Não deu para o Cruzeiro. Na Argentina e diante de mais de 40 mil torcedores presentes no estádio Nuevo Gasómetro em Buenos Aires, a Raposa sucumbiu ante o San Lorenzo por 1 a 0 na partida de ida das quartas de final da Copa Libertadores da América. Os mineiros atacaram pouco e se defenderam bem, mas em um lance de bola parada, os argentinos conseguiram matar a partida. O resultado de 1 a 0 não foi o ideal, mas também não significa o fim das esperanças do Cruzeiro. Jogando o futebol habitual, os azuis irão precisar apenas de uma vitória por dois gols de diferença para obter a classificação.

Quanto ao San Lorenzo, figurinha repetida no gramado. Obtendo o mesmo placar da partida de ida diante do Grêmio, na fase anterior, os grenás saem de Belo Horizonte na próxima semana classificados caso consigam um empate. A repetição do resultado, mas com vitória celeste, leva aos pênaltis. Para a torcida, foi um presente pela dedicação e pelos cânticos entoados durante todo o jogo. Os jogadores passaram um bom tempo ao fim do jogo ainda em campo para celebrar o resultado junto aos fãs.

Um primeiro tempo de ataque contra defesa e de igualdade no placar

As movimentações iniciais da partida tiveram um quê de cautela e também de verticalidade. Ambos os times tinham qualidade no meio de campo e o alto número de passes bem aplicados tornavam difícil saber quem dominava o setor. Logo nos primeiros minutos, os dois times giraram bem a bola e tiveram seus lances de ataque parados pelos assistentes do árbitro Antonio Arias, que marcaram corretamente o impedimento dos homens de frente tanto de grená como de branco. A essa altura, um certo padrão de jogadas já se definia, com o San Lorenzo preferindo explorar a velocidade das pontas enquanto o Cruzeiro trocava passes espertos pela porção central do gramado.

Aos 15 do primeiro tempo, depois de uma partida de grande vontade embora muito leal, o San Lorenzo teve a primeira chance clara do jogo. Buffarini cruzou pela direita e, após o desvio, os argentinos puderam finalizar. A bola subiu demais e levou pouco perigo. Perto dos 20 minutos, o domínio ofensivo do time de Almagro era melhor, mas as subidas esbarravam no comprometimento dos mineiros na defesa. Pouco tempo depois da chance do Ciclón, o Cruzeiro respondeu com Ricardo Goulart. O meia recebeu na intermediária e após perceber a boa visão do gol, arriscou com força. A bola não foi bem direcionada e saiu ao lado esquerdo da meta de Torrico.

O San Lorenzo seguia mais lúcido no ataque e, aos 29, tiveram uma oportunidade que suplantou a anterior em qualidade. Buffarini, sempre ele, cruzou rasteiro pelo recorrente lado direito e Villalba apenas raspou a chuteira na bola, desperdiçando a agora melhor chance da partida. Aos 34, num misto de escanteio com chute, Más levou perigo ao gol de Fábio, que esmurrou para frente, afastando os riscos. O Cruzeiro seguia se esforçando na marcação, mas o lado direito parecia o mapa da mina dos argentinos. Villalba e Buffarini dominavam a porção do campo. Aos 37, em outro cruzamento rasteiro, Matos desviou, mas ninguém chegou para completar. A tônica nos minutos finais havia mudado e o time da casa, com mais obrigação de vencer, pressionava como podia.

Aos 40, durante o sprint final, saiu o primeiro cartão da partida. Gentiletti parou o ataque do Cruzeiro ao acertar Willian por trás na intermediária. Na cobrança da falta, Everton Ribeiro assistiu Ricardo Goulart que cabeceou com firmeza. No entanto, já havia a irregularidade, assinalada na hora pelo bandeira. Durante os minutos que antecederam o apito do árbitro, mais cruzamentos do San Lorenzo e Buffarini ainda livre. O Cruzeiro, bem postado, se defendia com afinco e apenas aguardava. Não houveram mais emoções e o primeiro assalto dos 180 minutos terminou em 0 a 0.

Na bola aérea, argentinos matam o jogo e levam vantagem para a volta

No segundo tempo, o San Lorenzo manteve o pique ofensivo, mas a pontaria ainda era ruim. Antes dos cinco primeiros minutos, Correa pegou uma sobra na boca da área e encheu o pé. A escolha por um chute potente se revelou errônea e a bola foi longe. O Cruzeiro respondeu pouco depois com Everton Ribeiro. O meia recebeu de Willian, mas bateu prensado e apenas ganhou um escanteio. Na sequência da jogada, Willian arriscou de longe e não assustou Torrico, que estava um pouco adiantado. 

O Cruzeiro não se fez de bobo e passou a aproveitar ataques. Contudo, além de parar na bem-postada defesa grená, ainda passou por um sufoco enorme antes dos 10. Após cruzamento, Matos cabeceou de maneira certeira, obrigando Fábio a operar um milagre. No rebote, o arqueiro celeste fez outra defesa espetacular, salvando os mineiros. O San Lorenzo ainda tentou uma terceira finalização, mas Samudio se atirou sobre o gramado para travar o rebote. O time de Almagro ia acertando a mira, mas o Cruzeiro se mantinha impecável enquanto se defendia.

O jogo havia ficado morno e a troca de passes se intensificou. A tranquilidade do Cruzeiro, contudo, foi afetada numa jogada de bola aérea, até então perfeita no jogo. Após um levantamento na intermediária, o zagueiro Gentiletti ganhou de Dedé na disputa pelo alto e desviou para o gol, pegando Fábio no contrapé: 1 a 0 San Lorenzo. O gol terminou de inflamar a torcida do time do Papa, que passou a cantar ainda mais alto e dificultou a vida do Cruzeiro, que precisava ser mais vertical do que vinha sendo.

Para mudar o panorama, Marcelo Oliveira trouxe ao time Dagoberto e Borges, entrando nas vagas de Willian e Júlio Baptista. Minutos depois, foi a vez de Edgardo Bauza fazer sua mexida no tabuleiro e Canejo, um zagueiro, entrou na vaga do atacante Ángel Correa. Aos 29, o Cruzeiro enfim deu sinal de vida. Ricardo Goulart recebeu na área de Everton Ribeiro e mandou por cima do gol. O camisa 28, porém, estava impedido. Após os 30, o San Lorenzo não tinha mais nenhuma pressa e ao Cruzeiro, restava apenas abandonar a tática e buscar na raça um gol para tranquilizar o time na volta.

Aos 40, houve a oportunidade de redenção para os azuis, mas na cobrança de falta, o levantamento de Everton Ribeiro foi infrutífero. A defesa argentina, intransponível, cortava o que vinha em direção a sua área. O tempo passava e não havia relógio que ajudasse. Fim de papo e vitória do San Lorenzo no primeiro embate continental.