Em entrevista ao jornal El País, o ex-jogador Xavi Hernández foi questionado sobre como projeta a Copa do Mundo da Rússia, a ser realizada em junho e julho deste ano. O espanhol lembrou da Seleção Brasileira, que deu a volta por cima com Tite após um período de incertezas sob o comando de Dunga, e enalteceu o potencial criativo da Espanha.

Segundo o embaixador do Mundial de 2022, que será disputado no Catar, a Canarinho consegue agregar talento e físico. Já o maior trunfo da Roja, ainda de acordo com Xavi, é o meio-campo, setor onde reúne atletas do calibre de Andrés Iniesta, David Silva e Sergio Busquets.

"Vejo que o Brasil se recuperou. Tem um timaço. E tem as duas coisas: talento e físico. Isso é difícil. Por isso a Espanha tem tanto mérito. Porque ganhou praticamente sem físico. Exceto Sergio Ramos, os demais, veja o que éramos: Arbeloa, Puyol e pouco mais", analisou o ex-atleta, recordando a conquista da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul – vitória por 1 a 0, na prorrogação, sobre a Holanda.

"Agora também: a Espanha tem sobretudo talento. Não existe um meio-campo como o da Espanha: não existe um Silva. Que jogador é melhor que o Silva? Não há. Que jogador é melhor que o Iniesta? Não há. Que jogador é melhor que o Busquets? Já chega! Esses são os jogadores que carregam o piano do time. Mais a velha guarda atrás: Alba, Piqué, Ramos e Carvajal. Com certeza a Espanha ganhou mais físico, mas não pode competir com a Alemanha nisso. A Espanha deve competir pelo talento", apontou.

Em outro ponto da entrevista, Xavi seguiu exaltando David Silva, um dos principais jogadores do Manchester City, líder isolado da Premier League.

"De Bruyne e Silva se adaptaram ao meio-campo [do City] porque são dessa classe de jogadores que sabem colocar-se em 360 graus, giram para os dois lados, enxergam todo o campo. Porque, pela maneira de jogar de Guardiola, você precisa de pontas puro-sangue nas laterais, como Sané. Sané dificilmente poderá jogar por dentro, porque não tem capacidade para driblar e fazer o giro que te dá espaço: esse giro feito por Messi, Iniesta, David Silva, De Bruyne e Gündogan... Talvez até Sterling. Sané, não. Ele precisa de campo. É como Bale: se você o colocar no meio, não serve. São jogadores de lateral, dribladores. Como Cristiano Ronaldo: ele não pode jogar por dentro. Não vai bem. De Bruyne e David Silva são um espetáculo... Parece que estamos descobrindo Silva agora!"

"Messi domina tudo"

Companheiro de Xavi em muitos anos de Barcelona, Lionel Messi também recebeu elogios do ex-jogador. Para Xavi, é errado equiparar o camisa 10 blaugrana a qualquer outro jogador do planeta.

Messi e Xavi posam para foto com a taça da Champions League, em junho de 2015 (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)
Messi e Xavi posam para foto com a taça da Champions League, em junho de 2015 (Foto: Shaun Botterill/Getty Images)

"Taticamente, entende tudo. É uma vergonha que o comparem a qualquer outro. Messi domina tudo. O espaço, o tempo, onde está o companheiro e o adversário. Antes só desequilibrava por habilidade e força. Agora te dribla de sacanagem, te atrai. Vê que tem um marcador e, como sabe que ele mete medo, espera que o outro venha, e quando estão três contra um, no momento exato, passa a bola. Isto eu vi o LeBron James fazer. Ao vivo, na final Cavaliers x Miami de 2014. O LeBron não é só um jogador individual. Quando o LeBron tinha dois em cima dele, fazia uma finta e passava, e o companheiro ficava livre e podia arremessar livre da zona de três pontos. Isso é o que fazem Messi e Iniesta. Atraem você até que haja um jogador livre. Se ninguém dos seus sai? Vamos jogar. Trabalhamos nisso desde meninos. Ou seja, onde está o espaço e onde está o homem livre", frisou.