Ser jornalista não é fácil, ser jornalista é deliciosamente difícil. Acho um barato o povo que acredita que para exercer a profissão precisa apenas receber a pauta, ler e escrever o que pensa, ou dissertar sobre um tema. 

Ser jornalista envolve amor, e por mais que exista, tem aquele dia que é igual brigar com o namorado: você não quer falar com ele, mas precisa falar e - meio que emburrada - vai lá e fala. Assim funciona, tem dia que você acorda e simplesmente não quer escrever, mas precisa, e “tem que”, e escreve.

Além de ser jornalista não ser “fácil” como alguns pensam, imaginem ser jornalista, mulher e no mundo automobilístico?

Pois é, são muitas perguntas do tipo: “Mas você gosta mesmo de carro?”, “Como você tem paciência de ver estes carros girando, girando e girando sem sair do lugar?”, ou “mas você está aqui “SÓ” pelas corridas? ” e etc, etc, etc ...

Praticamente nasci dentro do Autódromo de Interlagos. Minha mãe acompanhava meu pai que era piloto do Campeonato Paulista de Automobilismo, desde antes de eu estar na barriga dela.  Eu andei de kart, entre idas e vindas, praticamente a adolescência inteira. Tenho quatro costelas trincadas de brinde.

Já fui bandeirinha (um salve para o pessoal da Speed Fever, minha segunda família) e hoje em dia administro um campeonato de kart com amigos, além de ter aceito o desafio de ser “chefe de equipe” de uma equipe das 500 milhas de kart amador 2015 e este ano das 24 horas de kart (valeu, meninos da EMC Kart team).

O que quero dizer com isto? Eu amo automobilismo e estou mais do que acostumada com estas perguntas “sem nexo”.

Agora, o pior de tudo? Apesar de estar no mundo automobilístico desde que me conheço por gente, eu sou torcedora, fanática, fico ansiosa a cada largada, seja da Formula 1 ou de uma bateria de Kart amador. O ronco dos motores me arrepia até hoje. Sou daquelas que amassa a latinha de refrigerante com a mão quando vê dois, três ou mais carros entrando numa curva juntos, disputando cada lasquinha de tinta do adversário.

Sou fã que sofre como se fosse parentem quando ocorre um acidente, e daquelas que não desiste nem quando a equipe está no fundo do poço. E apesar de ter o sangue italiano e amar a Ferrari, sou do time "Believe in McLaren Honda” e “ Go Manor”. Sou torcedora, fanática, daquelas que não segura a lágrima quando ouve o hino do Brasil, seguido do tema da vitória, mesmo que no pódio de uma simples etapa da Copa SP de Kart no Kartódromo da Granja Viana.

Jornalismo entrou na minha vida aos 29 anos e pude me aprofundar mais ainda no esporte que tanto amo, no prazer do cansaço quase insano de andar para cima e para baixo no pit lane, tentando aquela entrevista ou a melhor foto no melhor ângulo, no curtir do cheiro de óleo 2T impregnado na camisa no fim do dia. No agradecimento de um piloto ao ver seu nome numa matéria e em todas as pessoas que conseguem se sentir parte de tudo aquilo quando lêem meus textos.

Eu sou mulher, sou automobilista, eu sou jornalista.

Obrigada, VAVEL!

Feliz Dia Internacional da Mulher!

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O Dia da Mulher VAVEL contém uma série de especiais que preparamos para homenagear as rainhas deste 8 de Março. As opiniões apresentadas pelas redatoras participantes detém total apoio da Equipe VAVEL. Acesse o site e confira mais histórias como essa. Feliz Dia da Mulher!