Olhe bem para o quadro acima. O que parece ser uma pintura simpática é a nova forma que os cartolas italianos encontraram para tentar minimizar os ataques racistas que atletas negros vem sofrendo nessa edição do Campeonato Italiano 2019/20. Uma espécie de unanimidade realística em que todos somos macacos. Não seria melhor dizer que somos todos iguais e humanos? 

A campanha foi lançada na última segunda-feira, dia 16 de dezembro. As obras foram seriamente criticadas. Consideradas uma piada de mal gosto. Fora da Itália e nas redes sociais. Infelizmente a repercussão não foi tudo isso na terra da Pizza.

O belga Lukakku, da Inter de Milão, Mario Balotelli, que já defendeu a Azzura, o brasileiro Dalbert da Fiorentina, Kessié do MilanKalidou Koulibaly do Napoli, são apenas alguns dos nomes que sofreram ataques. Marco Van Basten foi o último desmiolado que fez uma saudação nazista em entrevista. Sem falar os casos de Taison e Dentinho na Ucrânia.

Os ataques nos fazem pensar numa tese interessante. Até psicológica. Aqueles que atacam são os eternos fracassados que, ironicamente, não conseguiram realizar nada de importante para sociedade. Vão extravasar nos estádios. Os movimentos radicais partem sempre do pressuposto do vitimismo. A sociedade não provêm o que é seu por direito, por isso um direito adquirido é atribuído ao indivíduo. Movimentos Fascistas e Nazistas, que colocam a supremacia da raça como algo relevante, usaram muito esse tipo de argumento no passado.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A luta não acabou. ✊🏿✊🏿✊🏿

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A campanha, assim como o raciocínio acima, é uma grande  piada sem graça. É preciso lembrar que o maior atleta do século 20 foi Pelé, negro. Muhammad Ali, o maior boxeador de todos os tempos, negro. Falar de Michael Jordan é chover no molhado.

A Liga italiana se pronunciou da seguinte forma: "(queremos) ressaltar o compromisso do mundo do futebol contra todas as formas de discriminação e têm como objetivo espalhar os valores da integração, do multiculturalismo e da irmandade". Aos meus olhares, o erro dos dirigentes italianos seria de continuar a segregar os atletas, usando as mesmas palavras que vêm das arquibancadas e assim reforçando o discurso de ódio. O ódio racial deveria ser irrelevante. Sem direito a ser lembrado.

O artista responsável pela obra, Simone Fugazzotto conhecido por suas obras disruptivas justificou assim a iniciativa: "Eu fiquei tão enfurecido que tive uma ideia. Por que não paramos de censurar a palavra 'macaco' no futebol e viramos o conceito de cabeça para baixo e dizemos que no final somos todos macacos? Pois se somos seres humanos, macacos, almas reencarnadas, energia, extraterrestre, quem liga? O importante é afirmarmos um conceito de igualdade e irmandade - concluiu.

Bom, meu caro artista. Devolvo ao senhor uma resposta com uma pergunta: quem "liga" por ser inferiorizado pela cor da pele? não é?!