Estádio Jalisco, Guadalajara, México, 1970. Hoje adversários nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, Brasil e Peru já protagonizaram um duelo bastante movimentado em uma Copa do Mundo. Justamente a competição que consagrou a equipe que é considerada por muitos como a melhor da história do futebol.

Depois de superar Tchecoslováquia (4 a 1), Inglaterra (1 a 0) e Romênia (3 a 2) na primeira fase, resultados que lhe renderam a liderança do Grupo 3, a Canarinho se encontrou com o Peru nas quartas de final. Os peruanos, por sua vez, foram vice-líderes do Grupo 4: perderam para a líder Alemanha (3 a 1) e derrotaram Bulgária (3 a 2) e Marrocos (3 a 0).

Dois escretes comandados por brasileiros ficavam frente a frente. De um lado, a seleção verde e amarela do técnico Zagallo, que tinha craques como Carlos Alberto Torres, Jairzinho, Tostão, Rivelino e Pelé, o Rei do Futebol. Do outro, os blanquirrojos eram comandados por Valdir Pereira, o "Didi", campeão mundial com o Brasil em 1958 e 1962. A estrela daquele time era o atacante Teófilo Cubillas, apontado como o maior jogador peruano de todos os tempos. Na época, ele defendia o Alianza Lima.

Não demorou muito para a rede balançar. Aos 11 minutos de jogo, Rivelino acertou um potente chute na entrada da grande área. A bola bateu na trave e entrou no canto esquerdo do goleiro Luis Rubinos. Placar inaugurado.

Logo depois, aos 15, Tostão tabelou com Rivelino na lateral, invadiu a área e mirou o canto direito do arqueiro. A contagem de gols já mostrava 2 a 0.

Parecia que seria fácil. Ledo engano. Com 28 minutos no relógio, Alberto Gallardo recebeu lançamento primoroso pela esquerda, deixou Carlos Alberto Torres na saudade e, quase na linha de fundo, surpreendeu o goleiro Félix. Sinal amarelo para a Amarelinha, esperança renovada para a Bicolor.

Na etapa complementar, Pelé entrou na área e tocou para o meio, visando Tostão. A bola desviou no defensor peruano e encontrou o próprio Tostão, que tocou para o gol vazio. Rubinos havia saído para evitar o passe do Rei, mas acabou sendo traído pelo desvio da pelota. Eram decorridos 13 minutos.

Mais tarde, aos 25, o Peru novamente diminuiu a distância para o Brasil no marcador. Após sucessivas trocas de passes, a defesa canarinho afastou e o craque Cubillas pegou a sobra. Mandou uma bomba, sem chances para Félix.

Era necessário sacramentar a vitória e, consequentemente, a classificação. E o gol que liquidou a fatura saiu dos pés de Jairzinho. O meia foi presenteado com um grande lançamento de Rivelino, saiu em velocidade, driblou o goleiro e, sozinho, empurrou para as redes. O Brasil estava na semifinal da Copa do Mundo de 1970.

O ex-jogador, que também fez história no Botafogo e no Cruzeiro, relembra a partida com enorme saudosismo em entrevista à CBF TV.

Depois do emocionante duelo com os Blanquirrojos, a Seleção Brasileira seguiu firme e forte rumo ao tão sonhado Tri. Venceu outra seleção sul-americana na semifinal: o Uruguai, por 3 a 2, de virada, também no Jalisco. Na decisão, jogada no Estádio Azteca, na Cidade do México, os comandados de Zagallo golearam a Itália por 4 a 1 e ficaram com a Taça Jules Rimet. O México jamais se esqueceu do que viu.