Disparos contra 'desmanche', críticas sobre a falta de experiência do elenco e bronca em jogadores, mas permanência garantida no comando do São Paulo. Esses foram os temas da conturbada entrevista coletiva do técnico Juan Carlos Osorio na tarde desta sexta-feira, no centro de treinamentos da Barra Funda.

O treinador tricolor atacou a diretoria sobre a saída de cinco jogadores na última semana, disse que não sabe se mais algum atleta deixará o clube e também criticou as poucas opções para colocar o São Paulo na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Mesmo com o duro momento vivido, o colombiano fez questão de garantir que fica no comando do tricolor. "Em nenhum momento passou pela minha cabeça e dos meus auxiliares. Queremos ficar aqui, estamos orgulhosos. Temos confiança absoluta de que podemos reverter a situação e voltar a ganhar", disse o são paulino.

A entrevista coletiva, no entanto, não foi com tom tranquilo. Em sua primeira resposta, o técnico disse que não poderia dizer qual o time titular contra o Fluminense, no próximo domingo, pois não sabe se mais atletas deixarão o clube. "Há jogadores que possivelmente fiquem aqui ou que vão embora. Não há segurança para falar do time. Entendo a decisão de vender jogadores, mas não compartilho dela", disse o treinador, que na última semana perdeu os zagueiros Paulo Miranda e Dória, além dos volantes Denílson, Souza e Rodrigo Caio. "Não me garantiram nada, mas também não tinha me falado que sairiam três da mesma posição. Falaram que haviam propostas por vários, mas que não seriam vendidos cinco", afirmou.

Questionado sobre o elenco que agora tem em mãos e sobre o conturbado momento -- o time completará quatro meses de direitos de imagens atrasados --, Osorio disse entender a crise financeira vivida pelo São Paulo, mas também criticou a falta de experiência do time. "Entendo a situação econômica do clube, mas também eu acho que nossa maior responsabilidade é com o elenco, com a torcida, e com todos aqueles que têm um sentimento pelo São Paulo, é de fortalecer o time. Seguiremos, continuaremos sugerindo reforços. Que se concretizem ou não, não sei. Decisão da diretoria", disse. "Aqui, no elenco que temos agora, há 12 jogadores, no máximo 15, com 100 jogos ou mais [pelo time profissional]. O resto 50 ou menos. Cada um tire sua conclusão", continuou o treinador são paulino.

Osorio também comentou declarações polêmicas de jogadores nos últimos dias, como as de Paulo Henrique Ganso e Rogério Ceni. O meio-campista, apesar de elogiado por seu rendimento em campo, levou uma bronca do treinador. "Merece uma conversa, porque ganhamos juntos e perdemos juntos. Não gosto que ninguém individualize uma derrota", disse o treinador. Na derrota por 2 a 1 contra o Atlético-PR, o camisa 10 são paulino apontou falha da defesa no primeiro gol.

Já sobre Rogério Ceni, que criticou abertamente a diretoria após o revés no Paraná, Osorio disse entender a postura do capitão tricolor. "Entendo a posição de Rogério, conversei com ele. Ele me disse que era a última oportunidade dele. Falei que era a minha também porque se não ganhar não vamos seguir. Eu prefiro não ganhar dinheiro e ganhar títulos. Deveriam ter vendido menos atletas e manter um elenco com condições de brigar pelo título", completou o colombiano.

Sem vencer há três jogos, com clima conturbado e salários atrasados, o São Paulo volta a entrar em campo no domingo. Buscando se reabilitar no Brasileirão, o time encara o Fluminense, às 16h, no estádio do Morumbi.