Jogadores habilidosos, destaques dos principais clubes do mundo e com larga experiência em competições importantes. A seleção da Croácia conta com uma das melhores gerações da história do futebol do país para surpreender os favoritos e brilhar na Eurocopa. Rival de Espanha, Turquia e República Tcheca no Grupo D do torneio que será disputado entre os dias 10 de junho e 10 de julho na França, os croatas vão precisar passar por um caminho tortuoso para corresponder às expectativas e avançar às fases mais agudas da competição.

A seleção nacional passa por um período de transição no comando técnico. Ante Cacic foi apontado como substituto de Niko Kovac após o seu antecessor ser destituído do cargo por perder para a Noruega em confronto direto por uma das duas vagas no Grupo H das Eliminatórias à Euro em setembro de 2015. Sem grandes trabalhos na carreira, o treinador foi contestado, mas conseguiu classificar o país ao torneio por apenas um ponto de diferença sobre os noruegueses e ainda está invicto.

O desafio de Cacic é fazer o que Kovac não conseguiu: transformar uma geração habilidosa em um conjunto forte e que enfrente de igual para igual as potências do continente. E o treinador de 62 anos conta com matéria-prima da melhor qualidade para isso. A base para o sucesso estará no habilidoso meio-campo. Luka Modric e Ivan Rakitic hoje são destaques de dois gigantes do futebol mundial, Real Madrid e Barcelona, respectivamente. Ambos têm qualidade técnica suficiente para comandar os seus companheiros na França.

Croatas buscam fazer melhor campanha da história e alcançar a fase semifinal pela primeira vez desde que começou a disputar a Euro (Foto: Srdjan Stevanovic/Getty Images)
Croatas buscam fazer melhor campanha da história e alcançar a fase semifinal pela primeira vez desde que começou a disputar a Euro (Foto: Srdjan Stevanovic/Getty Images)

Muito provavelmente a Euro de 2016 será o auge da habilidosa geração croata. O bom goleiro Danijel Subasic vai chegar ao torneio com 31 anos, Modric e Mario Mandzukic, estão com 30 anos, Rakitic e Nikola Kalinic têm 28 anos, enquanto Ivan Perisic completou 27 em fevereiro. A idade dos principais jogadores do país dos Balcãs é considerada o auge em que um atleta vai conseguir alcançar na carreira. Tudo porque alia a boa condição física com a maturidade técnica.

Da lista provisória com 27 nomes divulgada por Cacic, apenas cinco estão com 30 anos ou mais. Destes, o único que pode ser considerado veterano é o capitão Darijo Srna. O lateral-direito completou 34 no primeiro dia do mês de maio e a Euro pode representar a despedida da seleção. Isto significa que a garotada que está chegando tem tudo para manter o nível dos astro do time. Destaque para o meia do Real Madrid, Mateo Kovavic, o ex-companheiro de Internazionale, Marcelo Brozovic, e Alen Halilovic, que pertence ao Barcelona e atuou emprestado ao Sporting Gijón na temporada 2015/16.

O meio-campo é o principal setor da Croácia. O técnico pode se dar ao luxo de escalar apenas atletas com refinado toque de bola, como são os casos de Kovacic, Rakitic e Modric. O comandante também terá uma dor de cabeça boa para definir quem será o centroavante. Maior artilheiro da seleção entre os jogadores em atividade com 21 gols, ao lado de Darijo Srna, Mario Mandzukic é o dono da posição. Contudo, Nikola Kalinic fez bem o salto de trocar uma liga mais fraca, como a ucraniana, ao aceitar trocar o Dnipro pela Fiorentina.

Na disputa direta entre ambos na Serie A, Kalinic levou a melhor sobre a referência do ataque croata e balançou as redes 12 vezes vestindo a camisa da Fiorentina. Ele marcou dois tentos a mais que o atacante da Juventus. Ou seja, quem tem a ganhar com um centroavante reserva do nível do novo homem gol do clube de Florença é a seleção, pois se o dono da posição não funcionar o técnico pode contar com uma importante sombra no banco de reservas.

A grande ausência da lista provisória divulgada pelo técnico foi a do defensor do Liverpool, Dejan Lovren. O atleta de 26 anos teve problemas de relacionamento com o comandante e foi preterido da competição. Cacic criticou o comportamento do atleta ao explicar o porquê de não tê-lo incluído na convocação para a Eurocopa. O experiente lateral Danijel Pranjic, o atacante Ante Rebic e o jovem meio-campista Mario Pasalic foram outras ausências sentidas e tampouco estarão na França.

