.