Na temporada 2014-15, chegava ao Valencia o meia André Gomes, vindo de empréstimo do Benfica. Com um temporada sólida, marcada por 4 gols marcados e boas atuações no meio-campo, os Morcegos resolveram exercer a compra do português, que, no ano seguinte, continuou sendo um dos destaques do time, apesar de toda desorganização longe das quatro linhas, já Los Che tiveram quatro treinadores diferentes no período.

As boas atuações fizeram o Barcelona ir atrás e comprar André Gomes junto ao Valencia, por cerca de 35 milhões de euros. Na Catalunha, porém, nunca conseguiu repetir o futebol que apresentou no Mestalla, sendo um dos maiores alvos dos torcedores em relação às críticas. Em duas temporadas, o português marcou apenas três gols com a camisa blaugrana, o que pode explicar esse momento ruim. Pela primeira vez, o atleta deu suas declarações sobre essa fase que está passando pelo Camp Nou, e falou sobre a falta de confiança e suas frustações, em entrevista à Revista Panenka.

Sendo um tanto quanto sincero, André Gomes abriu o jogo e afirmou que não está se sentindo na sua melhor forma para jogar as partidas pelo Barcelona. “Não me sinto bem em campo, não consigo desfrutar de tudo que posso fazer. Os primeiros seis meses foram bastante bons, mas as coisas logo mudaram. Talvez não seja a palavra correta, mas todo esse ambiente se tornou um inferno, porque comecei a ter mais pressão. Com a pressão normal eu vivo bem, mas o que não me faz bem é a pressão para mim mesmo”, bradou.

Apesar das atuações abaixo da média e das críticas vindas das arquibancadas, o português continua recebendo chances com o treinador Ernesto Valverde. Sobre isso, André se defende: "Estou treinando muito tranquilo. Óbvio que há algum que estou com pouca confiança, porque isso nota nos treinamentos. Você sabe que sofreu. Talvez eu joguei no dia anterior ou dois dias antes e ainda estou com a imagem do jogo, o que não me permite seguir adiante. Mas no treinamento me sinto confortável com meus colegas de equipe."

A questão se torna ainda mais pesada quando o volante afirma que, por vezes, não possui vontade de sair de sua casa e ir à rua. A falta de confiança é tamanha que consegue afetar até as simples coisas que poderiam fazer parte de sua rotina. Além disso, ele diz que prefere não falar com ninguém sobre esse assunto, já que não consegue lidar com toda essa frustação que passa pela sua cabeça.

“Pensar demais me faz mal, porque sempre penso nas coisas ruins e depois no que eu deveria fazer, eu sempre vou ao ‘reboque’. Ainda que meus companheiros me apoiem bastante, as coisas não saem como eles querem que saiam. Não me permito aceitar a frustação que tenho. Então, o que faço é não falar com ninguém, não reclamar com ninguém. É como se eu me sentisse envergonhado. Já tive vontade de não sair de casa em mais de uma vez. Tenho medo de sair de casa por vergonha”, disse.

André afirma que a falta de confiança lhe afeta até mesmo quando um de seus companheiros de equipe tenta ajuda-lo, já que ele fica se questionando no motivo de não conseguir fazer as coisas melhorarem. “Me dizem que eu vou com o freio de mão, e o que mais custa é estar ciente de tudo isso. Fico chateado quando alguém me diz que posso fazer muitas coisas boas, mas me pergunto a mim mesmo: ‘Por que não as faço?’”, afirmou.