O zagueiro Digão, do Fluminense, esteve presente em palestra do projeto "Craques da Paz". Além do jogador do Flu, teve a participação do psicólogo Marcos Werton, o cantor Bruno Jovita, e também ex-jogador Fabinho. O tema da palestra foi "superação". O evento acontece uma vez por mês, e já teve a participação de diversos jogadores do futebol carioca, nomes como Rodrigo CaioEverton Ribeiro e Diego do FlamengoAndrey volante do Vasco, já marcaram presença na reunião.

O jogador contou detalhes da chegada ao Fluminense e a dificuldade de estar centrado no futebol para se manter na categoria de base, até chegar ao profissional. Além da subida ao time profissional.

"Nasci em Belford Roxo, cheguei no Fluminense com 13 anos. Sabemos da dificuldade de permanecer na categoria de base, nos que começaram comigo, somente três se tornaram profissional, dentre esses três, o Marcelo, do Real Madrid. Sempre fui instruído pela minha mãe a esperar, ter paciência que as coisas vão acontecer no momento que Deus permitir. Quando subi ao profissional cheguei preparado a esse momento. Fiquei na ansiedade de falar mal de treinador, achar que o treinador ta de panela porque não te coloca pra jogar. Mas fui muito paciente, esperei meu momento e quando veio já estava preparado para tudo", disse.

O defensor revelou a luta da família para dar o devido suporte, especialmente de sua mãe. Ele chegou a fazer uma promessa a ela.

"Chegou o momento que minha mãe não tinha dinheiro da passagem, ela foi uma guerreira. Quando fui para Arabia disse pra ela que no primeiro salario daria uma casa, e pude cumprir", falou o jogador.

O camisa 26 comentou sobre a superação na carreira, além da pressão que envolve em ser um jogador de futebol, ainda mais de um clube grande.

"É pressão diariamente, torcida, imprensa, até em casa existi essa pressão. Então somos testados diariamente, então a gente se supera. Como teve na semana passada o caso do Sidão, foi uma covardia muito grande. Ele se superou, jogou muito bem e ajudou seu clube. Minha maior superação foi sair de onde surgi, local humilde, família pobre, onde vários jogadores tentaram se tornar profissionais e não conseguiram. Por isso ouvi muito de colegas, vizinhos, para desistir do sonho, que não daria certo pelo fato de outros jogadores não terem conseguido. Então meu maior desafio foi calar a boca dessas pessoas, que falaram que não daria certo e hoje em dia esta a prova, uma prova de superação muito grande que jamais vou esquecer", revelou.

O zagueiro e capitão revelou que já sofreu racismo. O fato infelizmente não é mais novidade no futebol, geralmente acontece em todo parte do mundo. Vale lembrar que recentemente na partida eletrizante que o Fluminense derrotou o Grêmio, em Porto Alegre, o atacante Yony Gonzalez foi vitima de racismo, de alguns torcedores gremistas.

"Sofri racismo em partida do Fluminense pela Sul-Americana. Pessoal bem preconceituoso, xinga mesmo, chama de macaco e tudo mais. Mas sinceramente não me abala, procuro fechar os ouvidos e focar na partida", declarou Digão.

O defensor do Tricolor revelou que está bem próximo de voltar a ser relacionado para os jogos. Ele que sofreu fratura na fíbula da perna esquerda. Ainda comentou sobre o zagueiro Nino que tem se destacado, ocupando a posição do zagueiro que estava afastado por causa da lesão.

"Graças a Deus estou voltando, lesão esta praticamente curada, voltei a correr, fico feliz por isso, sabe que esse momento de lesão é chato, por ficar de fora, você assistir os companheiros jogar é complicado, mas sabemos que faz parte do futebol. Bate a ansiedade de voltar aos jogos, mas tem que ser com calma porque foi uma fratura grave. Fico muito feliz pelo Nino, por estar jogando, fez gol no ultimo jogo, vai nos ajudar muito", expressou.

O ano de 2009 pareceu ser assustador para o Fluminense. Pelo fato do time ter terminado o primeiro turno abaixo da tabela e muitos comentaristas e torcedores acreditavam no rebaixamento, pois as chances eram pouquíssimas. Digão encarou como desafio a batalha para livrar o Tricolor do rebaixamento.

"O momento em 2009 que o Cuca lançou os mais jovens, eu encarei como desafio, foi um desafio muito difícil, eram 99% de chances de ser rebaixado e a molecada conseguiu dar a volta por cima e deixar o Fluminense na primeira divisão. Foi uns dos desafios mais forte que tive profissionalmente. Graças a Deus no final terminou bem", declarou.

Falta bem pouco para o zagueiro voltar a jogar, tanto que ja consegue correr pelo campo. Por causa da lesão estava impossibilitado de realizar esse tipo de atividade. O defensor também comentou sobre o trabalho do técnico Fernando Diniz, que tem sido elogiado constante pelo bom trabalho que tem feito no Fluminense.

"Estou muito feliz, porque voltei a correr hoje, as coisas estão indo no caminho certo e já já estarei de volta para ajudar o time. Que já esta muito bem, mas sempre bom estar reforçando com os jogadores, pois sabemos que o ano é muito longo e vai precisar de todo mundo. Vejo o esquema do professor Diniz com bons olhos, acho que é um esquema diferente, novo, para a gente do futebol brasileiro. Mas eu to lá diariamente com ele, sei o quanto ele treina, chegamos 8h e saímos 13h de tanto de repetição que ele faz. Vem dando resultado, o trabalho ta sendo muito bom, jogos importantes a gente tem vencido e jogado bem, esperamos manter esse ritmo forte até o fim do ano para terminar de uma forma boa e deixar o Fluminense no lugar que ele merece, que é brigando no topo", finalizou.