A máxima de que a defesa começa no ataque é conhecida no mundo do futebol. As linhas ofensivas devem começar o trabalho de combate já no início das jogadas adversárias, tornando assim, a vida mais fácil para os companheiros de trás. Desde o início da era Jorginho à frente do Comando Técnico do Vasco da Gama, uma regra se aplicou: todos, sem exceção, devem marcar, começando pelos atacantes e finalizando pelos zagueiros. Com esta metodologia, a equipe não costuma sofrer muitos gols desde o ano passado, estando com isso, invicta há mais de cinco meses.

Peça fundamental deste esquema, o atacante Jorge Henrique trabalha arduamente para recompor e evitar os avanços do lateral referente ao seu lado de ataque, acompanhando o adversário e mantendo a formação defensiva quando a equipe não possui a posse de bola. Criticado por vários torcedores por aparecer pouco no ataque, o atleta tem lugar garantido no elenco titular graças à esta qualidade. Eder Luis, seu reserva, tem, em partes, o mesmo estilo. A velocidade dos dois ajuda bastante, na recomposição e na puxada do contra-ataque, ponto alto do time de Jorginho.

Os meias Nenê e Andrezinho, além dos volantes Julio dos Santos e Marcelo Mattos, contribuem na combatividade do time. Com idades mais avançadas, os meias ofensivos tendem a “tirar o pé” no que trata da marcação, já que de forma geral, estes atletas já não possuem o mesmo nível físico de atuação de outrora, mas no Vasco, graças à um dos mais avançados centros de reabilitação atlética do mundo, o CAPRRES, responsável no momento também pelo recondicionamento de Stephen Curry, jogador da NBA, a Liga Norte-Americana de Basquete, a história é outra. Nenê e Andrézinho conseguem manter o nível físico em um patamar alto para suas idades, se mantendo quase sempre em campo. O Centro conta com aparelhos de última geração, que contribuem muito na recuperação de na manutenção do condicionamento físico, extremamente importante para atletas de alto nível.

A solidez da defesa, composta na maioria das vezes pela dupla que mescla experiência e juventude, com Rodrigo e Luan respectivamente, é fundamental para manter números tão positivos desde o fim de 2015, mesmo com o rebaixamento da equipe. Auxiliados por Madson e Julio Cesar, laterais de ofício e bastante entrosados com o restante do grupo, o sistema defensivo de linha se completa, trazendo bastante tranquilidade para os torcedores.

Quando se fala em evitar gols, normalmente se esquece dos zagueiros, volantes e principalmente do restante da equipe. No “lugar comum”, o goleiro é o único responsável por isso. Na verdade, ele é o último responsável, já que se todos os outros falharem, ele se torna o último suspiro vindo das arquibancadas. E neste quesito, Martín Silva, que rechaça o título de ídolo vascaíno, vem se destacando. No clube desde 2014, contratado para a disputa da Série B, o goleiro uruguaio rapidamente ganhou o coração dos apaixonados pela Cruz-de-Malta. Protagonista de belíssimas defesas com a camisa do Vasco, Martín é hoje unanimidade entre os torcedores e membros da Comissão Técnica. Atravessando uma das melhores fases de sua carreira, o arqueiro vem garantindo o “zero” no placar adversário, como nas últimas rodadas, diante de Fluminense e Flamengo, onde, respectivamente, o Vasco conquistou a Taça Guanabara e a vaga para as Finais do Carioca diante do Botafogo.

Marcelo Mattos, o encaixe perfeito na proteção de zaga

Após o rebaixamento para a Série B do Brasileirão, o terceiro de sua história, a diretoria vascaína tomou uma atitude pouco vista na história do futebol brasileiro. Normalmente, após um ano ruim, boa parte do elenco é mandada embora, e vários nomes são contratados para a sequência do ano seguinte. Contudo, em 2015, algo incomum aconteceu. O rebaixamento veio com o aplauso dos torcedores, já que a reformulação no elenco, feita na metade do campeonato, por dois pontos, não fez efeito, o de salvar a equipe da degola. As chegadas de Nenê e Jorginho, deram um novo ar à equipe, tornando-a assim mais forte. Após o termino do campeonato, o elenco, que não era fraco, como o do primeiro turno, não carecia de muitas alterações. O destaque do Paysandu, Yago Pikachu, foi contratado após uma luta que durou semanas e que envolveu muitas especulações contra o rival Flamengo. Depois, foi a vez de Marcelo Mattos, contratado para suprir a carência de volantes com certa qualidade, já que Serginho, titular no ano anterior, havia sido vendido ao Sport.

Mattos chega ao Vasco com bastante desconfiança por parte dos torcedores. Conhecido no Rio por suas passagens pelo Botafogo, onde vivia altos e baixos, o atleta era recebido com nariz torcido. Após o bom início da equipe no Estadual, Marcelo foi escalado como titular em sua estreia, diante do Flamengo, em um São Januário lotado. O palco da partida, casa dos Vascaínos, não recebia o maior clássico da cidade há onze anos, e a pressão que pairava sobre os atletas era imensa. Com uma atuação segura, Mattos começou a ganhar a confiança dos torcedores ali. Marcando Guerrero, Ederson e Sheik, e dominando o meio campo com a ajuda de Julio dos Santos, o estreante provou seu valor a Jorginho, que a partir dali, começou a colocá-lo como titular no meio campo. Agora, com mais de dois meses de clube, Marcelo Mattos ajuda a manter os números adversos bem longe da Colina, sendo uma peça importante na construção defensiva da equipe.

Rafael Vaz, o reserva de luxo de Jorginho

Contratado junto ao Ceará em 2013, Vaz chegou ao Vasco da Gama com status de substituto de Dedé, recém negociado com o Cruzeiro Esporte Clube. Na ocasião, atuou em algumas partidas, marcando gols importantes e mostrando serventia. Porém, alguns erros individuais acabaram o atrapalhando e, em 2014, após a queda para a Série B, com 7 zagueiros no elenco, Rafael foi liberado pela diretoria para procurar outro clube. O atleta preferiu permanecer na Colina, treinando em separado. Meses depois, foi reintegrado ao elenco e, como antes, marcou gols importantes.

Este “sobe e desce” perdurou até as primeiras rodadas do Brasileirão 2015. Afastado por Doriva na pré-temporada da equipe, em Pinheiral, no sul do estado, Vaz outra vez se viu próximo de sair do clube. Com a chegada de Celso Roth, o zagueiro foi mais uma vez reintegrado ao elenco, permanecendo com a chegada de Jorginho, e se mantendo até hoje como trunfo da equipe.

O defensor possui características ofensivas, como o bom chute de média e longa distância, a qualidade no passe e habilidades para dribles curtos, além da velocidade, o que já lhe garantiu vaga como volante e lateral esquerdo, ambas improvisadas, mas com bom aproveitamento por parte do atleta.