
O que era para ser um grande jogo, terminou em intolerância. Na última quarta-feira (26), a Internazionale venceu por 1 a 0 o Napoli, pela 18ª rodada do Campeonato Italiano. O que roubou os holofotes no Giuseppe Meazza, foram os cantos racistas provocados pela torcida Nerazzurri para o zagueiro Kalidou Koulibaly.
Toda vez em que o jogador tocava na bola, a arquibancada emitia barulhos de macacos. O sistema de som do estádio chegou a pedir para os interistas pararem e alegando que o time poderia ser punido. De nada adiantou.
No decorrer da partida, Koulibaly foi para o vestiário mais cedo. Aos 80 minutos, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. Posteriormente, Lautaro Martínez balançou as redes para o time da casa.
O defensor usou as redes sociais para comentar o ocorrido. Pediu desculpas por ter desfalcado a equipe napolitana e realçou as suas origens.
"Peço desculpas pela derrota e, sobretudo, por ter deixado meus companheiros na mão. Mas tenho orgulho da cor da minha pele. De ser francês, senegalês, napolitano: homem", desabafou
Com todos os acontecimentos, Carlo Ancelotti havia solicitado ao árbitro Paolo Mazzoleni para que o jogo fosse suspenso por alguns instantes. O treinador comentou que cantos racistas prejudicaram o camisa 26 e que é inaceitável.
"É uma pena, porque duas vezes pedimos a suspensão do jogo para o canto racista de Koulibaly. Isso o abalou. Ele é um jogador de boas maneiras e foi bombardeado pelo estádio. Apesar de nossos pedidos e do canto, o jogo não foi suspenso. Acho que deveria ter sido. Da próxima vez vamos parar de jogar. Era impossível para ele ficar calmo. Ele se preocupa muito com a questão do racismo e compromete-se muito com o assunto, inclusive na sociedade. O que aconteceu hoje é inaceitável, não apenas para nós, mas para o futebol italiano como um todo" afirmou.
O atacante Cristiano Ronaldo, da Juventus, saiu em defesa de Koulibaly. Em sua conta no Instagram, compartilhou uma foto com o zagueiro e mencionou que sempre preza o respeito.
"No mundo e no futebol eu sempre quero educação e respeito. Não ao racismo e a qualquer ofensa e discriminação", frisou.
Punição Internazionale
A Federação de Futebol da Itália comunicou nesta quinta-feira (27) que as duas próximas rodadas da Internazionale em casa será de portões fechados: contra o Sassuolo, no dia 19 de janeiro e Bologna no dia 3 de fevereiro. Além disso, a terceira partida não contará terão a organizada da Curva Norte.
O time da Lombardia utilizou a sua conta oficial do twitter e relatou que desde a sua fundação luta contra discriminação.
"Desde 1908, a Inter representa integração, inovação e progresso. A história de Milão é acolhedora e juntos lutamos para construir um futuro sem discriminação. Aqueles que não entendem esta história não estão conosco".
Dal 9 marzo 1908 Inter vuol dire integrazione, accoglienza e futuro.
— Inter (@Inter) 27 de dezembro de 2018
Assieme alla nostra città lottiamo per un futuro senza discriminazioni.
Chi non comprende la nostra storia, questa storia, non è con noi.#BrothersOfTheWorld #FCIM pic.twitter.com/OhoXdBjqLJ
Suspensão da Serie A
Além dos atos racistas, a violência também tomou conta fora dos gramados. Antes da bola rolar, houve brigas dos torcedores das duas agremiações - sendo que quatro foram esfaqueados e segundo o jornal La Repubblica, um torcedor da Inter acabou morrendo.
O presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC), Gabriele Gravina, revelou que esse tipo de comportamento está prejudicando o torneio nacional, no qual, implica o andamento da competição.
"Com todos os componentes federais, condenamos todas as formas de violência física e verbal, com a agravante de discriminação racial. Nós não toleramos esse comportamento arruinando o campeonato. Temos a maior confiança nas forças policiais, o que eu tenho certeza que garantirá os responsáveis pela violência à justiça o mais rápido possível, da minha parte eu espero máxima severidade na aplicação dos regulamentos federais, porque é claro que o clima que surgiu em último período não permite o bom funcionamento da competição", declarou.
Gravina ainda expôs que quando se reunir com o Conselho Federal da Itália irá pedir mudanças nas regras de suspensão.
"Depois de fazer antecipadamente uma avaliação adequada com o Ministério do Interior e responsável pela ordem pública, é minha intenção de propor para mudar as regras da suspensão de uma corrida para torná-los ainda mais fáceis de aplicar", finalizou.
Nesta quinta-feira (27), o ministro do Interior, Matteo Salvini, anunciou que em 2019 pretende convocar as torcidas organizadas e os time para evitar novas situações.
"Em 2018 você não pode morrer por um jogo de futebol. No começo do ano convocarei os líderes dos torcedores e das empresas Serie A e B do campeonato, para que os estádios e o entorno voltem a ser um local de diversão e não de violência", assegurou.
Nel 2018 non si può morire per una partita di calcio.
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) 27 de dezembro de 2018
A inizio anno convocherò al Viminale i responsabili di tifoserie e società di serie A e B, affinché gli stadi e i dintorni tornino a essere un luogo di divertimento e non di violenza.
