Alemanha e França entram em campo às 13h desta sexta-feira (4) no Maracanã, num dos jogos mais esperados da Copa do Mundo. As duas campeãs mundiais esperam vencer o retrospecto recente de insucessos nos mundiais: a França a inconstância das últimas participações; a Alemanha o peso da tradição nos mundiais, em um momento em que não apresenta um futebol tão vistoso quanto o esperado.

O retrospecto recente da França em mundiais revela altos e baixos. Em 1998, venceu a Copa do Mundo em casa. Em 2002 foi apontada como favorita, mas deixou a competição ainda na primeira fase, sem vencer nenhuma partida.  Em 2006, a seleção comandada por Zidane novamente encantou o mundo e os franceses foram vice-campeões. Em 2010, nova decepção: nova queda na fase de grupos.

Em 2014, um fator considerado como vantagem pelos bleus é o bom momento vivido pela equipe. Na primeira fase do mundial, a equipe conquistou sete pontos em três jogos, e se sobressaiu devido ao seu poderoso ataque: foram oito gols marcados. O maior destaque individual é justamente o principal jogador da equipe, Karim Benzema. O atacante do Real Madrid (ESP) foi autor de três gols e duas assistências na Copa do Mundo e peça importante na vitória sobre a Nigéria, pelas oitavas-de-final.

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Já a Alemanha é figura carimbada nas fases finais da Copa do Mundo. Em 1982 e 1986 foram vice-campeões, e no mundial seguinte se sagraram campeões. Em 1994 e 1998 caíram nas oitavas de final. Em 2002 foram vice-campeões, e em 2006 e 2010 acabaram o mundial na terceira colocação. Pressão não é a palavra certa para descrever a atual situação da Nationalelf, mas a expectativa é grande em torno da equipe.

Entretanto, a impressão é de que o futebol da Alemanha não está à altura dos craques que dispõe no selecionado. Após uma excelente participação no mundial da África do Sul em 2010, o técnico Joachim Löw começa a ser questionado por parte da imprensa e torcida. A trajetória alemã começou com uma goleada sobre Portugal por 4 a 0 com direito a hat trick de Thomas Müller, e terminou com dois jogos sofridos: um empate contra Gana e uma vitória por 1 a 0 sobre os Estados Unidos. Nas oitavas, encarou uma aplicada Argélia e se classificou apenas na prorrogação.

Sem medo, França aposta na manutenção do sistema tático para encarar a Alemanha

Apesar de reconhecer a força dos adversários desta quinta-feira, Didier Deschamps e seus comandados não têm medo da Alemanha. O discurso é o de se impor dentro de campo, e para o goleiro Hugo Lloris, o embate das quartas será o principal desafio da seleção. Ao seu favor, a França tem o bom posicionamento defensivo – foram apenas dois gols sofridos nesta Copa do Mundo.

“É difícil prever o que vai acontecer. Numa partida decisiva, existe uma fase de observação. É preciso ter serenidade para construir os passes e ver a temperatura da partida. O menor erro pode custar muito caro. Estamos conscientes disso e vamos jogar o máximo”, analisou.

Seu companheiro Mathieu Valbuena compartilha da mesma opinião, e não economiza elogios ao ataque alemão. “A Alemanha é uma nação que está sempre nas fases finais dos grandes torneios. Eles estão sempre entre os quatro. Sabe-se que o ataque deles é forte. Quanto mais aparecemos na competição, quanto mais nos aproximamos da final, mais os jogos ficam complicados. A Alemanha é uma referência”.

Para o confronto, a França deve ser praticamente a mesma que enfrentou a Nigéria. O 4-3-3 implementado por Deschamps tem surtido resultados, e as peças que compõe a equipe titular devem ser as mesmas, já que apesar dos recentes problemas de desidratação, a seleção não tem nenhum atleta no departamento médico. A única alteração garantida é a entrada do zagueiro Sakho, que ficou de fora das oitavas-de-final e se recuperou de lesão.

Na frente, a única dúvida na escalação: Olivier Giroud e Antoine Griezmann disputam uma das vagas no ataque, ao lado de Benzema e Valbuena. Olivier Giroud foi a primeira escolha de Deschamps, mas atuações apagadas do atacante do Arsenal (ING) deram espaço para o menos badalado Griezmann, que correspondeu às expectativas quando saiu do banco e ganhou a confiança do treinador.

Hummels e Boateng de volta ao time e um banco repleto de opções

Joachim Löw segue enfrentando as críticas em relação à sua filosofia de jogo, mas não parece interessado em mudar a forma de a Alemanha jogar. O descontentamento com o treinador cresce e a crítica especializada pede alterações na forma de jogar na equipe. Nos treinamentos, o treinador não demonstrou intenção de mudar o estilo de jogo. As alterações mais profundas acontecem no setor defensivo: Hummels está confirmado no time titular após não participar do jogo contra a Argélia, e Jerome Boateng possivelmente volta à lateral-direita.

As principais críticas estão relacionadas ao capitão da equipe, Phillip Lahm. Lateral-direito de origem, Lahm vem atuando como meia, enquanto Mustafi – que se lesionou e não joga mais a Copa do Mundo – e Boateng se revezaram para fazer a função de lateral-direito de forma improvisada. Löw fez mistério sobre o posicionamento do jogador e não revelou seus planospara o capitão.

“É claro que há essa discussão na Alemanha. Todos querem saber onde Lahm vai jogar, se será no meio, direita ou esquerda. Mas o que está sendo discutido lá não tem influência aqui. Tomaremos a decisão correta, mas saibam que elas não são para sempre. Vamos nos reunir antes do jogo e buscar a melhor solução. Ele fez um grande trabalho na direita, como também fez no meio. Temos todas essas possibilidades e vocês vão ver, na sexta-feira, onde ele vai jogar”, afirmou.

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O comandante ainda tranquilizou os torcedores a respeito da gripe que acometeu sete jogadores do elenco nesta semana. Em coletiva, o comandante garantiu a plena condição física de seus atletas. “Todos melhoraram e puderam treinar. Ainda estão um pouco gripados, mas não há ninguém exausto”, confirmou.

O posicionamento de Lahm não é a única dúvida na seleção: as opções no banco de reservas permitem variações no ataque da Alemanha e também mudanças na forma de jogar da equipe. Schürrle, decisivo no confronto contra a Argélia, é uma das opções para o ataque. Klose, que está há um gol de se tornar o maior artilheiro da história das Copas, é o único centroavante de área e fica no banco de reservas. Até o momento, Müller é o artilheiro da equipe e o principal destaque individual do ataque. No meio-campo, Schweinsteiger e Khedira também estão disponíveis para o jogo, conforme garantiu a comissão técnica em coletiva de imprensa.