Definir o jogador Jorge Valdivia não depende só do quanto você sabe do esporte. Não se restringe, apenas, à sua capacidade de percepção ou de quantos jogos por mês você acompanha. E isso se explica.

Valdivia é o extremo. Exatamente capaz com a bola – e a vontade - no pé. Com a cabeça em ordem, põe ordem na cancha. Não faz distinção entre os jogos grandes e partidas sem significância. Valdivia é o jogador abissal. Dos grandes altos e dos grandes baixos. Foi o craque-ausente do Palmeiras. E foi o craque que deu para ser, na ausência de Palmeiras nos últimos anos.

Valdivia foi criticado, rechaçado e aplaudido. Foi reverenciado, cornetado e invejado. É camisa dez e polêmico de ofício. E cativa as atenções, acima de tudo. E na Copa América de 2015, foi o que se espera dele.

Trajetória

Jorge Luis Valdivia nasceu venezuelano no dia 19 de outubro de 1983. Nasceu no futebol em meados de 2002. Nasceu na Espanha em 2004 e, por fim, nasceu para o Brasil – e pro mundo – em 5 de agosto em 2006.

Cercado por polêmica desde o início de sua carreira, Valdivia sempre foi homem dos holofotes. Ainda em seus primeiros jogos como profissional, quando atuava pelo Colo Colo, ficou suspenso por 16 partidas, devido a um episódio de agressão a um árbitro.

Mesmo assim, o jogador já despertava a atenção de todos, devido ao estilo irreverente e à rara qualidade técnica. No ano seguinte, o meia foi emprestado ao Universidad de Concepción, onde começou a se destacar de fato.

Conquistando a titularidade, Valdivia levou o time pela primeira vez ao topo da tabela e acabou conquistando o título de El Mago, em alusão à “magia” que fazia com a bola.

Após se destacar nos campos da américa do sul, Valdivia foi comunicado que se transferiria ao futebol espanhol, onde atuaria pelo Rayo Vallecano. Sem se adaptar ao estilo do país, o jogador trocou novamente de clube e foi jogar no Servette, da Suíça.

Com a baixa competitividade do campeonato suíço, o Mago rapidamente virou o principal jogador da equipe. Entretanto, o clube acabou falindo no início de 2005 e o meia voltou ao continente natal, para finalmente atuar pelo profissional no Colo Colo.

No El Cacique, Valdivia fez boa temporada de 2005 a 2006, se sagrando, inclusive, campeão do Apertura do Chile. A regularidade e o alto nível renderam sondagens de grandes clubes latinos, como os rivais Boca e River. O clube xeneize chegou a pré-registrar o jogador na temporada em questão, mas o negócio não se concretizou.

Ainda muito novo, o jogador já dava indícios de que despontaria. E as especulações não paravam

PALMEIRAS: MAGIA, LESÕES E POLÊMICAS

Oito milhões de reais. Esse foi o preço pago pelo Palmeiras para ter os direitos de Valdivia, que desembarcou no Brasil no segundo semestre de 2006.

O jogador enfrentava o grande desafio de sua carreira. Chegando já com certo status, ganhou a confiança do então técnico Tite e logo estava entre os titulares. Mesmo vencendo o Botafogo por 3x1 em sua estreia, Valdivia já começava a sofrer com os primeiros problemas físicos. Terminou a temporada com alternando bons rendimentos com algumas ausências, decidindo ficar no Palmeiras por mais uma temporada.

Em 2007, o técnico Caio Júnior chegava ao Palestra Itália e preconizaria uma das melhores temporadas do meia chileno no clube paulista. Valdivia recebeu a camisa 10 do time e começou a mil no Campeonato Paulista daquele ano.

Além das boas atuações, o meia foi importante na vitória do Palmeiras sobre o Corinthians por 3 a 0, em uma das últimas partidas memoráveis de Edmundo. A torcida começava a acolher o jogador.

Com premiações de melhor jogador na posição no ano de 2007, Valdivia já anunciava uma boa temporada no ano seguinte.

Fazendo campanha impecável com o Palmeiras no Campeonato Paulista, o chileno comandou marcou contra Corinthians e São Paulo, levando o time alviverde à final do torneio. Com uma sonora goleada por 5 a 0 – com direito a um gol de Valdivia – o Palmeiras foi campeão paulista depois de 12 anos e o jogador confirmava sua melhor fase no Brasil.

Logo após a boa temporada, Valdivia voltou a sofrer com as lesões. A queda de rendimento fez o jogador se transferir ao Al-Ain, onde jogaria até 2010, quando novamente voltaria ao Palmeiras.

A nova passagem do jogador no Palmeiras não foi tão boa quando à primeira. Com a maior reincidência das lesões e diversas polêmicas envolvendo técnicos, empresários e até um caso de sequestro, Valdivia não se firmou nas temporadas de 2010-2011, passando por anos mornos no clube.

