Não há dúvidas de que o futebol é o esporte mais popular em todo o mundo e também uma paixão para milhões de pessoas. No Brasil não é diferente, tendo em vista que, além de um instrumento de lazer e entretenimento, o esporte também é uma ferramenta importante no processo de integração sociocultural da população. Um exemplo é o futebol amador, também conhecido em algumas regiões do país como futebol de várzea, por ser praticado por atletas não profissionais e em campos que não possuem estrutura adequada.

Em Belo Horizonte, há aproximadamente 150 equipes amadoras oficialmente registradas junto à Federação Mineira de Futebol (FMF), além de outras centenas de agremiações espalhadas pela cidade e também pela região metropolitana. Anualmente, são realizadas várias competições oficiais, como os tradicionais Torneio Corujão e Copa Itatiaia, idealizados pela TV Globo Minas e Rádio Itatiaia, respectivamente, em parceria com a FMF. Além disso, dezenas de competições de menor expressão são disputadas na capital mineira.

Diferentemente do futebol profissional, na várzea não existem estádios com infraestruturas extraordinárias, tampouco atletas e treinadores supervalorizados. Na realidade, as características do futebol amador são completamente o oposto do esporte de alto rendimento, devido às condições mínimas encontradas nos campos e nos equipamentos básicos para a prática do esporte. Sendo assim, a principal marca da modalidade é a simplicidade, uma vez que o mais importante não são os resultados obtidos por meio do jogo, mas o ato de fraternidade e comunhão entre amigos e demais pessoas da comunidade.

(Foto: Wesley Morau)
O esporte amador preenche lacunas deixadas pelo poder público (Foto: Hyago de Paula)

No entanto, grandes estruturas, bons patrocinadores e apoio do poder público não passam de mera ilusão para clubes do futebol amador. Entidades e agremiações subsidiam-se, na maioria das vezes, por meio de pequenas contribuições dos próprios atletas, dirigentes e torcedores. Como ressalta Léo Oliveira - administrador e redator do Futebola Brasil, portal especializado em futebol amador - as dificuldades vão além de espaço, material esportivo e uniforme. “O Brasil seria um país desenvolvido como Estados Unidos e Suécia, se eventualmente todo o dinheiro público desviado fosse investido no esporte, sendo aplicado em projetos bem estruturados e regulamentados”, declarou.

Embora existam diversas adversidades, o futebol amador sobrevive porque há pessoas que acreditam na força do esporte. Nilson Alves dos Santos, treinador do Novo Brasil FC, clube do bairro Itapoã, na região da Pampulha, reforça que “a principal dificuldade é a falta de incentivo, tanto governamental quanto do setor privado. Apesar de muitas vezes ter que arcar com todos os custos que envolvem os jogos, eu amo o futebol e faço de tudo para estar na beirada do campo”, finalizou.

Além de possuir um papel preponderante no processo de integração social, o futebol amador também preenche lacunas deixadas pelo poder público. João Batista Pereira, treinador do Valmap FC, clube do bairro São Bernardo, na zona norte de Belo Horizonte, destaca que o esporte é uma ferramenta importante na formação do caráter de crianças e adolescentes. “O que nos move é muito mais que o futebol. O mais importante é retirar jovens da rua e afastá-los da violência”, acrescentou.

Comandado por João Batista Pereira, Victor Alexandre, 15, está entre uma parcela significativa de atletas que tratam com muita seriedade as competições amadoras organizadas pela FMF. Devido aos torneios serem uma espécie de vitrine para empresários e olheiros de clubes profissionais, o destaque do jogador no futebol amador pode ajudar a despertar o interesse de times da elite do futebol brasileiro. “Estamos aqui hoje, porém, sempre buscando ser observado por um clube de grande expressão”, revelou o jovem defensor, atualmente no Valmap FC.