Todos têm goleiros, só nós temos Rogério: a identificação de Ceni com a torcida são-paulina

Para muitos o maior ídolo da história do São Paulo, Rogério Ceni teve recordes e títulos como aliados para conquistar a nação tricolor

Todos têm goleiros, só nós temos Rogério: a identificação de Ceni com a torcida são-paulina
Maior símbolo atual do São Paulo Futebol Clube, Rogério também é um dos mais vitoriosos da história do clube (Foto: JF Diorio/Estadão)
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Por Tito Fonseca

O ditado popular já diz: todo grande time começa com um grande goleiro. Em 1997, Rogério Ceni, na época com 24 anos, assumiu a posição de titular, tendo a missão de substituir o grande goleiro Zetti, que havia se transferido para o Santos, e com o clube sofrendo uma entressafra após a era vitoriosa vivida entre 1990 e 1993. Toda a desconfiança compreensível nessa situação.

Anos se passaram, e em sete anos de titularidade, foram apenas três estaduais e um Torneio Rio-São Paulo conquistados. A pressão por títulos de expressão começava a aumentar, natural em um clube do tamanho do São Paulo, e Rogério chegou a ser vaiado no Pacaembu, contra o Palmeiras, em 2004. Em 2005, porém, um M1TO começaria a se construir no Morumbi.

No início de 2005, sob o comando de Émerson Leão e com um time-base já montado por Cuca no ano anterior, o Tricolor venceu o Paulistão de maneira invicta. Ao mesmo tempo, ia bem na Taça Libertadores, se classificando às oitavas de final também sem derrotas na primeira fase. Leão recebeu proposta de um time japonês e partiu. Para o seu lugar, Paulo Autuori, campeão continental pelo Cruzeiro em 1997, foi contratado para manter a equipe nos trilhos. E nada poderia ter dado mais certo. Com Rogério como artilheiro do time na competição empatado com o atacante Luizão, o São Paulo conquistou a América. No Mundial de Clubes, Ceni se tornou o único goleiro a marcar em uma competição da FIFA, contra o Al-Ittihad. Contra o Liverpool, se firmou para sempre na história são-paulina. Com inúmeras defesas espetaculares de Rogério, para muitos na melhor atuação de sua vida, e o gol do volante Mineiro, o São Paulo conquistou o mundo pela terceira vez. 

A partir daí, Rogério só fez crescer sua idolatria com o são-paulino. Recorde mundial de gols marcados por um goleiro, tricampeonato brasileiro consecutivo entre 2006 e 2008, maior número de jogos por um mesmo clube, 100º gol num clássico quebrando um tabu de 13 jogos sem vencer contra o maior rival, diversas premiações nacionais e internacionais, só para citar alguns pontos favoráveis a Ceni.

A torcida do São Paulo o idolatra mais do que já fez com qualquer um, e tem motivo para tal. Rogério Ceni não é qualquer um. Rogério Ceni é odiado por muita gente, e amado por mais gente ainda. Desperta na maioria dos rivais o sentimento mais profundo de amargura, enquanto em seus torcedores faz brotar orgulho indescritível. Rogério Ceni é simples e somente ele mesmo. Mas é um mito - ou M1TO - inimitável, para uns inesquecível, para outros intragável. E é justamente por Ceni ser distinto dos outros em todos os sentidos, que os torcedores tricolores gritam incessantemente o fato de todos terem goleiro, e só o São Paulo ter Rogério.