O cenário nos últimos anos não era nada favorável ao Independiente. Rebaixamento em 2013, campanhas médias no Campeonato Argentino, ausência em Taça Libertadores. A relação da equipe com o ídolo Gabriel Milito estava desgastada e a mudança de ares foi inevitável. Ariel Holán assumiria o seu lugar e não teria paz nos primeiros momentos no cargo, já que era contestado por alguns resultados ruins.

Com o passar do tempo, porém, o time foi ganhando a sua cara e o treinador conseguiu potencializar alguns jogadores que antes eram vaiados pelos torcedores, que pediam a saída dos mesmos, tornando-se jogadores que eram aplaudidos. São os casos de Juan Sánchez Miño, conhecido pela torcida do Cruzeiro, Martín Benítez e Emmanuel Gigliotti, o artilheiro da equipe.

A torcida abraçou a equipe (Foto: Demian Alday/LatinContent WO)

Mesmo com a saída de Emiliano Rigoni, até então o principal jogador da equipe, no meio do ano para o Zenit, Holán confiou nos jogadores que lá estavam e contou com uma incrível ascensão de Maximiliano Meza. Além disso, Ezequiel Barco, promessa da base, ganhou destaque e se tornou um dos jogadores mais promissores da América, e Nicolás Tagliafico, defensor de 25 anos, que é considerado um dos melhores do país.

Além deles, todo o sistema defensivo do Rojo é destacável: além do capitão Tagliafico, a equipe conta com Martin Campaña, experiente goleiro uruguaio, Gastón Silva, com passagens recentes pelo futebol europeu, Alan Franco e Fabricio Bustos, dois jogadores vindos da base do clube, que vem sendo observados por Jorge Sampaoli, treinador da Seleção Argentina, podendo figurar em uma futura convocação. Dessa maneira, a defesa é um dos grandes pontos da equipe de Avellaneda.

Franco [2] e Bustos [16] são os jovens destaques do setor defensivo (Foto: Juan Mabromata/AFP)

A equipe joga variando do 4-3-2-1 para o 3-5-2, com Sánchez Miño e Diego Rodríguez ocupando a vaga de volantes. Os três meio-campistas – Ezequiel Barco, Martín Benítez e Maximiliano Meza – se movimentam a todo tempo, sempre trocando posições em busca de criar espaços para avanços de volantes e defensores ou apenas para ficar livre da marcação adversária. Dessa maneira, essa intensa movimentação dos jogadores atrás do atacante Gigliotti possibilita a grande quantidade de passes em profundidade vindo de trás.

Time-base: Campaña; Bustos, Franco, Tagliafico, Gastón Silva; Sánchez Miño, Rodríguez; Meza, Benítez, Barco; Gigliotti. 

Outro ponto é a busca pelo centroavante. Gigliotti vive um grande momento e o intuito de tanta movimentação e passes é para acha-lo com condições de finalizar dentro da área. Uma jogada muito praticada é, ao tentar achar algum companheiro livre pelos lados do campo, o cruzamento rasteiro para o primeiro pau, buscando a entrada do atacante.

“A equipe argentina que eu mais gosto de assistir é a do Independiente. É uma equipe que sabe propor, pensa o jogo sempre no campo adversário e está bem armada. Quando atacam, eles são letais.”, disse Jorge Sampaoli, treinador da Seleção Argentina.

Campanha na Sul-Americana

Justificando a alcunha de “Rey de Copas”, o Independiente faz uma campanha nessa Sul-Americana digna de sua grandeza. Até aqui, a equipe de Avellaneda eliminou, respectivamente, Alianza Lima, Deportes Iquique, Atlético Tucumán, Nacional-PAR e Libertad. Em 10 jogos, a equipe possui sete vitórias, um empate e duas derrotas.

A união é uma das principais qualidades da equipe (Foto: Demian Alday/LatinContent WO)

Outro fato destacável é a força da equipe de Ariel Holán no Estádio Libertadores de América, palco da primeira partida dessa final. Diante da presença de seu torcedor, o Rojo não perdeu nenhum jogo – em 5 partidas, venceu quatro e empatou em 0 a 0 com o Alianza Lima, na primeira fase. Além disso, a equipe não perdeu nenhuma partida de volta na competição.

Rivalidade com Racing

Além do título ser, obviamente, importante por representar uma conquista internacional ao clube, essa final de Sul-Americana tem um valor muito além de Independiente e Flamengo. Nos últimos anos, o Rojo viu o seu maior rival, Racing, viver anos de glória, chegando longe em competições internacionais e vencendo o Campeonato Argentino em 2014.

O Independiente, porém, foi pelo caminho inverso, já que caiu para a segunda divisão em 2013. Sobre glórias, o último título do Rojo foi a Copa Sul-Americana contra o Goiás e o último título argentino foi em 2002. Mais do que apenas a taça da Sul-Americana, essa final coloca à prova a reputação da equipe em Avellaneda frente ao seu maior rival.

Por isso, esse confronto contra o Flamengo representa muito mais que uma final de Copa Sul-Americana. Representa a vontade de milhares de torcedores que buscam manter acessa uma das chamas mais importantes do clube: a rivalidade com o Racing. A hegemonia de Avellaneda está em jogo e Ariel Hólan, Ezequiel Barco e companhia são alguns dos responsáveis para tentar o retorno do Rojo à glória.