O título de melhor em campo dado pela Fifa não trouxe sorrisos ao sisudo goleiro Raïs M'Bolhi. O argelino fechou o gol nos 90 minutos e só foi vazado na prorrogação nesta segunda-feira, no Beira-Rio Resultado: a sua seleção acabou eliminado para a Alemanha, por 2 a 1, mas num jogo duro pelas oitavas de final da Copa do Mundo.

O semblante sério ficou ainda mais grave quando foi perguntado por um jornalista brasileiro sobre o Ramadã, período religioso dos muçulmanos que teve início no sábado e, entre as suas atividades, inclui o jejum completo do amanhecer ao entardecer. Não esclareceu se os jogadores cumpriram à risca o que manda a religião.

"É uma questão pessoal. Isso é com a gente e a nossa religião. O foco hoje é a partida", despistou, em entrevista coletiva por ter sido o melhor em campo.

Dono de ao menos cinco grandes defesas, M'Bolhi se soltou mais ao falar do feito de sua geração, que chegou à histórica oitavas. Em 1982, quase passaram da primeira fase, mas acabaram prejudicados por uma polêmica envolvendo a Alemanha, que teria vencido o jogo paralelo exatamente pelo placar que precisava, no episódio conhecido como a "Vergonha de Gijón".

Mais do que exaltar o feito, lamentou. Acha que a equipe poderia ter ido um pouco mais além, sobretudo se tivesse conseguido arrastar a decisão da vaga até os pênaltis.

"Escrevemos a história do futebol argelino e isso é muito nom. Isso vira base para continuarmos. Vimos que a Argélia é capaz de jogar em alto nível. Essa Copa vira referência para o nosso futuro. Não tem segredo, é esforço. É o trabalho. O que faltou, não sei, para avançarmos mais. Havia chance de ir adiante, embora ninguém acreditasse na gente", completou.