Na última quarta-feira (21), o São Paulo venceu o CATs/Taboão da Serra por 29 a 0, em partida válida pela segunda rodada do Paulistão Feminino. A diferença técnica entre as duas equipes foi visível, a equipe tricolor já possui um time entrosado e com nomes de destaque nacional no elenco. Por outro lado, o CATs participa pela primeira vez do campeonato paulista.

Ao final do primeiro tempo da partida, a capitã Nini foi questionada sobre o placar e fez uma declaração forte e abordou a falta de apoio que as jogadoras e a comissão técnica recebem dentro do clube.

Infelizmente a gente usa a camisa do CATs, mas em pouca coisa o clube nos ajuda. É mais a vontade da comissão técnica mesmo, as atletas estão sem ganhar nada, ninguém tem salário, ninguém tem condução, a gente não tem roupa de treino, não tem apoio nenhum do clube. A gente simplesmente usa o nome do clube para participar do Campeonato Paulista porque acredita que é uma oportunidade para as meninas mais novas”

Outro exemplo que pode ser citado é a goleada do Flamengo/Marinha sobre o Greminho por 56 a 0, em setembro de 2019, pela terceira rodada do Estadual do Rio de futebol feminino. 

FALTA INVESTIMENTO NO FUTEBOL FEMININO

Placares elásticos não refletem o futebol feminino, mas essas partidas são manchetes nos principais portais esportivos, que fora de contexto, faz o público acreditar que o nível da competição feminina é fraco. Mas na realidade, boa parte dos clubes não investem como deveriam na modalidade e causam um abismo de rendimento técnico entre as adversárias.

Diversas piadas em redes sociais foram feitas, uma injustiça com as jogadoras do CATs, que apesar de toda dificuldade, mantiveram a cabeça erguida e não desistiram do jogo. A capitã Nini reforçou em sua entrevista a falta de treinos antes do início da competição.

“Nós conseguimos um campo recentemente, treinamos três dias antes do início do Campeonato Paulista, nesta semana tivemos mais dois dias de trabalho no campo, então é muito difícil jogar e posicionar taticamente contra um time do nível do São Paulo”

Desde 2019, por determinação da CBF, os clubes da série A do Brasil são obrigados a formarem equipes femininas, caso contrário serão proibidos de participarem de competições sul-americanas, como a Libertadores.

A gestão dos grandes clubes só começou a investir no futebol feminino devido a uma norma, mas é a partir de medidas como essa que a modalidade terá a chance de crescer e ser competitiva, tornando o produto atrativo para receber mais investimento e patrocínio.

No entanto, o investimento efetivo é realidade apenas para algumas equipes. Mesmo no Paulistão Feminino, o campeonato estadual mais forte do país, existe grande diferença fora e dentro de campo entre as equipes.

As responsáveis por esse cenário não são as atletas. A gestão dos clubes e federações devem ser cobrados. Devem apoiar, criar mais divisões para nivelar as equipes e fiscalizar se o dinheiro está sendo destinado para a modalidade.

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