Ao não contar com Lovren, Ante Cacic demonstra que vai privilegiar o conjunto da equipe croata. Algo que realmente faltou com o ex-treinador Niko Kovac. Mesmo contando com grandes nomes, o agora comandante do Eintracht Frankfurt não soube retirar o melhor dos atletas e a Croácia decepcionou na última Copa do Mundo disputada no Brasil. Na ocasião, fez um bom jogo contra o Brasil na estreia do Mundial na Arena do Corinthians, mas caiu de rendimento e foi eliminada na fase de grupos ao perder para o México em confronto direto.

Nas Eliminatórias para a Euro, a Croácia caiu em uma chave que poderia causar problemas, pois fez companhia para a tradicional Itália, para Noruega e Bulgária que poderiam complicar e Azerbaijão e Malta. A equipe começou bem e conseguiu um empate contra os italianos em pleno San Siro, além de derrotar os búlgaros em Sofia e golear os escandivanos por 5 a 1 em Zagreb. Entretanto, empate sem gols para o Azerbaijão e revés em Oslo para os noruegueses complicaram o time, que despencou para o terceiro lugar.

A saída da Federação foi substituir o técnico Niko Kovac e chamar Cacic. A tentativa deu certo e o treinador estreou com vitória sobre a Bulgária por 3 a 0. Na última rodada o time dependia apenas de suas forças para carimbar o passaporte para o torneio na França e fez valer o favoritismo ao derrotar Malta por 1 a 0 fora de casa. Depois disso foram realizados três amistosos e resultados importantes foram conquistados. Vitórias em cima da Rússia e Israel, ademais de um empate contra a Hungria em março.

Antes de estrear na Euro,  os comandados de Cacic encerram a participação com dois amistosos. Os adversário estão longe de serem considerados razoáveis para testar os jogadores. Na sexta-feira, os croatas recebem a Moldávia em Koprivinica. Para o encontro, a seleção ainda não terá Luka Modric e Mateo Kovacic, que vão defender o Real Madrid na decisão da Liga dos Campeões da Uefa contra o Atlético de Madrid, no dia seguinte. O último duelo será 4 de junho contra San Marino, em Rijeka.

Só então que a delegação embarca para a França antes de estrear no dia 12 de junho contra a Turquia em Saint-Étienne. O adversário foi o responsável por evitar que o país disputasse pela primeira vez na sua história uma semifinal de um campeonato europeu ao eliminar. Após surpreender a Alemanha e terminar em primeiro lugar na chave, a Croácia mediu forças contra os turcos em um dos encontros mais emocionantes da edição de 2008, mas decepcionou e caiu nos pênaltis nas quartas de final de Viena.

A segunda rodada será no dia 17 de junho contra a República Tcheca em Bordeaux. Justamente os tchecos é que servem de exemplo para a equipe nacional dissidente da ex-República Iugoslava. Na década passada, o segundo adversário na Euro chegou a ser apontado como o time mais forte da Europa, mas nunca conseguiu provar dentro de campo a fama que recebeu pela qualidade de seu elenco. Algo que a geração de Modric, Rakitic, Mandzukic, Srna e Perisic tampouco conseguiram até agora.

Bons resultados contra Turquia e República Tcheca são considerados vitais se a Croácia quiser chegar na rodada decisiva brigando pela liderança da chave ou até mesmo para não correr risco de ser eliminada na primeira fase. O último adversário será a atual bicampeã Espanha, no dia 21 de junho, no Parc des Princes, em Paris. O jeito mais fácil de obter sucesso em terras francesas é terminar o Grupo D na primeira posição, caso contrário será complicado conseguir avançar até mesmo nas quartas de final do torneio.

Se for a líder da chave, a equipe vai enfrentar no dia 25 de junho um dos terceiros colocados, que pode ser do Grupo B, E ou F. Eslováquia, Suécia e Islândia talvez poderiam ser os confrontos. Nenhum dos hipotéticos adversários assustaria. Entretanto, ser segundo colocado na fase de grupos já complica muito as coisas para a Croácia. O rival nas oitavas de final será o campeão da Chave E, que contém Bélgica, Itália, Irlanda ou Suécia. O favoritismo é dos belgas, mas um duelo contra os italianos também poderia acontecer.

Caso siga no torneio como um dos terceiros colocados na sua chave, a Croácia também não teria moleza, pois os potenciais adversários seriam a anfitriã França ou a Inglaterra. Adversários com tradição e que vivem os seus melhores momentos nos últimos anos. Para triunfar e surpreender na Euro 2016, é necessário que os comandados do técnico Ante Cacic superam gigantes do futebol mundial. Mas como duvidar de uma equipe que conta com jogadores do nível de Modric, Rakitic, entre tantos outros?