Agora como técnico do São Paulo, Rogério Ceni tem novos desafios pela frente, e arrumar uma equipe competitiva para a temporada não é a sua principal função. Para isso, enquanto esteve pela Europa estudando, conheceu Michael Beale e Charles Hembert, que por fim, aceitaram fazer parte da nova era do ex-goleiro no São Paulo. 

Ainda se adaptando ao Brasil e consequentemente ao idioma brasileiro, os novos auxiliares do comandante foram apresentados em coletiva para a imprensa nesta quinta-feira (5), no CT da Barra Funda. Além dos gringos, Pintado permanecerá na comissão técnica, como antes anunciado pelo novo treinador. Respondendo às perguntas dos jornalistas, Rogério Ceni foi enfático: muito do trabalho desenvolvido dependerá do interesse de cada jogador. 

“Eu me espelho em muita gente que trabalhei, tive um aprendizado e não me espelho num determinado time atual. Tenho um sistema na minha cabeça, com o Michael, Charles e Pintado, e debatemos as melhores opções. Preciso ver as peças que tenho para encaixar com o adversário, o campo que vou jogar, uma série de circunstâncias. Não vou abrir meu sistema preferido, mas vamos nos adaptar. Para a bola chegar ao fundo da rede muita coisa tem que acontecer antes. Tentamos fazer trabalhos setorizados, dividindo o grupo especialmente no começo. O interesse do atleta de aprender no treinamento vai ser de igual valor para que ele se interesse pelo jogo”, declarou o técnico. 

Se esforçando para tornar a linguagem mais clara possível, Michael diz estar feliz pelo desafio, onde acredita que o Brasil possui os melhores jogadores do mundo, tornando o trabalho ainda mais especial, e que não vê problema em fazer parte de uma equipe com atletas de idioma diferente.

 “Estou muito feliz, aqui, pela oportunidade e pelo momento de um treinador inglês trabalhar no Brasil. É uma grande oportunidade, porque os melhores jogadores do mundo são brasileiros, sul-americanos, e essa é a razão pela qual estou aqui. O São Paulo é um grande clube, muito respeitado. Eu estudo português há um mês todos os dias. Futebol é futebol. No Liverpool e no Chelsea, treinei muitos estrangeiros: brasileiros, argentinos, italianos, não tem problema. O Charles também me ajuda, e o Rogério fala inglês muito bem”, explicou o inglês. 

Charles Hembert também fez questão de ressaltar a oportunidade de trabalhar no clube, agradecendo pela boa recepção e confiança de Rogério Ceni para fazer parte da comissão. “Gostaria de agradecer ao São Paulo pela oportunidade, pela maneira excepcional como fomos recebidos pela comissão técnica, jogadores e funcionários. E obviamente pelo Rogério, a quem agradeço por confiar no meu trabalho. E sem esquecer o presidente e a diretoria. Vamos tentar manter muito do que tem aqui, mas com uma nova visão, inovadora, com novas ideias para poder ajudar o Rogério da melhor maneira possível”, agradeceu Hembert. 

Voltando às atenções para a temporada, Rogério Ceni deu uma "prévia" de suas intenções para a equipe, onde espera consolidar-se desde o início do ano. “Não vim aqui como goleiro, vim dirigir bem a equipe e espero conseguir bem desde o começo, apesar da sequência difícil, com os finalistas do Paulistão, Santos e Audax, e a Ponte Preta que ficou na nossa frente no Brasileiro. Cobranças vêm para qualquer treinador, espero o incentivo de todos e a análise do jogo como um todo. Espero começar vencendo. Vamos tentar evitar as derrotas. O treinador é brasileiro, o Charles fala muito bem português, o Michael está aprendendo e veio trazer seu conhecimento. Espero que os resultados venham, se as derrotas vierem é natural que cobrem, tentem encontrar motivos. Por isso estamos tentando preparar uma equipe forte, competitiva”, disse o treinador, que emendou. 

“Trabalho sempre pelo próximo jogo, é sempre o mais importante para mim. O Torneio da Flórida não deixa de ser uma competição. Nem fisicamente acredito que estaremos prontos, mas vamos em busca da vitória, e no dia 5 de fevereiro iniciamos em busca dos três pontos, mesmo contra o Audax, fora de casa. Não vou traçar objetivos distantes, vamos viver em função da vitória no próximo jogo. Meu modo de trabalhar, ver o jogo, ver a vida, que é o mais importante. Acima da qualidade técnica, os valores e o caráter de cada jogador são muito importantes. Atleta é importante, mas as pessoas por trás de cada jogador vale muito na formação de um elenco. Espero o máximo profissionalismo e dedicação deles”, completou.