Em 2012, em novo lampejo, foi importante para a conquista do título da Copa do Brasil, fazendo grande partida contra o Grêmio, nas semifinais; o empate em 1x1 garantiu o time na final da competição.

Boa atuação levou o time à final da Copa do Brasil

Mesmo com a conquista, Valdivia acabou participando da péssima campanha no Campeonato Brasileiro de 2012, o que culminou com o segundo rebaixamento da equipe.

Sem participar muito no ano de 2013, Valdivia voltou ao questionamento e especulava-se que o jogador voltaria ao mundo árabe em breve.

Com a volta do alviverde à elite nacional, Valdivia novamente viveu altos e baixos. Com mais uma catastrófica campanha do Palmeiras, mesmo no ano do centenário, a ameaça de rebaixamento novamente era uma realidade.

Inevitavelmente, a importância de Valdivia voltou à pauta. Com um time muito frágil, a dependência do chileno era muito grande por parte da equipe. O jogador foi mais uma vez essencial para o time escapar de um novo rebaixamento.

Em uma negociação às avessas, Valdivia acabou sendo anunciado por um novo clube no mundo árabe, mas a transação acabou não se concretizando. Com isso, o Mago conseguiu jogar as partidas restantes em 2014 e o time acabou escapando do descenso.

Em 2015, o Palmeiras era um novo clube. Com a reformulação estrutural, a permanência de Valdivia divergia opiniões, já que o time estava reforçado e em função de sua ausência nos primeiros meses do ano. Voltando ao time nas fases finais do Paulistão 2015, Valdivia novamente oscilou, fazendo boas e más partidas no estadual.

Com a indefinição, o atleta fez sua “despedida” do Palmeiras na vitória contra o Corinthians em Itaquera por 2x0, na 5ª rodada do Campeonato Brasileiro. Era sua última partida, já que a Copa América começaria e o jogador acabaria se transferindo em definitivo ao mundo árabe.

SELEÇÃO CHILENA

As atuações de Valdivia despertaram a atenção da seleção chilena desde sua época na base.

Seu início oficial foi na Copa América de 2007, onde o jogador não se destacou muito e acabou passando a maioria das partidas no banco de reservas. Das partidas disputadas na competição, Valdivia teve boa atuação na vitória contra o Equador, por 3x2.

Ao final da competição, no entanto, o jogador foi acusado de ofensas a uma camareira do Hotel e acabou sendo suspenso por 10 partidas. Sem atuar nos outros compromissos oficiais da equipe, retornou só em 2008.

Levando o temperamento complicado à seleção, o meia acabou repetindo atuações sem brilho e lances polêmicos. Ainda nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, Valdivia deu um carrinho em Luis Fabiano e acabou expulso. O questionamento, então, começou.

A partir da Copa do Mundo, Valdivia começou a reassumir o posto de referência no Chile. Teve uma boa participação e foi muito bem visto.

Mesmo sendo homem de confiança da maioria dos técnicos da seleção chilena, Valdivia sofria com as lesões. Os altos e baixos do atleta não davam a certeza das convocações.

Na Copa do Mundo de 2014, Valdivia fez boa estreia pela seleção chilena. Mais experiente, o Mago marcou o segundo gol contra a Austrália. Com uma boa safra de jogadores chilenos, a seleção roja teve boa participação no mundial no Brasil, sendo eliminada pela seleção anfitriã nos pênaltis.

Após a eliminação nas oitavas de final, Valdivia anunciou via rede social que se aposentaria da seleção. No entanto, para a sorte dos torcedores, restaria a Copa America de 2015.

Na melhor participação do chileno com a camisa da seleção, Valdivia comandou o esquadrão de Sampaoli rumo à final da Copa America. Sendo destaque do melhor time da competição, El Mago exerceu, enfim, o papel de líder dentro da equipe.

Com assistências, partidas excepcionais e uma disposição pouco vista nos últimos anos, Jorge Valdivia tenta ser campeão da Copa América de 2015 jogando em casa.

Na primeira fase, uma campanha impecável do Chile, comando por Valdivia: duas vitórias e um empate, num jogo emocianante contra o México que terminou em 3 a 3. No episódio, El Mago teve grande atuação.

Na fase seguinte, jogo com Uruguai. Em um jogo muito disputado, com grande posicionamento defensivo da seleção celeste, o Chile venceu por 1 a 0. Valdivia deu a assistência para o gol da classificação.

Na semifinal, vitória por 2 a 1 contra o Peru com nova boa partida de Valdivia. No próximo sábado (04) o jogador tem chance de encerrar uma irregular história na seleção com um título inédito.

É a chance de jogador de sair da seleção com o status de ídolo e, até, como melhor da competição.

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Sobre o autor
Lucas Berti
20 anos, Jornalista. Apaixonado pela comunicação e por futebol desde os primeiros balbucios. Mais um filho da pauta e adepto da informação.