Fazia tempo, muito tempo, que não via uma atuação tão boa da seleção brasileira. A vitória por 3x0 sobre a Espanha foi uma vitória com autoridade e mais do que merecida, que mostra muitos pontos bons e, principalmente, que foram corrigidos na seleção canarinho.
 
Antes da Copa das Confederações, o Brasil tinha um amontoado de jogadores, não um time, como tem agora. Existiam dúvidas em várias posições: goleiro, dupla de volantes, trio de meias e centroavante, todas foram tiradas após o torneio-teste. Julio Cesar, com as boas atuações frente Uruguai e Espanha é o goleiro titular; continuo preferindo uma dupla de volantes com Ramires e Paulinho (ou Hernanes e Paulinho na ausência de Ramires) pela maior qualidade técnica e saída de bola, mas contra a Fúria, a dupla Paulinho e Luiz Gustavo funcionou muito bem, fora que o bom jogador do Bayern de Munique foi menos sacrificado neste jogo e participou bem ofensivamente e na saída de bola com melhor qualidade; sempre criticado, Hulk fez uma boa Copa das Confederações e merece ser titular; Oscar, que foi sacrificado nos últimos jogos, teve mais liberdade contra a Espanha e armou boas jogadas com seus excelentes passes, como no gol de Neymar, que fecha o trio; no ataque, nem precisa comentar muito, Fred é o camisa 9 do Brasil.
 
Além disso, outros fatores melhoraram. Antes da Copa das Confederações, Neymar era considerado pipoqueiro e daqueles que jogam bem no clube e mal na seleção. Não dá mais para dizer isso. O jogador do Barcelona fez uma excelente competição, marcando gols, dando seus belos dribles e ainda mostrou uma evolução interessante: ajudou barbaridade na marcação e armou muitas jogadas, dando boas assistências. Antes, a principal estrela da seleção não era decisiva. Agora é. O Brasil não vencia grandes seleções. Na Copa das Confederações venceu Itália, Uruguai e Espanha, apesar da Azzurra estar desfalcada de jogadores importantes e a Fúria ter algumas questões que analisarei na sequência.
 
Contra a Espanha, os problemas apresentados durante todo o torneio foram solucionados: o Brasil não saiu no chutão, pois melhorou a saída de bola. A tão pedida movimentação e o time jogando mais próximo, sem atuar em blocos separados - o que prejudicou muito a equipe durante a competição - também ocorreu, e isso foi fundamental para a boa exibição brasileira, que não saiu no chutão, trocou mais passes e criou jogadas com mais naturalidade e técnica. Além disso, muitas vezes a seleção marcou a Espanha no campo de ataque, complicando a saída de bola adversária, o que fez a Fúria fazer o que Brasil fez nos outros jogos da competição e é raro para o time espanhol: sair no chutão.
 
A seleção evoluiu durante a Copa das Confederações, inegavelmente. No entanto, ainda não está pronta para a Copa de 2014. Muito tem que ser trabalhado e o time precisa se aperfeiçoar e pode melhorar - muito - ainda. Os torcedores devem fazer festa e entrar na euforia, que tem que ser contida pela comissão técnica, jogadores e imprensa, que, ao contrário do que acham Felipão e alguns atletas, não tem que torcer.
 
Também não se deve confundir uma vitória em cima da melhor seleção do mundo com "somos os melhores e a melhor seleção do planeta". A Espanha ainda é a melhor seleção do mundo e melhor que o Brasil, técnica e taticamente, assim como Alemanha e Argentina. Como mencionei, muito ainda precisa ser feito para que o escrete canarinho alcance o nível das três melhores seleções do mundo na atualidade.
 
A vitória brasileira é incontestável, e parte da má atuação espanhola, sem sombra de dúvidas, se deve ao bom jogo brasileiro, no entanto, alguns pontos devem ser lembrados: No jogo deste domingo, a Espanha não jogou tudo o que pode jogar, passou longe disso, o que também relativiza tudo, afinal, se a Fúria tivesse jogado o que pode jogar, a história teria sido outra.
 
Fàbregas mais uma vez fez falta: Mata, assim como David Silva contra a Itália, não fez um bom jogo e não substituiu bem o meia do Barcelona. Soldado, que tinha resolvido o problema de incisividade e homem de referência da Espanha, também fez falta. Fernando Torres não substituiu bem o atacante do Valencia e fez um jogo ruim. Além disso, a famosa marcação pressão no campo de defesa do adversário e de ataque da Fúria não aconteceu. A Espanha passou longe de fazer o que fez contra o Uruguai, por exemplo, e apesar disso ser, em parte, pela boa atuação do Brasil, também é, em parte, por uma Espanha apática e, por mais incrível que possa parecer, sem muito interesse e vontade na partida. A impressão nítida deixada pela Fúria foi de um time que não mostrou e nem quis ter poder de reação.
 
Também é válido destacar que um dos jogadores vitais no famoso 'Tiki-Taka', o craque Xavi Hernández, atuou muito - muito mesmo - abaixo do que pode, e olha que Xavi foi dos jogadores menos pressionados pela marcação brasileira.
 
Com tudo isso, é nítida - até óbvia - a evolução da seleção canarinho com a bem aproveitada Copa das Confederações, mas ainda existe muito o que evoluir para tomar o posto de melhor seleção do mundo da Espanha, chegar no nível de Fúria, Alemanha e Argentina e o principal: conquistar a Copa do Mundo de 2014.
 
Ah, claro... Tabu foi feito para ser quebrado, mas vale lembrar que nunca na história, a seleção que ganhou a Copa das Confederações venceu a Copa do Mundo no ano seguinte.