O Grêmio do técnico Roger Machado entra com expectativas melhores em relação a como iniciou o Brasileirão passado. Apesar do insucesso nos mata-matas, o time obteve o vice-campeonato brasileiro em 2016. A crença é de poder repetir o feito, com vaga na Libertadores e, quem sabe, dar um dente a mais para buscar a liderança geral nos pontos corridos.

O Tricolor gaúcho não conquista o Brasileirão desde 1996, quando o treinador atual era lateral-esquerdo da equipe. Após eliminar o Goiás na semifinal, vitória na finalíssima sobre a Portuguesa no estádio Olímpico. Virada a época, os desafios são de ganhar o título por pontos corridos e na nova Arena.

Na temporada anterior, o time entrou no Campeonato Brasileiro desacreditado. Sob comando de Luiz Felipe Scolari (treinador em 96), um primeiro semestre de fraco futebol e um elenco plenamente questionado. Com Roger Machado, o segundo semestre foi de avanços na estrutura da equipe em campo. Conceito de jogo mais moderno fez o Grêmio ganhar espaço no meio de campo, trabalhar com movimentação e entendimento entre os atletas. Considerável parte do elenco foi mantida por Roger.

Defesa questionada

A defesa é um asterisco atual. Com a formação do fim de 2015 com Marcelo Grohe, Galhardo na direita, dupla de zaga com Erazo e Pedro Geromel, além do improvisado volante Marcelo Oliveira na esquerda, o Grêmio disputou com o campeão Corinthians a condição de melhor defesa do Brasileirão.

Em 2016, entretanto, o Grêmio apresenta dificuldades defensivas. A cobrança maior é pela presença dos laterais. Wallace Oliveira, vindo do Chelsea, não agradou ao torcedor. É inseguro na defesa e os apoios ao ataque também têm surtido pouco efeito. O volante Ramiro, que luta contra constantes lesões, tem ganho a posição.

Na esquerda, Marcelo Oliveira é duramente questionado. É um volante que tapou bem a vaga de lateral em 2015, mas há jogos demonstra carência para o setor. Oliveira tem problemas de posicionamento defensivo e deixa espaço em algumas saídas. Compromete em alguns lances. Quanto às laterais, o departamento de futebol nada arrumou para suprir as necessidades. Ainda há tempo.

A dupla de zaga nos últimos anos passa por êxtase e pânico, alterna voos. Rhodolfo e Pedro Geromel foram essenciais em 2014. O 2015 teve a saída do então xerife Rhodolfo, capitão. O equatoriano Erazo assumiu a posição ao lado de Geromel e conquistaram um bom trabalho no Campeonato Brasileiro. Em 2016, Erazo seguiu ao Atlético-MG e a diretoria gremista, após muita negociação, conseguiu Fred, do Goiás.

Ao lado de Pedro Geromel, Fred funcionou em boa parte do Campeonato Gaúcho. Com a ausência de Pedro por caxumba, uma semana de desmoronamento do trabalho. Bressan, contestado, falhou tanto no Gauchão quanto na Libertadores. Longe de arcar com toda culpa. Afinal, os erros não são exclusivos dele. Afinal, o departamento de futebol não reforçou o setor e conta com os reservas imediatos não aprovados em outras temporadas: Bressan e Werley.

O Grêmio vem de boas participações na defesa em Campeonato Brasileiro. Há uma interrogação para esta temporada. Com Geromel, o sistema defensivo se vira muito melhor. Conta com a contenção do primeiro volante Walace, do papel de Maicon e dos outros jogadores mais adiantados, como gosta de frisar o técnico Roger Machado. Sem Geromel, porém, a fragilidade foi escancarada em atuações. É preciso reforçar: as laterais e suplentes na zaga.

A instabilidade dos meias Douglas e Giuliano também preocupa. O ritmo de Douglas ainda é mais conhecido, não se exige muito fisicamente. Giuliano, desde lesão no início de ano, é incógnita. Alterna partidas fantásticas e apagões duradouros, de dois, três jogos de baixo rendimento. O campeonato é longo, como bem sabem. Lincoln é a jovem alternativa que deu certo em várias entradas e fica à disposição. Mais uma peça a ser contratada fecharia bem o setor.

No ataque, muitas opções para Roger Machado encontrar o ideal. Luan tem se destacado nas assistências, é versátil e, com espaço, discorre bem nas armações. Vindo do Emelec, Miller Bolaños se adapta, se recuperou de lesão e volta aos jogos. Pode ser essencial. Éverton transmite velocidade e poder de finalização. Os mais de área são Bobô, que luta pela artilharia da temporada após bom Campeonato Gaúcho, e Henrique Almeida, cotado a brigar por posição também. Pedro Rocha é opção de lado de campo, com Fernandinho emprestado ao Flamengo.

Expectativa no torneio

Foto: Lucas Uebel / Grêmio

A expectativa inicial é do Grêmio lutar pela parte de cima, pelas primeiras posições. A eliminação na semifnal do Gauchão e as complicações na Libertadores liberam calendário: uma desculpa a menos perante o insucesso do primeiro semestre do grupo.

Uma boa largada, em vista de que cada uma das 38 rodadas vale três pontos, é primordial à frente. Ao exemplo do rival Inter, o Colorado largou mal no Brasileiro 2015 por conta do avanço na Libertadores e acabou não conseguindo classificar-se à edição 2016 da Copa.

Sair somando pontos, portanto, fica o objetivo desde o início, com força máxima ao Grêmio. A perseguição às primeiras posições podem ser contra o próprio rival, o Palmeiras (também de eliminações precoces), além de outros bons times, mas focados em Libertadores: Corinthians e Atlético-MG.

O torcedor cansa da repetição de classificações e eliminações na Libertadores, mas não há como fugir desse objetivo. Visar o topo, o título, não está descartado. Contratações pontuais nos setores citados e foco na competição a cada rodada. Em 2015, derrotas para equipes inferiores irritaram à torcida. Para almejar a conquista nos pontos corridos, é preciso, essencialmente, reduzir a margem de erros e de pontos perdidos.