Lohaynny Vicente, atleta de badminton carioca. Essa menina encarou o mundo e preconceitos, agora é a primeira brasileira a representar o país nos Jogos Olímpicos. De origem humilde e com uma bagagem de experiências, a jovem de 20 anos agora só pensa no orgulho que sua família terá dela, assim como todo torcedor brasileiro.

Nesta quinta-feira (11), a atleta Lohaynny estreou contra a indiana Saina Nehwal, número um do mundo em 2015, a brasileira ficou atrás do placar, 2 a 0 (21/17 e 21/17), porém se colocou à frente de vários muros erguidos em sua vida. A jovem esqueceu lembranças tristes e superou dificuldades. Ainda menina, viu seu pai, ex-chefe do tráfico no Chapadão ser morto. Escolheu seguir o caminho dos esportes, entrou para um projeto social na favela da Chacrinha.

Esta semana, no Riocentro, foi aplaudida de pé, viu subir à sua frente um muro, porém, este era de pessoas que a aclamavam. Lohaynny superou a dor da perda e a pobreza, apresentou à mãe um esporte desconhecido, abriu as portas para uma nova vida, uniu a família e amigos que ontem foram acompanhar a disputa inicial da sua participação olímpica.

“Não fiquei com medo. A pressão estava do lado dela (indiana Saina Nehwal), que jogou várias Olimpíadas. Era a minha primeira. Óbvio que queria ganhar, mas só de jogar já é muita coisa. Porque sou a primeira brasileira a jogar badminton nos Jogos”, orgulha-se Lohaynny.

O outro representante brasileiro no badminton, Ygor Coelho, vem do mesmo projeto da Chacrinha e se disse imensamente feliz por poder ver os dois neste patamar em um evento mundial esportivo.

Nunca ligamos para preconceito. Mas no início tinha, sim. Dentro do esporte, as pessoas passavam longe. Ignoravam a Lohaynny, a mim e os outros alunos do Miratus. Hoje, não. Todo mundo fala com a gente”, o jovem tentou explicar o significado do primeiro dia de competição para o badminton e para eles dois.

Cada dia que passa, a jovem menina se orgulha dos passos que dá, no sábado (13), entrará em quadra diante da ucraniana Maria Ultina na busca de uma sonhada classificação para as oitavas de final dos Jogos Rio 2016. Olhando para frente, não esquece o passado que fez construir o seu futuro.

Valeu a pena quando tive que treinar descalça, sem raquete ou sem peteca. Às vezes eu pensava em desistir. Mas lutei pelo meu sonho, consegui e esse momento sempre vai ficar na minha memória”.