Responda rapidamente, leitor: no início da temporada, quem era sua aposta para ocupar o posto de homem-gol da América em 2016? É provável que sua escolha tenha ficado entre os centroavantes atuando no Brasil e os contratados pelos gigantes do continente para a Libertadores. Pois é. Chegamos à reta final dos torneios do ano e quem abocanhou o topo da artilharia sudaca foi o colombiano Miguel Borja, do Atlético Nacional.

Com o hat-trick anotado sobre o Coritiba pela Sul-Americana na noite de quarta-feira (26), o atacante verdolaga chegou à 36 gols na temporada, um feito marcante para quem, nos primeiros meses do ano, sequer sabia qual camisa iria defender. E o que explica o sucesso e a ascenção meteórica do camisa 23 sobre os gramados do cone sul? É o que vamos buscar agora.

Sete clubes em quatro anos e um início discreto de carreira

A trajetória de Borja começou nas categorias de base do Deportivo Cali, distante mais de 800 km de Tierralta, sua terra natal. Longe de casa, o atacante de 1,83m se destacava pela força e pelo poder de finalização. Sem conseguir decolar naquele ano de 2011, rodou por equipes locais, Argentina e até Itália em um curto intervalo de tempo.

A melhor fase, porém, veio no Cortuluá, em 2012. Com 10 gols em 42 partidas, o jovem centroavante terminou o ano como um bom prospecto e garantiu passagem para a seleção colombiana sub-20 que venceria o Sul-Americano da categoria no ano seguinte. O destaque levou Borja aos gramados da Velha Bota, mas da passagem pelo Livorno, o atacante não guarda boas lembranças. 

Os curtos oito jogos com a camisa grená, sem marcar gols, trouxeram a necessidade de novos ares para sua carreira e eles vieram.

No retorno à América, o sucesso veio a galope

Tendo um bom jogador jovem em mãos, o Livorno decidiu emprestar Borja para o Olimpo, da Argentina, logo no início de 2015. Foi uma passagem curta. Em 16 jogos e anotando três gols, o colombiano arrumou as malas para voltar para casa. Foi cedido ao Independiente Santa Fe, para a disputa da Copa Sul-Americana no segundo semestre. E aí, sua carreira enfim, deslanchou.

49 jogos e 10 gols depois, Borja levantou o caneco da competição continental com o lado vermelho de Bogotá e entrou em alta para 2016. De volta ao Cortuluá, o atacante se transformou numa máquina de fazer gols. Em 22 jogos pelo Apertura colombiano, marcou 19 vezes e levou a artilharia para casa. Às vésperas da semifinal da Libertadores, o Atlético Nacional viu no artilheiro a peça que faltava para o título e Borja correspondeu.

O título da Libertadores: cinco gols em quatro jogos

Até a partida de ida das semifinais da Libertadores, Borja ainda era pouco conhecido fora da Colômbia. Entretanto, essa foi sua arma mortal. Bem credenciado diante de seus companheiros, triturou a defesa do São Paulo no Morumbi, repetindo o desempenho na volta.  Foi o bastante para levantar o segundo troféu continental em dois anos e cair nas graças da exigente torcida verdolaga.

Em outubro, e com um número considerável de jogos por disputar, Borja está cada vez mais cotado para trocar de clube na próxima temporada. Palmeiras e Benfica, segundo os rumores, são os mais interessados no futebol do centraovante, que está avaliado em pouco mais de 7 milhões de reais.

De quebra, ele ainda pode aumentar sua marca pessoal na carreira, e até disputar a Chuteira de Ouro mundial de 2016, estando atualmente na quarta posição da contagem de gols. Um possível recorde só viria para confirmar ainda mais a volta por cima do atacante que penou, viajou, mas, sob a brisa das praias do Caribe, onde ganhou intimidade com as redes,  pôde enfim cravar seu nome entre os vencedores do esporte.