Criado como um torneio, à princípio, amistoso, o Torneio de Paris, com sua primeira edição tendo acontecido em 1957, foi um marco no futebol internacional. Importante até hoje, a competição, que foi considerada por muitos como a primeira final entre os melhores clubes da Europa e América do Sul, teve o Vasco da Gama como representante brasileiro.

A equipe carioca foi convidada a participar do torneio por ter garantido, com o título do Campeonato Estadual, vaga à uma excursão aos Estados Unidos e Europa. Na época, jornais franceses davam o Vasco como Campeão do Brasil, fato equivocado, contudo responsável para criar expectativas acerca da participação do time naquele certame.

Após bater o Racing Club Paris na primeira fase, o Vasco da Gama de Vavá e companhia, se classificou para a final do Campeonato. Do outro lado, o Bicampeão da Copa dos Campeões da UEFA, o Real Madrid de Di Stefano, temido por todos na Europa, já era dado como campeão. Mas após abrir o placar, com o craque argentino, que mais tarde se naturalizaria espanhol, o Real Madrid viu um Vasco avassalador. A equipe brasileira jogava de forma leve, como nunca haviam visto, e Vavá, o “Peito de Aço”, iniciou a virada vascaína. Foi dele o segundo gol da partida, após o empate ter sido marcado com uma bomba de Válter. Livinho e Válter, novamente, completariam o placar para os vascaínos. Para o Real, Kopa e Mateos completaram o marcador. O triunfo diante dos espanhóis garantiu o título invicto do primeiro Torneio de Paris, ao Vasco da Gama

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Ao término da partida, os franceses presentes no estádio ficaram admirados com o futebol da equipe carioca. Aos gritos de “Vascô, Vascô”, Vavá, o nome da partida do lado Cruz-Maltino, e todo aquele elenco, recebiam as reverências de europeus que ainda desconheciam a força do Brasil no cenário futebolístico internacional.

No dia seguinte da partida, Jacques Ferran, redator do jornal francês L’Équipe, usou as seguintes palavras para explicar o triunfo vascaíno por 4 a 3, sobre o poderosíssimo Real Madrid.

“E então, bruscamente o Real desapareceu literalmente. Seriam as camisas de um vermelho pálido ou os calções de um azul triste que enfraqueciam a soberba equipe espanhola? Não; é que, antes, apareceram subitamente do outro lado os corpos maravilhosos, apertados nas camisas brancas com a faixa preta, de onze atletas de futebol, de onze diabos negros que tomaram conta da bola e não a largaram mais. Durante a meia hora seguinte a impressão incrível, prodigiosa, que se teve é que o grande Real Madrid campeão da Europa, o intocável Real vencedor de todas as constelações europeias estava aprendendo a jogar futebol".

Vavá garantia ali, sua vaga para a seleção brasileira, que viria a vencer as Copas do Mundo de 1958, na Suécia; e 1962, no Chile, com belas atuações do atacante. Na Suécia, Vavá substituiu Mazzola, e devido a seu vigor físico e oportunismo, foi apelidado de “Leão da Copa”. No Chile, como titular, o centroavante foi um dos artilheiros da competição, com cinco gols.

Edvaldo Idízio Neto faleceu em 2002, após um infarto agudo do miocárdio. O ex-atleta jamais realizou o sonho criado durante a carreira, de treinar a equipe do Vasco. Após sua morte, o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, declarou que: “A morte de Vavá deixa uma enorme lacuna no futebol brasileiro. Artilheiro imbatível, foi exemplo de futebol, garra, paixão e emoção”

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