Era para ser um sábado de festa. Mas foram necessários apenas 45 minutos para que a euforia da torcida do Náutico desse lugar à frustração e à revolta após os gols sofridos na derrota para o Oeste por 2 a 0, pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro 2016. Já na ocasião do segundo gol, boa parte dos mais de 25 mil torcedores alvirrubros presentes na Arena de Pernambuco ficou irritada e a apatia mostrada pelo time na primeira etapa continuou durante todo o segundo tempo.

Até que, por volta dos 36 minutos da segunda etapa, enquanto o goleiro do time paulista se preparava para cobrar um tiro de meta, alguns torcedores do setor atrás do gol defendido pelo Oeste começaram a invadir o gramado e foram em direção de alguns atletas do Náutico, como o atacante Rony, que vinha sendo bastante criticado pela torcida. No mesmo instante, um objeto foi arremessado e atingiu o jogador Francis, do Rubrão, ato relatado na súmula do árbitro André Luiz de Freitas Castro.

A partir daí, o que se viu na Arena de Pernambuco foi uma confusão generalizada. Muita gente deixando as arquibancadas e vários outros torcedores invadindo o gramado. Um deles chegou até a fugir dos policiais que tentavam conter a confusão, pegar a bola do jogo, correr com ela nos pés até a meta defendida pelo Náutico e chutar em gol, para delírio da torcida ainda presente. Depois de algum tempo, fez o mesmo na outra meta, sendo capturado só depois pelos militares.

Foram necessários 19 minutos para que o Batalhão de Choque da PMPE pudesse conter o tumulto. Quando tudo estava normalizado, o que se via eram pouquíssimos torcedores nas arquibancadas e muitos objetos jogados no gramado, inclusive cadeiras. Após os invasores serem detidos, o árbitro reiniciou a partida que foi até os 48 minutos e não reservou nenhuma grande emoção.

Segue relato na íntegra do árbitro na súmula: "Aos 36 minutos do segundo tempo, foi atirado no campo de jogo um objeto não identificado pela arbitragem que atingiu a testa do atleta n 14, Sr. Francis José da Silva, da equipe do Oeste Futebol Clube, que se encontrava dentro da área de meta da sua equipe. No momento, o jogo estava paralisado para a cobrança de um tiro de meta em favor do Oeste FC. O objeto foi lançado por um torcedor, não identificado, que se encontrava na área destinada a torcida do Náutico. Nesse momento, ocorreram invasões de torcedores do Náutico de vários pontos do campo principalmente atrás da meta da equipe visitante, que foram em direção aos atletas da equipe do Náutico, os quais foram contidos pelo policiamento e por alguns jogadores do Náutico, não sendo presenciado pela equipe de arbitragem nenhuma agressão física no campo de jogo. Informo também que a equipe de arbitragem em momento algum sofreu algum tipo de agressão por parte dos invasores. Em razão do fato ocorrido informo que a partida ficou paralisada por 19 minutos e só foi reiniciada após o comandante do policiamento o capitão da PM Sr. Walker garantir segurança para a sequencia normal da partida. Informo também que o atleta atingido, após receber atendimento médico, reuniu condições normais de jogo e voltou após a paralisação".

Policiais conseguem deter invasores e acalmar os ânimos. Foto: Ney Gusmão/VAVEL Brasil
Policiais conseguem deter invasores e acalmar os ânimos. Foto: Ney Gusmão/VAVEL Brasil

Devido ao ocorrido, o Náutico poderá ser punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com uma multa de até 100 mil reais, além de perder o mando de campo em até dez partidas, segundo o Art. 213, inciso I do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, assim redigido: "Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial".

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Sobre o autor
Ney Gusmão
Recifense, de Jornalismo e amante do esporte mais popular do mundo.