A retrospectiva do ano que se aproxima do fim e projeções para que está chegando são clichês repetidos em todo mês de dezembro. E no Atlético-MG não é diferente. Em entrevista coletiva na semana de preparação para a última partida da temporada, Fred não poupou palavras para avaliar o ano do Galo e seu desempenho particular.

A coletiva de quase meia hora não poderia fugir do assunto mais importante dentro do clube no momento: a possibilidade de classificação para a Copa Libertadores de 2018. O título continental do Grêmio no meio da semana abriu mais uma vaga dentro do campeonato, que classifica até o oitavo colocado.

Para se garantir na Libertadores, o Galo precisa vencer o próprio tricolor gaúcho, no Independência, às 17h desse domingo (3), e torcer por uma combinação de outros resultados. Fred falou sobre uma eventual preocupação com outras partidas, que acontecem no mesmo horário.

“Oswaldo pediu para a gente não se preocupar no que acontece durante os jogos, mas é quase impossível. Vamos fazer nossa parte e procurar saber dos outros resultados. Não é simples, a gente depende dos outros, quem sabe a vaga não vem para a gente. Todos os erros que a gente comete temos que usar para crescer, amadurecer. Pelo que a gente fez, acho que estamos na situação que a gente merece. Temos que ganhar e depender dos outros. As outras equipes fizeram por merecer estarem melhor. A gente fez por merecer estar nessa situação. Não foram os últimos dois jogos, cinco jogos”, afirmou.

Saindo do assunto da partida seguinte, o jogador também falou sobre as trocas de comando no Atlético em 2017. O time começou o ano comandado por Roger Machado, que deu lugar a Rogério Micale; agora, tem em Oswaldo de Oliveira seu treinador. O camisa 9 alvinegro elogiou o desempenho do atual comandante, mas ressaltou as dificuldades motivadas pelas trocas no comando da equipe.

“Oswaldo tem uma média muito boa, esse ano tivemos três treinadores. A troca é ruim para qualquer clube, não só para o Galo. É ruim para toda equipe que troca muito. Vai sofrer, brigar lá embaixo. Todo mundo tem uma parcela de responsabilidade no ano, que não foi do jeito que a gente esperava, achava que deveria ser. Precisa servir de aprendizado para todo mundo”, analisou.

Fred é o artilheiro do Atlético no ano, com 29 gols marcados. Apesar disso, o rendimento do jogador foi instável, alternando momentos de jejum e boas fases. O atacante é seguido na lista por Robinho, que anotou 13 tentos para o Galo em 2017. Os dois nomes de maior peso no ataque atleticano foram alvos de muitas críticas da torcida durante o ano, em especial o camisa 7. O jogador parece agora ter voltado a render o esperado pela torcedor, depois da chegada de Oswaldo de Oliveira. Tema de muitos questionamentos ao longo do ano, Robinho também foi personagem da avaliação de Fred.

“No primeiro ano [no Galo, 2016] ele foi artilheiro do Brasil, foi muito bem. Chegou junto com o Galo na final da Copa do Brasil, foi um ano muito bom para ele, ano em que mais fez gols na carreira. Esse ano a gente conversava muito, a gente estava sofrendo muito, querendo fazer algo que não era da nossa característica. O Robinho foi o que mais sofreu. Eu sou centroavante, consigo voltar menos. O Robinho, principalmente com o Roger, ia lá na nossa grande área defensiva marcar, o campo tem 80 metros para chegar. Acho que ele sobrecarregou muito taticamente. Sequência quarta, domingo. É fácil com os mais novos. Você pega o Otero, se tiver um jogo domingo e um segunda, ele joga. Para a gente, não. Cazares sofre para fazer isso, pela característica, apesar de ser mais novo. Acho que o Robinho saiu muito das características dele. Sofri querendo ajudar, mas acabou me prejudicando”, considera Fred.

Fazendo uma autoanálise, Fred se cobrou pelo gol perdido na última rodada contra o Corinthians. Na ocasião, o jogador recebeu a bola na área cara a cara com o goleiro Cássio, conseguiu driblá-lo, mas na conclusão, com o gol aberto, finalizou por cima das traves. O gol poderia ter dado a vitória ao Galo, mas a partida terminou empatada, o que dificultou a situação do time na busca da vaga pela competição continental, disputada pelo Atlético nos últimos cinco anos. Utilizando a oportunidade perdida como ponto de partida, Fred falou sobre aspectos de sua temporada.

“Qualquer um poderia ter errado aquele gol, menos eu. Fui frio quando o Cássio saiu, fechou meu ângulo. Um pouco de precipitação no arremate, tive que dar uma ajeitada. Quando dei o corte, vi um vulto passando, acho que era o Balbuena, a bola ficou muito no meio do meu corpo, acabou subindo. Foi detalhe. O que me conforta é que tentei dar o meu melhor. A Libertadores não vai deixar de vir porque errei aquele gol, porque perdi um pênalti há dez rodadas. A Libertadores não está consolidada, dependendo só da gente, pelas irregularidades, trocas, metodologias, Uma hora uma coisa, outra hora outra. Os números comprovam. A gente não pode nem falar isso para não causar uma injustiça. Oswaldo poderia ter ficado o ano inteiro e não ter dado certo. Mas as coisas melhoraram [com o atual comandante]. A culpa deste ano nosso estar nas mãos de outras equipes é nossa. Nossa é todo mundo que está diretamente e indiretamente no campo”, concluiu.

Com 34 anos, Fred tem contrato com o Atlético até dezembro de 2018 e é uma das peças importantes do elenco para a próxima temporada, independente das competições disputadas. Em 2017, o atacante chegou à marca pessoal de ser o quarto maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro.

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Sobre o autor
Bernardo Estillac
Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais