Recém completada 23 anos de existência, a ONG Craques da Vida, idealizada por Franklin Ferreira em sua comunidade, a Vila Aliança, em Bangu, está de volta às atividades presenciais com seus atletas, comissão técnica e um protocolo único, em prol da saúde dos envolvidos. Através da parceria com entidades esportivas, seu projeto atravessou grande parte desta Pandemia com assistência exemplar para os jogadores.

Em entrevista exclusiva à Vavel Brasil, Franklin detalha tudo sobre o projeto e como ele tem sido benéfico não só para sua equipe, mas para toda a Vila Aliança. 

"O Craques da Vida acontece há 23 anos aqui na comunidade da Vila Aliança em Bangu, temos cerca de 120 jovens, de 4 até 18 anos, e nosso carro-chefe é o futebol. Apesar disso, nosso foco principal é formar cidadãos através do esporte, pois caso o atleta não vire jogador profissional, ele ganha em estudo, e isso conseguimos graças ao apoio comercial Alicerce, criada pela Pérolas Negras Viva Rio, que incentiva aulas de português e matemática aos atletas", comenta o fundador da ONG.

Atletas treinam na Vila Aliança. (Foto: ONG Craques da Vida)
Atletas treinam na Vila Aliança. (Foto:  Kelvin Dilan Gomes/ONG Craques da Vida)

O projeto

Em duas vertentes, Franklin destaca as atividades separadas em uma linha de exercícios para jovens que buscam no esporte, uma ocupação, e outra para os atletas que disputam campeonatos e visam o sonho de se tornar jogador profissional. Em dois campos dentro da Vila Aliança, o fundador conta com uma extensa equipe de colaboradores que se dividem entre os campos do Mangueiral e o Maracanã da Vila, além do trabalho voluntário de redes sociais.

"Por aqui temos jogadores da própria comunidade, mas também recebemos atletas de Niterói, Seropédica, Realengo, Campo Grande, Padre Miguel, e outras áreas adjacentes. Sou o Presidente, fundador, o maluco que faz tudo, roupeiro e tudo mais (risos). Através dessa ONG nós mostramos para todos que a favela não é só violência, não queremos vitimismo e sim mostrar para o que viemos, que aqui tem muita coisa boa", ressalta Franklin.

Sua equipe é composta por vasto número de pessoas voluntárias, e conta com grande participação de Mateus Monteiro e Diego Matheuz, treinadores que estão à frente do projeto e responsáveis pela implementação da metodologia 180º Training Soccer - estilo de jogo praticado pelas equipes da ONG, adotadas desde as primeiras categorias infantis até as mais avançadas.

Além dos treinadores, Franklin destaca o papel fundamental da sua equipe que faz por amor, o andamento e evolução do Craques da Vida. "Aqui ninguém recebe nada, montamos um grupo qualificado enorme, que tem também o Dênis, que foi ex-jogador do Flamengo, o Wallace Adriano, que participou aqui conosco e hoje é um dos professores, o Fabão e o Parangaba que criaram tudo comigo, além de todos os voluntários que trabalham em nossa rede social e ajudando cada vez mais no crescimento", destaca.

Apoio na Pandemia

Revelando sua contaminação por Covid-19, Franklin aponta grandes parceiros que ajudaram no momento de instabilidade social vivido desde março, quando a pandemia foi confirmada no Brasil. 

"Eu peguei o vírus fazendo ações comunitárias, estive nas ruas ajudando e acabei contaminado. Mas graças aos apoios da CUFA, SOS Viva Rio, do Flamengo, G10 Favelas e amigos próximos que doaram muitos itens, conseguimos ter sucesso nesse período".

Franklin realiza ações comunitárias na Vila. (Foto: ONG Craques da Vida)
Franklin realiza ações comunitárias na Vila. (Foto: Kelvin Dilan Gomes/ ONG Craques da Vida)

De acordo com Franklin, um grande aliado da ONG nessa época de Pandemia foi o Flamengo. Através da parceria firmada com a Camila Nascimento, Gerente de Responsabilidade Social do Rubro-Negro, seu projeto recebeu grandes doações do clube que foram fundamentais para os atletas e funcionários. 

"O Flamengo doou 35 testes para detectar o vírus. Além de toda ação que o clube promoveu na comunidade, recebemos cestas básicas, álcool em gel, amendoins trazidos pelo clube, foi uma grande moral do Fla, que hoje é o time mais europeu que temos aqui no Brasil".

Protocolo 

Franklin revela que para lidar com o distanciamento social, seus atletas de início treinaram grande parte do período em casa. Sessões online foram realizadas pela equipe do Craques da Vida. Com o todo o suporte para o delicado momento, foi montado um protocolo único para o grupo da comunidade.

Divididos em cinco fases, onde cada uma é separada por: exames, treinos individuais, treinamento coletivo, amistoso e campeonatos, hoje os atletas estão na terceira etapa, onde desde terça-feira (4) retomaram os exercícios em conjunto - apesar disso, divididos em três grupos de 10 atletas.

A comissão do projeto realiza os treinamentos de máscara, os jogadores têm a temperatura verificada antes das atividades, todo o material utilizado em campo é limpado com o álcool em gel, e o contato é evitado à risca.

Expansão

Cada vez maior dentro da Vila Aliança, e mais influente na vida dos jovens atletas, a ONG Craques da Vida está se mobilizando através de "vaquinhas online" para ter sua primeira sede. Para Franklin, esse passo será fundamental para a construção da identidade do projeto, que já tem até local definido: Avenida dos Funcionários, nº 77 - Vila Aliança, Bangu/RJ.

O crescimento é notório. Cada vez mais os resultados em campo tem surtido efeito na vida de Franklin e sua equipe. Campeã da Taça das Favelas em 2017, a Vila Aliança tem se tornado uma potência de jovens jogadores que integram as categorias de base de clubes como Vasco e Botafogo. Toda essa expansão fez valer a criação de um documentário que está previsto para ser lançado ao final do ano, e fala sobre o projeto. 

Conheça mais detalhes da ONG Craques da Vida:

Clique aqui para ver mais informações do projeto Craques da Vida no site oficial. Através do Instagram e Facebook, o projeto também divulga novidades e informações.