“É a torcida que levanta um jogador, ou o jogador que levanta a torcida? Eu levantava a torcida. Com os meus dribles e com as minhas molequices”, foi com essa frase que Luizinho, o “Pequeno Polegar” expressou em palavras a forma em que atuava pelo Corinthians. E na marca dos 12 minutos do segundo tempo em Itaquera, um lance do paraguaio Romero remeteu os mais antigos corinthianos ao lendário ídolo do Timão -, arrancando aplausos em pé dos mais 42 mil torcedores presentes.

Dadas as suas devidas proporções, Luizinho e Romero ainda tem uma grande distância entre um e outro quando o assunto é idolatria no Corinthians. O primeiro nasceu, cresceu e morreu na zona leste de São Paulo, e foi o símbolo da irreverência em campo, com dribles curtos e jogadas de efeito. O segundo, um paraguaio, esforçado, multifuncional e muitas vezes contestado por grande parte da imprensa. 

Em agosto de 1952, o Corinthians goleou o Palmeiras por 5 a 1, conquistando a Taça Cidade de São Paulo. Sem registros em vídeos, ou imagens, reza a lenda que Luizinho aplicou uma série de dribles em Luís Villa, marcador do time palmeirense. O malabarismo do corinthiano fez o centromédio perder o rebolado, ficando completamente desnorteado e caído no chão. Genialmente o "Pequeno Polegar" sentou-se em cima da bola esperando o adversário levantar. A torcida explodiu em delírio, assim como no último Majestoso, quando Romero debruçou-se fingindo que ia pegar a bola com as mãos na frente do “xerifão” Maicon, antes de driblar e aliviar a jogada para o companheiro de time.

É claro, que Romero não é Luizinho. Mas a simbologia da jogada lembra sim, e muito o deboche sadio do Pequeno Polegar. À época, o ídolo corinthiano, cansado de ouvir que enfim seria parado com a chegada do argentino Villa, aplicou o lance mostrando que nada naquele momento poderia pará-lo. Já o paraguaio, mostrou que também sabe dominar a bola, diferente do que foi mostrado em um programa esportivo. Não só dominou com perfeição, mas também fez questão de abaixar-se e mostrar que o apresentador deveria ter jogado a bola com os pés, e não com as mãos.

Além de chamar a responsabilidade para si no último clássico, Romero saiu do estádio aplaudido de pé e sem falar com a imprensa em sinal de protesto. Se o paraguaio entende que a imprensa não o respeita, também reconhece que goza de prestígio da torcida corinthiana. E esse lance sim - diferente da lenda de Luizinho - teve o registro em imagens e foi testemunhado "in loco" por mais de 42 mil espectadores.

 

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Sobre o autor
Renê Saba
Estudante de Jornalismo do 5ª semestre da faculdade FIAM/FAAM. Leitura, paternidade, rock and roll, Florianópolis, cerveja, um bom vinho e comida árabe.